Cláudia Santos e Jaqueliny Velozo


UMA INTRODUÇÃO DA EXPANSÃO DO IMPERIALISMO
Claudia Vanessa Brioso Santos
Jaqueliny da Silva Velozo

Introdução
O presente texto busca refletir e compreender uma sociedade marcada pela expansão territorial, com o fortalecimento do capitalismo provocado pela ascensão das Indústrias a partir da segunda metade do século XIX e início do século XX. Países europeus, o Japão e Estados Unidos com sua forte influência política e econômica repartiram com interesses próprios territórios da África, Ásia, Oceania e América Latina, ocasionando nesses continentes drásticas transformações em suas organizações sociais internas, para satisfazer a economia europeia e estadunidense com suas matérias primas e mão de obra barata.
Autores como Eric Hobsbawm, Hector Bruit, Edward Said e Roger Marcelo Gomes abordam o tema com clareza e objetividade de um período Imperial que ao longo do tempo deixaram suas marcas negativas em diferentes sociedades até os dias atuais, de como países que sofreram intervenções por partes dos europeus foram caracterizados para justificar a “conquista” e de que maneira são representados diante das mídias, nos mostrando como foi construída a imagem que temos dos países considerados não civilizados a partir do olhar europeu.

A expansão do Imperialismo
Um período de Revolução Industrial definia os caminhos de países Europeus intitulados desenvolvidos politicamente, caracterizados por sua forte emancipação econômica, ocasionou esses países a traçar metas para domínios de expansão territoriais e econômicos sobre os países considerados “atrasados”, por não fazerem parte dos domínios capitalistas que surgiam no século XIX, para subsidiar matéria-prima aos mercados externos e internos que emergiam com força.
Diante disso Hobsbawm determina esse período de 1874 a 1914 como força dominadora de “Era dos Impérios”, pois, como o próprio autor argumenta nunca “em outro período da história houve tantos governantes se auto intitulavam imperadores” (HOBSBAWM, 2011).  O autor cita Áustria, Alemanha, Grã-Bretanha, Turquia entre outros, que reivindicavam esse título usando suas influências políticas e econômicas para nações vistas como subdesenvolvidas, devido o seu aporte industrial desenvolvido era necessário a matéria-prima.
Nessa divisão de territórios entre países europeus os continentes mais prejudicados foram Ásia e África, não sobrando nenhum Estado independente no Pacífico, sendo distribuída entre britânicos, franceses, alemães, holandeses, norte-americanos e japoneses, com uma exceção a Etiópia no continente Africano que conseguiu resistir ao país fraco (Itália) dos estados imperiais, e Marrocos e a Libéria foram consideradas insignificantes por não oferecer recursos naturais que os europeus exigiam. A África com maior escala em exploração pertencia aos impérios britânico, francês, alemão e belga.
A dinâmica desse Imperialismo no século XIX para Hobsbawm (2011) é o nascimento de uma economia global que floresce e atinge os pontos do mundo em trocas econômicas e comunicações, movimentando bens, capital e unindo pessoas entre si e, entre países desenvolvidos ao não desenvolvido. Desta forma como destaca o autor, a exploração e expansão dos continentes foram essenciais para a ampliação do capitalismo, pois, os setores econômicos dependiam desse processo para se conservar forte. Essa partição do mundo entre um número pequeno de Estados gerou a expressão como já foi mencionada em fortes e fracos, “avançados” e “atrasados” para descrever países sem uma “civilização” e vivendo em barbárie.
Hobsbawm (2011) determina que o recorte temporal discutido (1874-1914) na mentalidade da época não era visto como momento imperial, e as discussões como o marxismo ajudam a denunciar esse período dito imperial, sendo entendido como um conjunto de ideias desenvolvidas a partir das obras de Karl Marx e Friedrich Engels, que causaram grande impacto no mundo, uma teoria sobre a evolução da sociedade que pretendia explicar com bases científicas o capitalismo.
A partir dessas leituras sobre marxismo, Lênin (1916) se apropriou e foi o primeiro marxista a interpretar que o imperialismo traria consequências dos domínios dos monopólios em territórios repartidos, denunciando os monopolistas que iriam dividir as classes trabalhadoras, mas como aponta Hobsbawm (2011) ninguém pode negar que repartição do mundo estava voltada para interesses econômicos.
O homem europeu a frente desse grande projeto de dominação usava artimanhas de “conquista” para que seus lucros pudessem se elevar cada vez mais, com as explorações de recurso naturais dada por essas colônias para abastecer as indústrias, tanto que era necessário partir para o lado político, emocional, ideológicos e patrióticos como é abordada na obra “Era dos Impérios” (2011).
A Cada investimento econômico dos países europeus, iam se abrindo fronteiras e criando cidades e povoamentos por homens e mulheres, entrando em conflito populações, nativos, consideradas um “atraso” para a “civilização”.
Diante deste cenário de expansão da Industrialização, de novas potências industriais (Alemanha, Itália, França, Bélgica, Holanda, EUA e Japão), a Europa busca por mercados consumidores que fornecessem matéria-prima, mão de obra barata e áreas para investimentos de capitais. Héctor Bruit definiu o Imperialismo “a esse conjunto de processos denominou-se imperialismo comercial, uma vez que foi o comércio de matéria-prima, alimentos e bens manufaturados estimularam países industrializados a penetrar e dominar vastas regiões do mundo” ( BRUIT, 1994, p. 05). Bruit, contribui para uma compreensão e análise desse período em questão, nos fornecendo um olhar sobre o imperialismo com uma linguagem esclarecedora e instigante.
O Imperialismo na África, por exemplo, pela Grã-Bretanha ocorreu com a compra do canal Suez, pela sua importância estratégica que ligava o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, facilitando a navegação entre o comercio da África, Ásia, e a Europa, assegurando seus domínios e afastando a presença da França, com isso os ingleses em 1883 com um protetorado no Egito, consolidou sua maior participação colonial na África. Não foi uma conquista pacífica, houve resistência dos povos africanos em resposta a esses domínios resultando em revoltas, foram derrotados pelos conquistadores, mas de certa forma era uma expressão de que os mesmos não eram totalmente passivos. Os franceses nesse cenário ficaram decididos que ficaria com as zonas de influências, dando direito de ocupar o litoral e o interior da África.
Na Ásia, em lugares como Índia e China, regiões de estratégias e de grandes interesses para as potencias imperialistas, pelo fato de que suas populações eram mercados consumidores e por uma enorme extensão territorial, que podiam ser investidos capitais nas indústrias e nos transportes, já que o governo era centralizador, foram impostos vários obstáculos à invasão estrangeira. Apesar de não exercerem domínios políticos sobre a China, a Companhia das Índias Orientais Britânicas comercializavam em território chinês, principalmente o ópio, já que chineses consumiam regularmente representando um grave problema para as autoridades, pois, os vícios destruíam famílias, camponeses deixaram de cultivar alimentos para cultivar papoulas representando um problema financeiro para a China, no qual, pagavam com a mercadoria em moedas de prata, o que levou a fuga do metal precioso na Grã-Bretanha.
Para assegurar os negócios na China, a Grã-Bretanha, iniciou a primeira guerra do ópio (1839-1842), os ingleses bombardearam cidades na costa e destruíram navios chineses, a China por sua vez perdeu e foi obrigada a assinar o tratado de Nanquim, estabelecendo a abertura de cinco portos chineses ao comercio com a Grã-Bretanha transferindo Hong Kong aos domínios britânicos, facilitando a invasão de franceses, norte americanos, alemães e japoneses que ainda obtiveram direitos de comércios. Com isso, a população camponesa da China empobreceu muito ascendendo uma violência e marginalização das populações.
Com todas essas imposições capitalistas por parte dos europeus fica claro que o único interesse é o acumulo de capitais, e abastecimento de suas indústrias que estavam ganhando espaços e modificando as relações pessoais de comunidades que viviam em suas lógicas e organizações de trabalho interno, sendo transformadas em uma nova escravidão capitalista. Os Estados Unidos, por exemplo, entra em cena com um capitalismo financeiro e comercial sobre a América latina, já que não foram sujeitas a um esquartejamento como a Ásia e África, ou seja, as potências tinham o direito de investir financeiramente, e não toma-las como colônias, pois, a doutrina de Monroe determinada pelos James Monroe seu presidente da época, determinava que a América fosse para os americanos, em seu discurso já se dominava um imperialismo, percebia os interesses dos EUA, por Cuba pela sua localização e comercio açucareiro, então os norte americanos entravam em cena com empréstimos para colônias que se tornavam “independentes”, para modernizar suas produções e caso não cumprisse com pagamentos as posses ficariam com o EUA no lugar da divida, isso deixa claro como os investimentos facilitados fariam com que se sujeitassem a domínios americanos, sendo estratégias financeiras impostas pela potência emergente.
Todos esses fatores deixaram consequências para os países subjugados, no qual, destruiu sociedades firmadas há séculos, onde os investimentos capitalistas dominaram e o lado humano sendo esquecido, como afirma Bruit (1994) “desprezo social”, vem devastando territórios com suas políticas e investimentos não se importando com tradições milenares de famílias, culturas e organizações sociais de um povo que não se representavam com essa nova lógica de dominação, com as resistências e disputas de países por determinadas áreas ricas em matéria-prima, ocorreram guerras e insurreições, a “conquista” da Índia, por exemplo, houve anos de guerras, China com suas insurreições abalaram o país, com sua violência para reprimir e intimidar, mortes, fomes e dizimação de aldeias em nome de um progresso que regrediram o lado humano.
A África, com seus sistemas de agriculturas autossustentadas, foi desarticulada, para satisfazer um mercado de trocas comerciais, transformadas em produções capitalistas, surgindo os grandes proprietários de terras e todos os lucros retirados eram investidos em bem estar de europeus e acessibilidade de entrada a grandes empresas provocando desigualdades sociais pela má distribuição de lucros, e esquecendo o local provocando fomes, doenças, analfabetismos e mão de obra escrava em projetos grandes pela demanda de consumismo e mercado.
Antigas tradições foram banidas por estar sempre em mudanças, acompanhado a lógica do capitalismo, a ideia de modernidade surgida traz consigo avanços tecnológicos e problemas sociais onde os homens são finalmente forçados a enfrentar com sentidos mais sóbrios suas reais condições de vida e sua relação com outros homens.
Para Bruit o imperialismo “aglutinou todos esses elementos econômicos, políticos, racistas, porém, em todos os casos, o que estava por trás era a expansão em nível mundial das relações capitalistas de produção” (BRUIT, 1994, p.14), atribuindo com um Imperialismo historicamente e não politicamente. O autor descreve a época do Imperialismo de acordo com o contexto histórico a partir de determinadas ideologias, considerando um período clássico. Bruit (1994) defini por cinquenta ou sessenta anos entre o fim do século XIX e início do século XX, no qual, ocorre à partilha física do mundo, enfatizando que o fenômeno do Imperialismo não acaba neste período, entretanto de forma diferente, pois, a sua centralização está voltada na estruturação de um sistema econômico mundial.
O que percebemos é um plano totalmente voltado a interesses econômicos na opinião de Eric Hobsbawm (2011) e Hector Bruit (1994), gerando uma euforia entre países europeus sem levar em consideração a cultura, costumes, política, ordem social e economia interna dos países explorados, portanto, o lucro das suas riquezas era investido nos países imperiais em infraestruturas, dinamicidade das indústrias e bem estar das elites que estiveram investindo seus capitais apostando em lucros excedentes.
Análises foram se aprofundando quando estudiosos se interessaram pelo tema, onde o termo é criado recentemente, mas denominado para a compreensão de um século e suas transformações. E cada autor que estudou sobre o Imperialismo traz conceitos e olhares diferentes sobre o assunto abordado. O autor Edward Said (1993) faz uma análise no uso dos conceitos: “Império, geografia e cultural” para explicar como se deu o imperialismo nas perspectivas de cada uma. Análise essa, na qual, o autor se deteve em um minucioso cuidado em descrever esses três momentos para pontuar as características do imperialismo.
No plano Império Said (1993) expõe como um historiador escreve um passado já passado com resquício do presente, ou seja, é impossível uma escrita neutra, sem que haja influências de sua bagagem cultural ou social.
“O problema epistemológico da Objetividade cientifica coloca, quer queira ou não, a questão da neutralidade dos cientistas relativamente a todo e qualquer tipo de valorização e de engajamento pessoais” (SAID, 1993). É  difícil se manter neutro, sem que haja juízos de valores respingados em seu campo do saber cientifico, mesmo que eles façam isso inconscientemente.
Para Said (1993) o termo Imperialismo é tão complexo, que para quem escreve a prevalência de defesa de sua ideia sobressai ao modo que lhe cabe. Said faz críticas a autores, no qual, ainda se trabalha muito com o tema imperialismo, reafirmando a mesma ideia imperial e nos chama a atenção que nenhum autor se atenta para o fato que gera dúvidas, como, será se ainda prevalece ou não o imperialismo nos dias atuais? Fato que sim, as consequências deixadas pelo imperialismo não foi somente na prática e sim na abordagem intelectual dos letrados da época, pelas suas escritas e representações no geral que o europeu produziu acerca do oriente, para justificar suas “conquistas” que são abordadas até os dias atuais.
Said em sua obra o “Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente” (2007) traz concepções importantes de como os países europeus através dos discursos se prevaleceram de culturas diferentes provocando uma relação de poder e de dominação entre Ocidente e Oriente. Países europeus através de um orientalismo construído por intelectuais, com estudos projetaram uma imagem de um Oriente passivo, sem civilização, sem cultura, e diante disso os imperialistas se justificaram para levar a civilização e progresso e tira-los de uma barbárie a qual estavam vivendo.
 A análise de discursos políticos deu a impressão que o orientalismo foi produto do colonialismo do século XIX, mas isso se deu muito antes do colonialismo europeu, os ocidentais já haviam criado e se apropriado ideologicamente do Oriente e Said (2007) reconhece que durante a expansão europeia houve um crescimento imenso das instituições e do conteúdo orientalistas que refletiu em obras de artistas pintores, produções fílmicas e como as relações entre o Ocidente e o Oriente foram lentamente moldadas de maneira a permitir uma verdadeira colonização cultural e territorial do Oriente Médio. Para Said (2007) a versão do mito criado no século XX tem sido mantida com maior dano.
Produziu uma imagem do árabe visto por uma sociedade “adiantada” quase Ocidental. Na sua resistência imperialista estrangeira, os palestinos eram vistos como selvagem e estúpido. A cada episódio dramático do conflito entre israelenses e palestinos a inferioridade moral dos últimos tem sido reforçada pela imprensa e os homens bomba são sempre descritos como terroristas resultando em ideias racistas e repúdio dos orientais.
Roger Marcelo Martins Gomes (2011) determina o período do Imperialismo a partir da metade do século XIX e início do século XX. O orientalismo segundo Gomes “é um termo utilizado para definir teoricamente a produção histórica e cultural de todas as sociedades que não se encontram no contexto da cultura europeia” (GOMES, 2011). Gomes enfatiza que este termo só foi popularizado no século XVIII, porém, foi no início do século XIX que o orientalismo se institucionalizou e serviu como instrumento para legitimar a dominação europeia onde se fundamentou no discurso da “Missão Civilizadora” e redenção dos povos primitivos, os debates historiográficos acerca do Imperialismo, colonialismo e capitalismo, enfatizando a segunda Revolução Industrial, são mostrados como contexto para a compreensão do processo de dominação do século XIX.
Referências
Claudia Vanessa Brioso Santos é mestranda em História pelo Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará e graduada em História pelo Instituto de Estudos do Trópico Úmido - UNIFESSPA. E-mail: claudiavanessa.historia@gmail.com
Jaqueliny da Silva Velozo é graduada em História pela Universidade Federal do Sul e  Sudeste do Pará. E-mail: velozo.jak@gmail.com
BRUIT, Hector. O Imperialismo – 12. Ed. Ver. Atual. – São Paulo: Atual, 1994.
GOMES, Roger Marcelo Martins. O Imperialismo do século XIX no Ensino Médio: a Índia sob olhar Orientalista e eurocêntrico. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, Julho 2011.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Impérios. São Paulo: Paz e Terra, 2011.
SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. Tradução Rosaura Eichenberg. – 1a ed. – São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
SAID, Edward W. Império, geografia e cultura. Cultura e Imperialismo. Editora Schwarcz ltda, 1993.

27 comentários:

  1. Esse texto remete muito bem o filme Avatar, ao qual retrata de uma forma interessante ligado principalmente o darwinismo social que foi utilizado na era dos impérios. No filme, os humanos vão explorar o planeta Pandora, aonde há uma pedra muito valiosa, que se torna o objetivo dessa exploração. O problema são os nativos da região, seres hostis e fortes. Os humanos são representados pelos cientistas e pelos militares: os militares querem invadir o planeta à força, através da guerra armada com os nativos, e os cientistas querem se aproximar destes seres, ganhar sua confiança para fazer com que eles se mudem pacificamente. Ambas são formas de dominação do território, aonde os humanos se consideram seres superiores providos de maior inteligência e por isso tem o direito de pegar os recursos do planeta para eles. São duas formas de dominação utilizadas no filme que foram muito utilizadas na dominação da África e da Ásia por parte dos europeus, que se consideravam superiores e que tinham o dever de levar a civilização aos povos considerados inferiores e ''selvagens'‘, com o interesse apenas em melhorar a própria economia, extraindo recursos naturais e garantindo mercado consumidor. O Imperialismo por ser persistente até hoje ainda manteve nas mesmas concepção cientifica como eram vista no passado? E existem outras teorias ou doutrinas contemporânea que reforça o imperialismo atualmente ?
    João Vitor Dias Oliveira

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    1. Boa noite João Vitor Dias Oliveira, obrigada pelas suas contribuições. Uma das justificativas que os europeus utilizaram-se ao penetrar o imperialismo foi a utilização de ideologias e teorias raciais, como a do Darwinismo Social que você pontuou acima, e essas teorias são provenientes do século XIX. Outras teorias atualmente devem ser entendidas no contexto da globalização, e não a partir das experiências imperialistas voltadas ao século XIX abordado no texto em questão, sugiro a leitura de Eric Hobsbawm (1995) "Era dos Extremos" para melhor compreender as relações de poder do século XX, pois, o imperialismo clássico trabalhado por Hobsbawm (2011) em "Era dos Impérios" remete-se aos anos 1870-1914, este período é considerado para o autor o ápice da corrida imperialista. Outra leitura que sugiro é de Pablo González Casanova (2005) "O Imperialismo, hoje", é um artigo que aborda uma discussão sobre as redefinições ou restruturações do imperialismo como um novo processo conhecido como "globalização". O autor aborda o final do século XX, enfatizando uma nova forma de expansão das grandes potências, sobretudo dos Estados Unidos. Casanova ressalta neste artigo que a nova política globalizadora utilizou-se do uso da força, do autoritarismo para conquista de territórios, empresas e riquezas, abrindo um diálogo para as questões da política global.

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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  2. Jaqueliny da Silva Velozo e Claudia Vanessa Brioso o que motivaram vocês a falar sobre o tema proposto?

    Gleicia de Oliveira Mota

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Boa noite Gleicia de Oliveira Mota, obrigada por sua pergunta. Este texto é fruto de um trabalho que desenvolvemos dentro da graduação em História na disciplina "História das Revoluções e do Imperialismo", ministrada pelo professor doutorando Roberg Januário dos Santos. A disciplina objetivou compreender a Era das Revoluções e do Imperialismo nos séculos XVII, XVIII e XIX, atentando para os projetos imperialistas como expressões de poder e saber. A partir das avaliações, nós discentes, tivemos que construir um dossiê que possibilitou uma dinâmica de teoria e prática. O nosso dossiê temático foi o Imperialismo Clássico. A elaboração do dossiê foi a coleta de diversas fontes seguida por uma análise. Coletamos imagens, links de blogs, filmes e os livros didáticos trabalhados no município de Xinguara/PA. Constituímos o acervo de informações acerca do tema na seguinte estrutura: Apresentação; Relato Histórico; Lista de páginas eletrônicas que se remetam ao tema; Fontes sobre o tema proposto; Análise sistemática de uma fonte sobre o tema; Análise da apresentação didática do tema nos manuais escolares; Bibliografia sobre o tema.

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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  3. Claudia Vanessa Brioso e Jaqueliny da Silva Velozo,

    Vocês acreditam ser possível falar em um imperialismo que ocorra dentro da esfera europeia, ao se considerar por exemplo a dominação inglesa sobre os irlandeses, muito atacada pelo próprio Marx, a curta dominação nazista sobre a frança e seus objetivos sobre o leste europeu ou até mesmo uma tentativa de domínio sobre a Russia pós revolução por parte das potencias europeias, tendo em vista os caráteres racistas e de exploração destas experiencias e tentativas?

    Tadeu de França C.P.A. Mello

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    1. Boa noite Tadeu de França Mello, as questões políticas, econômicas e sociais aplicadas pela Europa nos continentes Africano e Asiático durante o imperialismo clássico definido por Hobsbawm (2011) entre os anos de 1870 a 1914, são noções e conceitos que se aplicam em uma sociedade e em um determinado contexto histórico, a leitura de Peter Burke (2011) em "A escrita da História", aborda que o historiador trabalha através das especificidades de uma sociedade em um determinado tempo, portanto, a partir da concepção de Burke e trabalhando o contexto do imperialismo clássico abordado no texto, não se é possível associar as experiências e tentativas de dominação imperialistas dentro da Europa.

      Claudia Vanessa Brioso Santos.

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  4. Boa-noite,Cláudia e Jaqueliny! Sou Ivanize!
    A abordagem de vocês é pertinente porque quebra muito as máscaras do ocidente,autor de tantas tragédias e intolerância. Se o povo oriental é reservado ainda hoje,bem se sabe em parte,os reais motivos ou pelo menos,devia-se saber.Como educadora de História,este tema mexe muito com os alunos,pois,ele é o "recheio", o divisor entre a paz e as guerras,não é? Quando Portugal impôs o cristianismo no lado oriental, levou em conta as raízes daquela gente? e como estes reagiram? Assim,no meu pensamento eu observo que o oriente tem muito receio do ocidente devido a essa postura de imperar, menosprezar,subordinar, que se perpetuou até o começo da Grande Guerra.Assim sendo,é um tema muito atual que envereda pelos novos "imperialismo" de ordem econômica,cultural,social e político.

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    1. Boa noite Ivanize Santana, o imperialismo Europeu e a imposição cultural e religiosa nos continentes Africano e Asiático não respeitou as raízes de diferentes sociedades, e um dos exemplo de reação a tais imposições é a Guerra dos Sipaios em 1858, que foi a primeira grande rebelião hindu, que foi uma forma de resistência as imposições culturais e religiosas implantadas pela Grã-Bretanha, tais resistências contra o imperialismo nos continentes Africano e Asiático encontram-se na obra de Hector Bruit (1994) "O Imperialismo".

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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  5. Bom dia! Claudia Vanessa Brioso e Jaqueliny da Silva Velozo,

    O século XIX foi de grande relevância para a consolidação ocidental, e expansão oriental do sistema capitalista. Sobretudo, os interesses econômicos em voga. Sendo assim, pode-se afirmar que a maioria das disparidades socioeconômica vigente é fruto da política imperial do oitocentismo ? Ou é um equivoco, devido à atual realidade contemporânea no mundo?
    Maykon Albuquerque Lacerda

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    1. Boa noite Maykon Albuquerque Lacerda, gostaria de iniciar essa resposta com uma citação de Hector Bruit (1994) em "O imperialismo", no capitulo 5 intitulado "O legado: sangue, desprezo e miséria" o autor inicia fazendo uma reflexão das consequências do imperialismo, assim ele aborda: "O imperialismo não só deixou um sabor amargo onde se instalou, como também queimou como ácido e perfumou como enxofre três continentes. Chegou como um vendaval, destruindo sociedades milenares e construindo um mundo de angústias sobre ruínas de milhões de seres humanos. Para o dinheiro não existe barreiras emotivas, o sentimento nacional nem a dignidade da espécie. O dinheiro capitalista sobrevive quando se apossa do trabalho onde quer que ele exista, sem se importar que isso possa significar a destruição física ou psíquica do trabalhador". O imperialismo deixou um legado que vai muito além dos interesses econômicos, sobretudo as questões ideológicas culturais, sociais penetradas forçadamente pelo imperialismo nesses continentes resultou por exemplo a conquista da Índia contra os ingleses mais de cem anos de guerra, para Bruit, o sistema do capital não só recaiu sobre os trabalhadores, como sobre toda a sociedade, introduzindo a corrupção, prostituindo mulheres e políticos, promovendo o "desenvolvimento" e a fome, ressaltando que esse efeito demolidor assassinou milhares de pessoas, segundo Bruit, em 1918, houve mais de 8 milhões de mortos por desnutrição e gripe na Índia, pois, o sistema de impostos monetários e a política de forçar os cultivos para atender as demandas do mercado capitalista em detrimento dos cultivos de subsistência destruiu a antiga cultura dessa sociedade. Existem marcas profundas que o imperialismo deixou a esses territórios explorados.

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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  6. Boa tarde, meninas! Parabéns, pelo excelente trabalho. Como levar o tema imperialismo para as aulas de História, contextualizando passado-presente?
    Obrigada, antecipadamente!
    Atenciosamente,
    Ana Francisca de Lima Alves

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  7. Bom dia! Na opinião de vocês, quais foram as consequências trazidas pela expansão do imperialismo nesse período?
    Desde já, agradeço!
    janes Cleiton Souza da Silva.

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    1. Boa noite Janes Cleiton Souza da Silva. As consequências foram diversas como já mencionado nas respostas de Ivanize Santana e Maykon Albuquerque Lacerda, mas reforço ainda que o território africano foi dividido na partilha da Africa pelos imperialistas sem levar em consideração as diversas culturas africanas, ou seja, tribos rivais se uniram, e tribos amigas foram separadas o que resultou em vários conflitos étnicos e culturais em diversos territórios do continente africano. Na China com a Guerra do ópio, o país foi destruído e humilhado, resultando centenas de mortos. A expansão do imperialismo não respeitou as diferentes culturas dos continentes explorados, não respeitou a religião, além da força física que matou milhares também causou a violência psicológica, a destruição, a fome.

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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  8. Boa tarde, excelente artigo, creio que a lógica do imperialismo ainda não findou, apenas se metaforseou em uma versão mais "soft", onde a grande massa não se dê conta do modelo de dominação que estão sendo submetidos.
    Atualmente vejo a China apresentando -se como um dos grandes "players" na nova lógica imperialista, onde o socialismo de mercado consegue se sobressair e colocar as potências tradicionais em uma grande cilada, pois foram atraídas por mão de obra barata mas que acabaram por transferir conhecimento e tecnologia para o surgimento de uma nova grande potência. Como vocês avaliam essa questão do imperialismo nos dias atuais?
    Alberto Ferreira e Souza.

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    2. Boa noite Alberto Ferreira e Souza. A partir do século XX, o novo processo que se dá para essa expansão territorial é a globalização abordado no artigo de Pablo González Casanova (2005) " O Imperialismo, hoje", que explica essa nova redefinição do imperialismo.

      Claudia Vanessa Brioso Santos

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    3. Muito obrigado Cláudia, vou ler o artigo. Sds.

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  9. Este comentário foi removido pelo autor.

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  10. Olá, prezadas Cláudia Vanessa e Jaquelyni da Silva,
    Meus parabéns pelo trabalho apresentado!! fico muito feliz em vê-las apresentar uma produção da disciplina que cursaram. Uma questão interessante que é perceptível no texto de vocês é a possibilidade de discussão historiográfica em torno do tema imperialismo. Duas grandes correntes podem ser visualizadas, notadamente uma história econômica de contornos marxistas e uma história cultural, sendo Marx e Hobsbawm representantes da primeira e Said da segunda vertente de pensamento. Existem outras vertentes sobre a temática... uma outra discussão. Said, com o Orientalismo, trouxe uma enorme contribuição ao debate do tema, logo, se possível, poderiam comentar um pouco mais sobre essas percpectivas de abordagem que por um lado debatem aspectos econômicos e materiais/políticos; de outro lado, aspectos discursivos e identitários.
    Mais uma vez, meus parabéns!!
    Att,
    Roberg Januário dos Santos

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    1. Prezado professor Roberg Januário dos Santos, obrigada por sua pergunta e contribuições. Edward Said (2007) em "Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente", procurou analisar a construção da imagem que o Ocidente fez em relação ao Oriente ao longo de vários séculos. O autor aborda o surgimento na Europa no século XIX de um campo de estudo chamado Orientalismo, e nesses estudos orientais o autor percebe uma tentativa de dominação, de categorizar o outro, categorizar o Oriente, devo destacar que Oriente é uma construção cultural e o Orientalismo surgiu na Europa dentro de um contexto da história europeia, asiática e africana que é o imperialismo Europeu. Para Said, a construção da imagem do Ocidente em relação ao Oriente permitiu atribuir ao Oriente estereótipos, generalizações, inferiorização, clichês, homogeneização, o autor busca desconstruir ficções ideológicas que foram criadas em volta do pensamento, do conceito Oriente, enfatizando que tais discursos são de alteridade, logo, de identidade, que justificaram a dominação do outro.

      Att,
      Claudia Vanessa Brioso Santos.

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  11. Caras Cláudia Vanessa e Jaqueliny Silva, parabéns pelo texto, é um excelente diálogo acerca da temática do Imperialismo, pois traz autores e debates interessantes na órbita da discussão, inclusive Edward Said. Perspectivando este debate para o Ensino de História gostaria que comentassem sobre as diferentes possibilidades de diálogos sobre o Imperialismo na sala de aula.
    Mais uma vez Parabéns!!
    Lucilvana Ferreira Barros

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    2. Prezada professora Lucilvana Ferreira Barros, existem sim diferentes possibilidades de diálogos sobre o tema "Imperialismo" na sala de aula, a exemplo destaco a História da África que pode reunir diversas discussões e nesse diálogo o professor contempla a obrigatoriedade do cumprimento da lei n° 10.639/03.
      Obrigada pela contribuição!

      Att,
      Claudia Vanessa Brioso Santos.

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  12. Congratulações pelo trabalho!
    Logo, nesse contexto podemos destacar que o imperialismo em sua totalidade fomentou crescimento econômico para as metrópoles em detrimento dos países repartidos como se não tivessem donos, a exemplo dos que brigaram por esses territórios podemos citar os Estados Unidos, Grã Bretanha e outras nações europeias. Nesse contexto é válido destacar as desumanidades promovidas por esse sistema liberal crescente e que afetou a sociedade a nível global. Portanto, apesar de o vosso trabalho ter destacado que é apenas uma introdução ao sistema imperialista vocês conseguem perceber esse modelo econômico expansionista como desigual e injusto no que prepondera seu crescimento e fortalecimento nos territórios "inferiores"?

    Andrisson Ferreira da Silva

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  13. Boa noite, Cláudia e Jaqueliny.
    Parabenizo as duas pelo excelente trabalho, e pela qualidade da escrita.
    Sobre Edward Said, como ele trabalha a questão do Império Otomano na construção do Orientalismo pelos ocidentais? E segundo o artigo, Gomes (2011) afirma que o terno Orientalismo passou a ser usado como mair ênfase no século XIX, há probabilidades deste fato está relacionado ao surgimento da "Questão Oriental" entre as potências europeias?
    Matheus Henrique da Silva Alcântara

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