Raimundo de Sousa e Maykon Lacerda


RECUSA À INGERÊNCIA EXTERNA: ANÁLISE SOBRE A CHINA NO CONTEXTO DA EXPANSÃO DO COMÉRCIO OCIDENTAL ENTRE O SÉCULO XVII E XIX
Raimundo Nonato Santos de Sousa
Maykon Albuquerque Lacerda

Considerações iniciais
A China, oficialmente denominada de República Oficial da China, é, sem sombra de dúvida, uma das civilizações asiáticas mais longevas da história da humanidade. Caracterizada pela conservação das suas raízes culturais e históricas, o país também se destaca por ser um dos mais importantes e ascendentes no cenário geopolítico mundial na contemporaneidade.
Todavia, por muito tempo imperou um desconhecimento a respeito da civilização chinesa, de modo que por longa data o país foi considerado uma verdadeira incógnita para o Ocidente. Isso se explica, em parte, pela não abertura econômica da China ao comércio ocidental, que fez com que o apedeutismo a respeito das suas história e cultura fosse gestado. Em consequência disso, abriu-se uma margem para a elaboração de visões calcadas em preconceitos e incompreensões sobre o passado do povo chinês, que produz ecos audíveis até nos dias de hoje.
À vista disso, para conhecermos, de fato, a história da China devemos preliminarmente desconstruir os estigmas e os estereótipos que ainda assombram nossa (in) compreensão sobre o país. Em razão disso, propormos esse texto, baseado em uma revisão bibliográfica, com o objetivo de lançar luz sobre a história da civilização chinesa, dando particular destaque para o protecionismo do país no período da dinastia Qing, a qual marcou o fim da era dinástica imperial na China. Para tanto, serão enfocados a resistência dos chineses em se inserir no sistema comercial externo e a Guerra do Ópio, como demonstrativos do que chamamos de protecionismo cultural chinês.
Civilização Chinesa: um legado milenar
É fácil intuir que para os historiadores que se dedicam ao estudo do Oriente, uma das questões que notadamente instiga muitas inquietações é a que se relaciona com o nascimento da civilização chinesa.  A respeito desse assunto, o missionário e viajante do século XIX, o abade Régis-Evariste Huc (1967) nos diz que:
A civilização chinesa se origina numa antiguidade tão remota que são baldados nossos esforços por descobrir seu início. Não há vestígios do estado de infância entre esse povo. Esse é um fato muito peculiar com respeito à China. Estamos acostumados na história das nações a encontrar algum ponto de partida bem definido, e os documentos, as tradições e os monumentos históricos que chegam até nós em geral nos permitem seguir, quase que passo a passo, o progresso da civilização, estar presentes a seu nascimento e assistir ao seu desenvolvimento, sua marcha adiante e, em muitos casos, suas subsequentes decadência e ruína. Mas não é assim com os chineses. Eles parecem ter vivido sempre no mesmo estágio de progresso dos dias atuais; e os dados da antiguidade tendem a confirmar essa opinião (HUC, 1967, p. 31).
É bem verdade que, dentre os países orientais, a China se destaca não somente por causa dos mistérios que circundam a sua gênese e o seu processo formativo, mas também pela sua espetacular riqueza cultural, que preserva viva suas raízes de longa data. Em resultado disso, a população chinesa continua se valendo de técnicas milenares como, por exemplo, a acupuntura, o tratamento com ervas e a fabricação de cerâmicas e porcelanas que obedece as mesmas técnicas de fabrico e decoração de mais de 3 mil anos. E, não se pode esquecer que o povo chinês ainda conserva o mesmo sistema de escrita há mais de 2 mil anos. Com isso, é razoável dizer que a China realmente sabe conservar o elemento que a singulariza diante das demais civilizações existentes no mundo, a sua cultura (SPENCER, 1995).
A China se trata de uma nação que conserva seus elementos culturais basilares, e por causa disso, ela resiste de todos os modos à introjeção de influência externa no seu território. Ao longo da história do país, sobretudo entre os séculos XVII e XIX, os chineses construíram barreiras burocráticas para impedir a invasão dos estrangeiros em suas terras, demonstrando assim um autêntico protecionismo em relação a todos os aspectos da sua cultura. Possivelmente, acreditava-se na época que a presença do elemento estrangeiro no território poderia desarticular as engrenagens do sistema econômico e cultural do país.
Aversão aos estrangeiros
De acordo com Spencer (1995, p. 11), a China se caracteriza por uma “franca hostilidade às influências estrangeiras”. Essa postura do povo chinês imperante, sobretudo, durante a dinastia Qing, que governou a China por um mais de dois séculos, evidencia que a preocupação do governo chinês era a de evitar, ao máximo possível, a interferência externa no sistema econômico, cultural e político do país. Para isso, criaram-se barreiras burocráticas, com o fito de impedir a entrada e a fixação efetiva de estrangeiros na sociedade chinesa. Isso certamente evidencia uma resistência dos chineses à possibilidade de se relacionar com os países estrangeiros de modo formal, amplo e duradouro. Acresce salientar que:
 O Estado Qing não tinha um Ministério das Relações Exteriores. Os negócios com os povos não chineses eram conduzidos por uma variedade de departamentos e órgãos que, de diversas maneiras, insinuavam ou afirmavam a inferioridade cultural e a marginalidade geográfica dos estrangeiros, ao mesmo tempo em que defendiam o Estado contra eles (SPENCER, 1995, p. 129).
Com é possível perceber pela citação acima, a China apresentava uma dificuldade de se relacionar com outros povos desde o século XVII, época em que o governo chinês criou o Lifan Yuan ou Departamento de Assuntos Fronteiriços, já que não havia um Ministério das Relações Exteriores (SPENCER, 1995).
A finalidade desse órgão, criado no ano de 1638 pelo imperador da dinastia Qing, segundo Spencer (1995), era a de construir um conjunto de regras que restringissem o envolvimento dos outros países com os chineses. Assim, “o Lifan Yuan forjou um elaborado sistema de acordos que regulavam as visitas das caravanas de mercadores da Ásia central à China” (SPENCER, 1995, p. 129).
No que concerne aos governantes Qing, torna-se necessário destacar que Spencer (1995, p. 131) nos diz que eles buscavam “[...] controlar os estrangeiros que comerciavam com a China, não apenas quanto à localização e à frequência, como também como relação aos mínimos detalhes de pessoal e mercadorias envolvidos”.
Isso afirmativamente aponta para uma tentativa do governo chinês em se afirmar enquanto nação autossuficiente e, portanto, autônoma, independente e distante das demais do globo terrestre, o que, por sua vez, também sugere “[...] a presunção de que a China era o reino ‘central’ e que os demais países, por definição, eram periféricos, afastados do centro cultural do mundo” (SPENCER, 1995, p. 131). Em virtude disso, os chineses demostravam parco interesse em adquirir informações e conhecimento sobre os outros países e seus povos, haja vista que, sob a perspectiva deles, a China era o centro cultural do mundo, a única e legítima referência de desenvolvimento, e somente ela bastava para o povo chinês. Essa assertiva também se assenta no fato de que:
“As descrições chinesas de países estrangeiros continuavam sendo uma mistura exótica de contos místicos e fantasia, em que os estrangeiros eram muitas vezes associados a animais ou pássaros e descritos com uma linguagem condescendente ou deliberadamente depreciativa” (SPENCER, 1995, p.131).
O uso de adjetivos desqualificadores por parte dos chineses, evidencia o ponto de vista que eles nutriam e sustentavam sobre os povos estrangeiros. Isso nos faz confirmar um fato, que se trata de uma obviedade, mas que precisa ser destacado. Ao que parece, todo país possui a tendência de se projetar como mais importante do que os demais, pretendendo se afirmar enquanto um Estado de autonomia e autossuficiência em graus absolutos. Isso fica bem evidente no fato de que:
“A China [...] nunca se envolveu em um contato prolongado com outro país, numa base de igual para igual, pelo simples motivo de que nunca encontrou sociedades de cultura ou magnitude comparáveis. Que o Império Chinês se erguesse sobranceiro acima de sua esfera geográfica pressupunha-se que fosse virtualmente uma lei da natureza, uma expressão do Mandato Celestial. Para os imperadores chineses, o mandato não necessariamente implicava uma relação de rivalidade com os povos vizinhos; de preferência, não seria este o caso. Como os Estados Unidos, a China se via desempenhando um papel especial. Mas o país nunca abraçou o ideal americano de universalismo e de disseminar seus valores pelo mundo” (KISSINGER, 2011, p.20).
Entretanto, é preciso esclarecer que esse comportamento dos chineses em tratar os estrangeiros com aversão e indiferença, ao ponto de evitar entabular relações comerciais permanentes com eles, não deve, ao que nos parece, ser classificado como um tipo de nacionalismo xenófobo, pois fazer isso seria cair no laço do anacronismo e do reducionismo histórico.
Comércio com os mercadores estrangeiros
Apesar das resistências do governo chinês em chancelar o estabelecimento de vínculos comerciais formais e duradouros com outros países do mundo, Spencer (1995), nos diz que:
“Navios britânicos passaram a aparecer esporadicamente na costa oriental da China a partir de 1635; na dinastia Qing, talvez porque os britânicos tivessem o bom senso de não buscar relações formais, os mercadores britânicos obtiveram permissão para negociar com os chineses em Zhouzhan (Chusan), Xiamen (Amoy) e Cantão. Todas as potências ocidentais se beneficiaram quando os Qing acabaram com a política de restrição do comércio litorâneo, na década de 1680 [...]” (SPENCER, 1995, p. 131).
Desse modo, ver-se que os britânicos no século XVII conseguiram obter a concessão para comerciar com os chineses em algumas regiões do país, por dois motivos principais. O primeiro está relacionado com o fato de que os britânicos não ambicionavam, num primeiro momento, estabelecer laços econômicos formalmente reconhecidos e permanentes com os chineses. E o segundo, diz respeito à revogação da politica de restrição do comércio litorâneo em 1680 pelo imperador da dinastia Qing.
Logo, Spencer (1995, p. 133) também nos diz que o “comércio europeu ficou restrito ao porto de Cantão após 1760 e os estrangeiros foram proibidos de fixar residência na cidade, exceto durante a temporada de comércio, que durava de outubro a março”. Assim, pode-se perceber que no século XVIII, o protecionismo chinês se tornou ainda mais exacerbado, ao ponto de delimitar o período em que era tolerável a presença dos comerciantes estrangeiros no país.
As tensões entre chineses e mercadores estrangeiros aumentaram depois de 1770, momento em que, principalmente, os comerciantes da Grã-Bretanha, começaram a usar o ópio, conseguido na Índia, como moeda de troca, em substituição da prata, na aquisição de manufaturas e demais produtos chineses, tais como o chá, a porcelana, a seda e artefatos de decoração para o abastecimento do mercado europeu e do jovem mercado americano (SPENCER, 1995). Desse modo, os britânicos começaram a espalhar o ópio na China com o objetivo de granjear mercadorias e produtos a baixíssimo custo. Essa medida foi acionada também por causa do descontentamento dos britânicos em relação aos déficits comerciais impostos pelos chineses.
É válido destacar que por muito tempo a moeda de troca usada pelos ingleses em suas transações comercias com os chineses, era a prata. Porém, com o passar dos anos, isso pareceu para os ingleses um problema, dado a necessidade de uma grande quantidade de prata para a obtenção dos produtos desejados. Em fins do século XVIII, o ópio foi descoberto como alternativa para o pagamento dos produtos comprados, inaugurando assim, o uso desse narcótico na prática de escambo.
A situação ficou tão restritiva para os mercadores estrangeiros que a Companhia das Índias Orientais, instituição criada pelos britânicos no ano de 1600, mandou perto do fim do reinado de Qianlong, em 1792, uma missão à China, encabeçada pelo lord George Macartney. A mencionada possuía como objetivos dirimir as restrições que obstacularizavam os planos comercias e a entrada efetiva dos britânicos no país e ainda ampliar a dimensão dos tratos comercias estabelecidos pelos britânicos com os chineses.
Como nos informa Spencer (1995, p. 133): “A missão inglesa viajou em uma belonave de 66 canhões, com dois navios de apoio, todos carregados com caríssimos presentes, escolhidos com o fito de mostrar os melhores aspectos da tecnologia manufatureira inglesa”. Ainda segundo esse autor:
“Em sua audiência, Macartney solicitou para os ingleses o direito de estabelecer uma residência diplomática em Pequim, o fim do restritivo sistema de comércio de Cantão, a abertura de novos portos para o comércio internacional e a fixação de tarifas justas e equitativas” (SPENCER, 1995, p. 134).
Apesar dos planos, esforços e presentes caros, a missão não alcançou o propósito pretendido, dado que em vez de ceder ao que foi reivindicado Qialong, quinto imperador dos Qing:
“[...] enviou um édito a Jorge III, explicando que a China não pretendia aumentar o seu comércio exterior porque não precisava de nada de outros países. Escreveu ele: ‘Nunca demos valor a artigos engenhosos, nem temos a menor necessidade das manufaturas de seu país. Portanto, ó rei, no tocante à tua solicitação de enviar alguém para permanecer na capital, ao mesmo tempo em que não está em harmonia com os regulamentos do Império Celestial, sentimos também muito que isso não trará nenhuma vantagem para o teu país’” (SPENCER, 1995, p. 134).
O que explica essa atitude do imperador é o fato de que:
“O domínio exercido pelo imperador sobre seu vasto império se baseava na submissão total e incondicional da população. Qualquer contato com estrangeiros poderia perturbar essa obediência cega e era perigoso para o trono. Do ponto de vista de Qianlong, o império talvez saísse do controle se não permanecesse fechado ao exterior e se houvesse estrangeiros em contato com a população [...]” (CHANG,2014, p.31).
Assim, é perceptível o motivo pelo qual havia uma resistência do governo chinês relacionado à entrada e permanência de estrangeiros no país. Tudo que representasse uma ameaça real e potencial para a manutenção da ordem politica em voga deveria ser evitado e combatido ardorosamente. A ocidentalização, presente nos mercadores ocidentais, representava um perigo para o sistema chinês. Por isso, ela era reprimida e precisava sê-la.
A China Oitocentista
Pode-se afirmar que no século XIX, a “[...] China conseguira orgulhosamente resguardar-se da expansão imperial do Ocidente, cuja força concentrada encontrava-se principalmente em mãos do Estado inglês [...]” (ROIO, 2002, p. 01). O imperialismo ocidental desenfreado em terras chinesas ocasionou a conhecida Guerra do Ópio (1839-1842), deflagrada em nome da liberdade de comércio mundial, e que possuía como alvo a busca por mercado consumidor e matérias-primas para atender ao capitalismo industrial do Ocidente.
Com isso, percebeu-se que nas décadas que se sucederam, a “[...] China viu-se obrigada a aceitar uma série de iníquos tratados comerciais que praticamente entregavam seus portos e cidades portuárias ao controle da Inglaterra, França e dos EUA, aos quais logo viriam juntar-se a Alemanha (ROIO, 2002, p. 01)”.
Desse modo, a interferência estrangeira representaria um risco a toda estrutura da civilização chinesa que porventura poderia cair, juntamente com o poderio imperial. Aliás, o próprio olhar do chinês em relação ao modo de vida ocidental, especialmente o que se refere ao aspecto religioso, poderia ser modificado, ainda que os chineses não apreciassem o cristianismo, considerando-o uma doutrina antagônica, pois, para eles:
“Os ocidentais pregam o ‘amor a Deus’ e o ‘amor ao próximo’ e parecem acreditar de fato em tais coisas. No entanto, fazem guerras com canhoneiras e peças de artilharia para conquistar povos à força, assim como impõem o ópio, um veneno pior que a peste aos chineses — tudo pelo lucro. Ao que parece, o amor a Deus é menos real que o amor ao lucro” (CHANG, 2014, p. 88).
É inegável que a crítica acima se estende também para conturbada situação chinesa com a Guerra do Ópio (1839-1860), e a insistência britânica na abertura total do comércio chinês, assentada nos interesses do capitalismo industrial britânico vigente. A bem da verdade, os conflitos de interesses entre chineses e ocidentais seriam, sem dúvida, inevitáveis, uma vez que:
Na época, o encontro da cultura ocidental com a chinesa resultara em muitos conflitos. Se os ocidentais qualificavam a China de ‘semicivilizada’, os chineses tachavam os ocidentais de ‘demônios estrangeiros’. Contudo, o foco da animosidade eram as missões cristãs, criadas em muitas áreas do país na década anterior” (CHANG, 2014, p. 97).
Assim, nota-se, além do que já fora exposto, que os ocidentais sempre estiveram dispostos a atuar munidos dos seus interesses mercadológicos, empreendendo, por causa disso, tentativas de homogeneização do mundo por meio do discurso ocidental de desenvolvimento das forças produtivas humanas, como uma suposta forma de combater o atraso, as mazelas e a miserabilidade dos povos arbitrariamente concebidos como inferiores. Mas com a China, a tentativa não foi plenamente bem-sucedida.
Considerações finais
Portanto, a partir das informações apresentadas, é possível perceber que o protecionismo e a resistência da China foram obstáculos à execução do projeto de exploração econômica pretendido pelos britânicos e demais mercadores estrangeiros. A atitude do país, sob o comando da dinastia Qing, notadamente caracterizada pela aversão à influencia externa, evidencia que os chineses, longe de dispensarem um tratamento especial para os comerciantes de outros países, não recebiam com afeição e bom grado seus planos de comércio.
Assim sendo, também foi possível perceber que o motivo que levou a China a impedir a entrada da ocidentalização em suas fronteiras, foi o fato de que a dinastia imperial temia a perda do controle do país, sentimento de temor este desencadeado pela insegurança cada vez maior provocada pelo avanço da cultura europeia em solo chinês.
E no tocante a resistência à interferência externa, dentre os fatores que contribuíram de maneira significativa para a conservação do sistema cultural, e consequentemente econômico e político da China, frente à ocidentalização hegemônica, pode-se citar, como principal, a representação acompanhada da atuação do imperador como mantenedor da ordem e do poder decisório no país. Dessa maneira, a China conseguiu manter-se dissociada dos países estrangeiros, assim como das suas influências, através do seu protecionismo, com o fito de garantir a manutenção da sua ordem politica, econômica e cultural.
Referência
Raimundo Nonato Santos de Sousa - É acadêmico do 6 período do curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Maranhão, campus Caxias. Atua como pesquisador-bolsista PIBIC-FAPEMA e também como pesquisador-colaborador UNIVERSAL-FAPEMA.
Maykon Albuquerque Lacerda – É acadêmico do 5 período do curso de Licenciatura Plena em História pela Universidade Estadual do Maranhão, campus Caxias.
CHANG, Jung. A imperatriz de ferro: a concubina que criou a China Moderna. Tradução Donaldson M. Garschagen. São Paulo: Companhia das letras, 2014. 552 p.
HUC, Régis-Evariste. The Chinese Empire.In: SCHURMANN, Franz de; SCHELL, Orville, eds. Imperial China: The Decline of the Last Dynasty and the Origins of Modern China — The 18th and 19th Centuries. Nova York: Vintage, 1967, p. 31.
KISSINGER, Henry. Sobre a China. Tradução Cássio de Arantes Leite. Rio de Janeiro: Objetiva, 2011.
ROIO, Marcos Del. A China diante do Império Universal do Ocidente. Revista Novos Rumos. Marília-SP, Ano 17, Nº 36, 2002. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/veiculos_de_comunicacao/NOR/NOR0236/NOR0236_03.PDF. Acesso em: 16 jun. 2019.
SPENCER, Jonathan D. Em busca da China Moderna: quatro séculos de história. Tradução de Tomás Rosa Bueno e Pedro Maia Soares. - São Paulo: Companhia das Letras, 1995.

6 comentários:

  1. Boa noite! Em primeiro lugar, parabenizo os autores pelo texto!
    De fato, a China da Dinastia Qing ficou muito marcada por este protecionismo extremo. Em meus estudos sobre a Dinastia Ming, que a antecedeu, também notei uma profunda aversão, por parte do mandarinato, no trato com os estrangeiros. E aí fica minha pergunta aos autores: É possível dizer que todas essas medidas protecionistas, não obstante, se iniciaram a partir da década de 1430, quando as expedições diplomáticas no Oceano Índico comandadas por Zheng He deixaram de ser incentivadas pela Corte Imperial?
    Ass: Luis Fernando Masiero

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    1. Bom dia!
      Olá, Luis Fernando Masiero.
      Em relação à sua pergunta, não se pode refutar que dinastias imperiais anteriores à Qing, adotaram políticas de hostilidades ao estrangeiro, devido aos inúmeros aspectos explanados : econômicos, sociais, culturais, e sobretudo, políticos e religioso. Devido uma pretensa ocidentalização, com o choque cultural de dois mundos distintos, o que tornaria uma ameaça ao Imperador Chinês. Visto que, a população chinesa mantinha-se subjugada à ordem imperial. Característico dos Governantes chineses , que com a presença externa, pensava-se que o povo poderia ser levado à subversão , ou práticas que tentassem derrubá-lo do poder.
      Assim, não se pode conglomerar todas às medidas protecionistas por parte do Império, exclusivamente ou devidamente pelo fim do incentivo da Corte Chinesa. Pelo contrário, a ocidentalização em voga, representava um perigo para o sistema chinês. Por isso, ela era reprimida e precisava sê-la.
      Espero ter-lhe respondido.
      Att.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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    2. Obrigado jovem pela leitura do texto e também pela pergunta. A bem da verdade, não me parece muito ponderado afirmar com veemência que as medidas protecionistas da China se iniciaram a partir do momento em que a Corte Imperial deixou de incentivar/financiar as citadas expedições diplomáticas. Além disso, sabe-se que essas expedições possuíam como finalidade difundir a influencia da China sobre o Oceano Índico e adjacências. Conquanto, o que pode ser afirmado é que as medidas protecionistas acionadas pelo governo da China procuravam proteger das influencias externas a lógica interna do sistema politico, econômico e cultural chinês.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa / CESC-UEMA.

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  2. A china era um império imóvel, como Braudel falou.
    isso era a cauza deles não gostarem de estrangeiros?
    Irulan Marques

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    1. Bom dia !

      Em relação à sua pergunta, é imprescindível o cuidado com anacronismos e reducionismos históricos. Em uma pretensa imobilidade chinesa, deve-se considerar a óptica de partida, no caso, em que aspecto Braudel fez a afirmação dita anteriori?
      Aliás, a atitude do país, sob o comando da dinastia Qing, notadamente caracterizada pela aversão à influencia externa, evidencia que os chineses, não recebiam com afeição e bom grado seus planos de comércio( fator econômico).
      Em suma, à China logra êxito, pois a ocidentalização em voga, representava um perigo para o sistema chinês. Por isso, ela era reprimida e precisava sê-la.
      Espero ter-lhe respondido.
      Att.,
      Maykon Albuquerque Lacerda

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    2. Obrigado jovem pela leitura e também pela pergunta.
      Possivelmente, essa imobilidade da China, cuja menção fora creditada a Braudel, se refere à permanência das estruturas chinesas, sobretudo as mentais que, se relacionam com a cultura do povo chinês. Isso está de acordo com o que apresentamos no texto. Por essa via, pode-se dizer que o intento de preservar a lógica cultural da civilização, foi uma das razões que levaram os chineses a demonstrar um comportamento averso aos estrangeiros.

      Por: Raimundo Nonato Santos de Sousa / CESC-UEMA.

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