OS MANGÁS E A SOCIEDADE JAPONESA
Janaina de Paula do
Espírito Santo
Vilson André Moreira
Gonçalves
O lugar dos quadrinhos na sociedade japonesa: uma
introdução
Os quadrinhos japoneses, assim como seus desdobramentos
multimidiáticos em formatos de animação, produções live-action, objetos colecionáveis
e jogos eletrônicos, deixaram uma marca indelével na indústria cultural.
Com sua visualidade sui generis, os mangás são facilmente reconhecíveis
e possuem lugar cativo no imaginário dos apreciadores de produtos pop.
Convém, deste modo, compreender como essa linguagem visual se desenvolveu e sua
relação com a sociedade que a gerou.
A sociedade japonesa tem como característica fundamental
de sua formação o contato limitado com o mundo exterior ao arquipélago. O
isolamento é uma das bases de sua identidade, o que a faz ser descrita como uma
sociedade muito fechada. Isso é perceptível especialmente se nos voltarmos à
história política
japonesa, que logo depois de um período de unificação adentrou o chamado
Período Edo (1603-1868), quando o contato com o exterior, já não muito comum
anteriormente, foi quase totalmente interrompido. O Japão foi um país que, ao
adentrar a modernidade, se fechou para relações externas, controlando o
comércio e impedindo produções culturais estrangeiras de circularem no país.
Autores como Gravett (2006) apontam o isolamento como constituinte à identidade
nacional, que marca os japoneses como uma etnia à parte, construída durante a partir deste período.
Os quadrinhos japoneses do início do século XX
dificilmente se dedicavam a discussões sociais. De fato, a maior parte dos
personagens era publicada nos jornais, em forma de tiras e, muitas vezes,
constituía-se de histórias de animais antropomorfizados para situações
cotidianas comuns. Osamu Tezuka se declarou um fã dessas produções ainda na sua
infância. Diferentemente do que aconteceu no Brasil, por exemplo, as
publicações davam pouco espaço para tradução, preferindo obras de autores
nacionais. Sem contar que “as diferenças de costume e cultura eram também uma
barreira para a identificação com as situações e também com os heróis” (LUYTEN,
2011, p. 95).
Em 1927, com a ascensão do imperador Hirohito ao poder, o
Japão estava passando por uma grande crise. Essa também é uma época de
fortalecimento do fascismo japonês. “E isso levou ao poder, na Alemanha e no Japão, as forças
políticas do militarismo e da extrema direita, empenhadas num rompimento
deliberado com o status quo mais pelo confronto, se necessário militar, do que
pela mudança negociada aos poucos” (HOBSBAWM, 1994, p. 241). O quadro para o
conflito da Segunda Guerra Mundial estava montado.
Sonia Luyten aponta semelhanças entre a produção
quadrinizada estadunidense e nipônica, ao apontar que em ambos os casos, as
histórias de maior sucesso estavam calcadas no escapismo, para a natureza, para
o passado, ou para o futuro. No caso do Japão, os mangás foram se tornando cada
vez mais calcados no nacionalismo. A ascensão do imperador Hirohito e a
constante militarização da sociedade japonesa empreendida por ele, trouxe um
incentivo maior para a produção de histórias para as crianças, com personagens
cômicas, otimistas e discursos militarizados. Era uma mudança de público
pensada nos moldes do fascismo japonês, já, que até então, as produções de
quadrinhos para adultos vendiam mais do que as infantis.
A Guerra Mundial provocou uma espécie de engajamento
“compulsório" da produção quadrinizada no conflito. Esse foi um movimento
editorial comum em todo o globo. No Japão “os artistas que não cooperavam eram
punidos, banidos da profissão de escritor, ou ficavam no ostracismo” (LUYTEN,
2011, p. 102). Como resultado, a produção de quadrinhos sofreu uma queda
severa.
O contexto do Pós-Guerra
Com a derrota na segunda guerra mundial, a dominação
estadunidense, no território japonês, foi central no rompimento de certo
isolamento cultural do país. Nesse período, grandes influências culturais dos
Estados Unidos chegaram ao arquipélago, muitas delas impostas pelo processo de
ocupação. O processo de massificação dos quadrinhos e, de certa maneira, de
predominância deles como espaço de diversão no país não foi imediato, mas ainda
assim assumiu um caráter relativamente acelerado. Logo, nos anos após a guerra,
fundaram-se uma série de novas revistas de mangá.
O mangá foi um entretenimento de baixo custo e de fácil
acesso, para uma nação fortemente atingida pela guerra, que passava por
períodos de carestia e fome. Um dos efeitos diretos do período da ocupação foi
o contato crescente com a cultura ocidental, notadamente a chamada cultura pop
estadunidente. Essa apropriação fez com que uma série de mangakás (termo usado para se referir aos autores de
mangás no país) fossem influenciados por quadrinhos e desenhos animados
ocidentais. A inserção dos japoneses na lógica capitalista ocidental vai
definir a produção dos quadrinhos japoneses sequencialmente. A forma de
administrar a influência externa e transformá-la em algo próprio, é, como já
levantamos, considerada característica nipônica.
A afirmação pode ser tomada como referência à formação do
universo editorial dedicado aos mangás. Embora, na forma, os comics
podem ter, ao lado do cinema, influências determinantes no “mangá moderno”, o modus
operandi permaneceu o do período anterior à guerra, complexificando-se para
atender a demanda crescente por títulos e tiragens. A característica básica é
de que a obra pertence a um autor elaborador do desenho e do roteiro. O volume
de páginas produzidas pelo autor é intenso, atingindo um número de quinhentas
por mês, de autoria de um único profissional.
O controle da história pertence ao editor, que tem
relação direta com o mangaká. Ele acompanha o desenrolar da história, dá ideias
e considera a recepção da história. Às vezes, para garantir o rigor nos prazos,
ele anda auxilia no acabamento das páginas. As histórias são publicadas em
capítulos, coletâneas semanais ou mensais, com muitos enredos diferentes. O
volume de produção e o acabamento em preto e branco, inserido ao fato de que um
profissional centraliza essa produção (em alguns casos, o desenhista trabalha
com assistentes para o acabamento, mas mesmo nesse caso, o número de
profissionais envolvidos com um título de mangá é menor em relação aos comics
estadunidenses), o que infuencia no barateiamento da obra. Obras de sucesso são
mantidas e republicadas, e encadernadas menores, com a única história e vários
volumes, direcionadas aos colecionadores. Como há um controle de aceitação do
público, essa segunda obra tem um público garantido. A aceitação ampla também é
garantida pela segmentação do mercado e dos títulos, com publicações para
públicos amplos e diferenciados.
O sucesso da estratégia traz a constituição de dois
nichos: os quadrinhos para adultos, os quadrinhos para as crianças. O período
pós guerra já é marcado pela segmentação do mercado, que vai caracterizar a
indústria de mangás até a atualidade, representada aqui por três principais
revistas: Shonen Club, mensal, destinada aos meninos; Shojo Club,
também mensal, mas destinada as meninas, além da Yonen Club, para
crianças menores. Essa distinção aponta que o mangá começava a ser levado a
sério, no âmbito de consumo, ainda que não diretamente como uma linguagem mais
ampla, direcionada para adultos e crianças e,
especialmente, para acompanhar o amadurecimento do seu público.
As restrições impostas pela ocupação estadunidense na
produção de quadrinhos somente foram quebradas no ano de 1952, com a assinatura
do Acordo de Paz de São Francisco. O tratado intitulado Tratado de Paz entre as
Forças Aliadas e o Japão foi assinado oficialmente por quarenta e nove nações
em 8 de Setembro de 1951 em São Francisco, Califórnia, vigorando a partir de
1952. Nesse tratado a Segunda Guerra Mundial foi formalmente encerrada,
definindo-se a posição de polícia do poder imperial japonês. E assim foram
definidas compensações civis aos aliados e prisioneiros de guerra,
estabeleceram-se novos contornos ultramarinos para o Japão, que deixaria de
controlar territórios conquistados antes e durante a Guerra, renunciando à
qualquer agressão futura. A Carta das Nações Unidas foi extensivamente aplicada
na formalização da posição japonesa.
A subsequente queda na censura temática trouxe o ressurgimento de trabalhos humorísticos sobre
espadachins como Igaguri-kun (1952) e Akado Suzunosuke (1954), de
Fukui Eiichi; bem como mangás históricos ambientados no período Edo (1603-1868), com
destaque para os trabalhos de Shirato Sanpei, Ninja bugeich Kagemaru den
(“Os relatórios da guerra ninja: a lenda de Kagemaru”) e Kamui-den
(“Lendas de Kamui”), nos quais o foco temático é a dramatização das contradições de classes
sociais feudais e as tensões entre as formas de organização social e os
indivíduos. Estas e muitas outras categorias de mangás passaram a ser
intensamente veiculadas no mercado editorial japonês.
Peculiaridades estéticas, narrativas e editoriais do
quadrinho japonêns
A nova perspectiva do desenho do mangá que o torna
diferente das comics ocidentais é exemplificada por Moliné (2006), a
partir da ação em uma HQ ocidental que poderia ser descrita em um ou dois
quadrinhos, no mangá se poderia ocupar várias páginas. Nos mangás, as cenas são
apresentadas sob diferentes ângulos. Por exemplo, numa cena de luta mostra-se a
mesma ação em câmera lenta, a visão dos outros personagens e a aproximação até o momento do choque. Moliné cita Kazuo
Koike, roteirista de mangás: “O olho se move nos comics japoneses. Essa é a
diferença fundamental entre esses comics e os ocidentais onde as cenas
são estáticas” (MOLINÉ, 2004, p. 31).
Segundo Moliné (2004), nos
mangás a maneira de ver o gráfico da narrativa é crucial e apresenta um ponto
de vista totalmente distinto das comics
ocidentais. A imagem para o mangá é algo de extrema importância. Assim, a história
é narrada de um quadrinho para o outro como algo
característico e único dos mangás. Os mangakás preferem utilizar um número baixo de quadrinhos por página, não
sendo raro ver quadrinhos que ocupam duas páginas. Outro detalhe à luz dos mangakás
é a inovação, com vários tipos de layouts, mostrando quadrinhos
verticais, sobrepostos, rompendo o esquema da linha que
os separa, quadrinhos com espaços em branco entre um e outro, entre
outros numerosos recursos e sempre com a intenção de que a página seja legível e que o
movimento da cena possa ser transmitido.
No Japão, a produção de quadrinhos não encontra paralelos. Na década de 1990, a revista Shonen Jump, principal publicação no estilo Shonen,
atingiu a marca dos 6,8 milhões de exemplares por semana. Isso faz com que o
alcance deste tipo de publicação seja amplamente reconhecida na atualidade. O exemplo
foi o que aconteceu no ano de 1995, quando o então primeiro-ministro japonês,
Kiichi Miyazawa iniciou uma coluna semanal de opiniões, não em um jornal, mas
em uma revista de mangá. Um político de setenta e cinco anos dificilmente seria
o público-alvo, ou mesmo um leitor assíduo de
quadrinhos, mas o motivo de sua escolha por esse tipo de veículo pode ser
essencialmente identificável. O público de aproximadamente dois milhões de
jovens, muitos deles trabalhadores e, portanto, possíveis eleitores. No Japão
da década de 1990, não seria um exagero supor que o
mangá fosse um dos principais veículos a alcançar um público massivo.
Os números de publicação deste tipo de revista
impressionam, ainda hoje, quando enfrenta um momento de refração, seja no Japão
ou para além das suas fronteiras. A inserção de quadrinhos no Japão fez fosse
um dos primeiros países, onde o mangá adquiriu um sentido de igualdade com
novelas e filmes, ou seja, considerá-los como um espaço de entretenimento de
igual influência. Em 1995, a pesquisa do instituto JETRO, responsável por
mapear o mercado editorial nipônico apontou que, pelo menos, quarenta por cento
de todo a produção editorial do país estaria composta por mangás. Esse número, impressionante, não computa,
entretanto, se todo o mangá realmente lido em terras niponicas, já que
desconsidera o mercado de quadrinhos amadores, feitos por fãs e para fãs, nem os
cafés que emprestam estas revistas, ou as bibliotecas, entre outros. Nesse
sentido, o mangá, economicamente, representa um espaço gigantesco e números impressionantes, que
movimenta entre seis e sete bilhões de ienes por ano, aproximadamente, segundo
dados oficiais do governo Japonês.
Os números também não consideram toda a movimentação que
os mangás podem alcançar na sociedade japonesa, uma vez que fazem parte de um
ciclo de produção complexo que funciona como uma espécie de elemento causador
de uma série de outros mercados, a bem-sucedida série de quadrinhos tem, como
espécie de segundo passo, a chance de ser transformada em anime, ou animação.
Assim geram-se uma série de outros produtos, como bonecos, fantasias,
acessórios e roupas que incrementam as relações mercadológicas, em um processo
de retroalimentação. O intenso consumo do entorno de um enredo, colabora no
investimento em encadernados, do mangá que iniciou o processo, em edições
encadernadas, para colecionadores, jogos de computador e celular e trilhas
sonoras, vindas das animações. Algumas séries transformam-se em espetáculos de
teatro ou óperas e permanecem por décadas como núcleo gerador de todo um
mercado, como Rosa de Versalhes, sucesso dos anos de 1970, que
permanecem em cartaz.
O principal sustentáculo
de todo este sistema é a profunda inserção como elemento de cultura pop.
Personagens como Hello Kitty, Doraemon e Astro Boy (versão
hollywoodiana, assim como Speed Racer) foram criados para o público
infantil, mas ilustram gadgets de adultos. Os cabelos espetados dos
personagens de HQs e séries televisivas são copiados pelos homens, já as moças
transformaram o visual que mistura inocência e erotismo, marca dos desenhos
japoneses, em moda. Os Boeings da ANA (“All Nippon Airways”) são
decorados com Pikachus (um Pokemón),
e é comum encontrar estrangeiros que desembarcaram em Tóquio atraídos
por causa de seriados, jogos e histórias em quadrinhos.
A lógica de consumo é bem sucedida, em um curioso
processo de retroalimentação, dos valores da sociedade nipônica. Sustentando a
apropriação, no entanto, estão as novas relações do capitalismo, que encontram
no mangá um exemplo de clássico de sistematização. Tudo isso refletiria à
sociedade de consumo, com um imenso mercado de consumidores, devidamente, atraídos
pelos produtos oferecidos pela Indústria Cultura. Para a série,
particularmente, popular ou de longa duração, o ciclo pode ser repetido várias
vezes.
O Japão foi o primeiro país a produzir a “história em
quadrinhos” num formato de legitimidade e de se permitir testar seu potencial e
sua linguagem em grande escala. Por
incorporar mudanças temáticas e de estilo e ocupar um espaço central na
transformação de enredos em mercadoria, pode se dizer que o mangá tem um
elemento de transformação constante, como parte de suas características principais. Recentemente, o governo japonês começou
a investir diretamente nesse setor, patrocinando eventos internacionais de
animes e O que chegou a embasar um novo conceito usado definir seu próprio país: o “Cool Japan”, ou o “Japão
legal” (SATO, 2007).
Um produto cultural japonês e global
Assim, o reconhecimento institucional dos mangás é
relativamente recente. Iniciou-se na década de 1990, afirmando-o como parte
relevante da produção artística nacional. Esse reconhecimento inicia-se com a criação do Prêmio
Cultural Osamu Tezuka. Também nesta década as várias escolas japonesas vão
adotar o shoguaku, que são mangás didáticos, dirigidos, especialmente, ao público
infantil, com conteúdos do currículo escolar japonês, ou o Kyoyoyo mangá.
Em 2002, o Ministério da Cultura Japonês implementou a matéria “mangá–visual pop
cultura” como parte das atividades curriculares de
Educação Artística, nas escolas públicas (SATO, 2007, p. 231).
Lado a lado com a institucionalização, caminha a
popularização no contexto da indústria cultural. O mangá é onipresente na mídia
japonesa. Seu papel no sistema econômico é mais importante do que seus números de vendas, já que
as edições impressas servem como carro chefe de todos os demais produtos atrelados
a esse complexo cultural.
As características dos mais difundidos produtos culturais
têm origem nas histórias veiculadas no mangá, como desenhos animados e jogos.
No processo de exportação, em especial, as animações se revelam um ponto de
apoio para os quadrinhos, encorajando difusão e popularização de personagens e
narrativas em outros países, empregando para isso cores intensas, personagens
expressivos e efeitos visuais dramáticos.
Essa dinâmica garante uma forte presença dos mangás nos
meios impressos e audiovisuais de todo o mundo, e portanto certamente não
restrita ao mercado interno japonês. Haja vista que se trata de uma linguagem
com caracteres muito específicos, é interessante observar como essas
particularidades podem ser transpostas e tais narrativas podem ser
compreendidas e apreciadas por leitores de variados panoramas culturais. Com
certeza ainda há muito por investigar acerca da relevância social dos mangás.
Referências
Janaina de Paula do Espírito
Santo: Possui
graduação em Licenciatura Em História pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa (2001), mestrado em Educação pela Universidade Federal do Paraná (2005)
e doutorado em História pela Universidade Federal de Goiás (2018). Atualmente é
professora assistente da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Tem experiência
na área de História, e Didática da História, pesquisando especialmente os usos
da cultura histórica, quadrinhos e mangás. E-mail: janainapes@gmail.com
Vilson André
Moreira Gonçalves: Doutorando
(2016-) e Mestre em Comunicação e Linguagens pela Universidade Tuiuti do Paraná
(2013). Graduado em Licenciatura em Artes Visuais (2006) e Especialista em
História, Arte e Cultura (2008), ambos pela Universidade Estadual de Ponta
Grossa. Atua na área de Arte-Educação e realiza trabalhos nos campos da
ilustração e de histórias em quadrinhos. Atualmente é docente DEARTES/UEPG e
investiga adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema. E-mail: vilson21st@hotmail.com
GRAVETT, Paul. Mangá
– Como o Japão Reinventou os Quadrinhos. São Paulo: Conrad, 2004.
HOBSBAWM, Eric. A era dos extremos. São Paulo: Cia das Letras, 1995.
HOBSBAWM, Eric. J.; RANGER, Terence. A invenção das tradições. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
LUYTEN, Sônia (org.). Cultura
pop japonesa: mangá e animê. São Paulo: Fedra, 2006.
LUYTEN, Sônia Bibe (org.). Cultura Pop Japonesa – Mangá e
Anime. São Paulo: Hedra, 2005.
MOLINÉ, A. O grande livro dos mangás. 2. ed. São Paulo: JBC, 2006.
SATO, Cristiana A. Japop – o poder da cultura pop japonesa. São Paulo: Livro Certo
Editora, 2007.
Olá Janaina e Vilson
ResponderExcluirEu gostaria de saber se, em seus estudos, foi possível evidenciar quais valores sociais da cultura japonesa continuam a ser difundidos por meio dos mangás, partindo da década de 1950 até nossos dias ou quais valores ocidentais foram introduzidos nessa manifestação artística, tendo em vista o contato com a cultura estadunidense?
Luciano Araujo Monteiro
Oi Luciano! Tudo bem? Traços e valores mais "tradicionais" da cultura japonesa continuam bastante presentes nos mangás, mas os temas do ocidente também tem seu espaço. Paul Gravett chama a atenção para essa caracteristica cultural japonesa, de pegar algo e re-elaborar. Acredito que isso é bem presente no caso dos mangás.
ExcluirJanaina de Paula do E. Santo
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá Janaina e Vilson.
ResponderExcluirPrimeiramente quero parabenizá-los pelo texto e por oportunizar um maior esclarecimento sobre o universo dos Mangás. Gostaria de saber a opinião de vocês sobre a utilização dos Mangás como recurso pedagógico no processo de ensino-aprendizagem na Educação Básica. Conheço alguns mangás que abordam temáticas históricas, como poderíamos nos valer destas publicações para propiciar um diálogo produtivo com jovens estudantes. Desde já agradeço. Forte abraço.
Fabian Filatow
Tudo bem, Fabian?
ExcluirPois bem, certamente a inclusão dos mangás no repertório dos educadores pode representar um enriquecimento do processo de aprendizagem, especialmente quando feito em aliança com outras amostras culturais, debates, produções diferenciadas e os materiais didáticos mais normativos.
Como no caso de qualquer material convencional de uso didático, é importante estar atento para possíveis inclinações ideológicas, estéticas, temas e suas conotações políticas, estimulando os alunos a lerem de forma inquisitiva: "o que isso representa?", "quem é esse personagem na nossa realidade?", "como a história termina para cada um dos envolvidos?".
Deste modo, certamente estaremos contribuindo para formular dinâmicas de aprendizagem mais significativas no que se refere aos conteúdos abordados no âmbito disciplinar, mas também no que diz respeito ao consumo crítico dos materiais "pop" e na apropriação que eles fazem da História.
Vilson A. M. Gonçalves
Olá Vilson,
ExcluirAgradeço pelo diálogo e pelas orientações.
Desejo-lhe sucesso.
Abraço.
Janaina e Vilson parabéns pelo trabalho.
ResponderExcluirGostaria de saber de vocês se com o surgimento de novos mangás e animes com temáticas históricas e ''do dia-a-dia'' vocês acreditam que possam ser utilizados como fontes para a História e etc.
Matheus Felipe
Olá Matheus, beleza? Dependendo do recorte da pesquisa, qualquer mangá pode ser fonte para o historiador. Nos meus trabalhos tenho focado mais no uso público do conhecimento histórico pelos mangás, pois as ligações, estão mais evidentes. A dificuldade de escolher uma temática não histórica é que ela passa pela teoria da recepção e quiçá pelo mercado japonês, portanto, requer um conhecimento da bibliografia neste idioma.
ExcluirJanaina de Paula do E. Santo
Olá Janaína e Vilso, Excelente texto.
ResponderExcluirA minha pergunta é como vocês avaliam a entrada das histórias em quadrinhos chinesas e as manwhas que são as história em quadrinhos coreanas no mercado asiático, vocês acham que vai acabar com a hegemonia japonesa?
Leonardo Irene Pereira Guarino
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirOlá Leonardo.
ExcluirEssa é uma questão complicada. O mercado de quadrinhos é bastante flexível. Diferentes vertentes se fundem, assimilam novas características e se remodelam constantemente. É possível observar em muitos mangás, por exemplo, a assimilação de características de quadrinhos ocidentais. É um processo natural, e o meio do mangá japonês é proficiente nessas práticas.
Além disso, não podemos esquecer que, apesar do volume acachapante de produções japonesas, é um número relativamente pequeno delas que alcança sucesso fora do circuito nipônico - essencialmente, nós conhecemos aquilo que é mais mercantilizável ou tem maior relevância temática e/ou artística.
Suponho que podemos esperar uma diversificação do mercado internacional de quadrinhos nos próximos anos, mas mangás relevantes seguirão sendo relevantes, assim como comics, quadrinhos europeus e manhwas relevantes.
Vilson A. M. Gonçalves
Olá, Janaina e Vilson! Gostaria primeiramente de parabenizá-los pelo belo trabalho. Posteriormente, gostaria de saber se vocês percebem através desses estudos uma mudança significativa na forma que é produzida os mangás, vocês acham que hoje essa produção é mais voltada para atender um público geral, no sentido global, ou ao público específico do Japão?
ResponderExcluirEmanuelle Silva Fonseca
Olá Emanuelle! Obrigada! Então, a resposta para sua pergunta, depende do que se entende por "público global". Se considerarmos, como o K. Jenkins, que a cultura está "convergindo", a ideia de um mercado global atinge toda e qualquer produção cultural e não só os mangás. No meu ponto de vista há movimentos complementares: uma mudança gradual de estilo, que acontece, com toda manifestação artística, a especificidade do mercado, onde nem todo mangaká mira no mercado internacional, e, sim, a possibilidade de se pensarem histórias para um público internacionalmente mais amplo.
ExcluirJanaina de Paula do E. Santo
Gostaria de saber como podemos inserir e utilizar o Mangá no educação básica, especificamente fundamental I ( 2º ao 5º ano)? Quais as temáticas podem ser abordadas?
ResponderExcluirJoyce Karolinne de Siqueira Rosa
Boa noite, Joyce.
ExcluirPois bem, penso que é necessário cuidado com alunos tão jovens, haja vista que muitos materiais podem ser densos, tanto na temática quanto no próprio volume. Há mangás mais dirigidos ao público juvenil, mas nada impede a abordagem de recortes de mangás feitas para um público mais velho com a devida supervisão e recorte temático bem pensado.
Qual é o conteúdo que desejamos trabalhar ou reforçar? Tudo depende principalmente da resposta a essa pergunta. Certamente diferentes trechos, argutamente extraídos, podem ser aplicados a finalidades diferentes: exercício da escrita, desenho, simbolismo, história, etc.
Vilson A. M. Gonçalves
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo texto, qual e um tema novo e interessante, o uso de mangá como uma nova maneira de ensino trará benefícios para uma aprendizagem melho,e de que maneira podemos introduzir essa nova técnica nos dias de hoje sem deixar o assunto exposto vago ?
ResponderExcluirCristina Aparecida Fedechen
Olá Cristina! Então... eu sempre acho complicado pensar em "aprendizagem melhor"... pq é melhor com relação ao que? Mas, ao mesmo tempo, esses elementos da cultura cotidiana dos jovens, podem, ao mesmo tempo que geram uma aproximação, desenvolver uma certa "alfabetização midiática, que, em tempos de intensa produção cultural é sempre interessante. Incorporar o mangá na sala de aula requer um preparo anterior do professor, que acaba mediando as reflexões. Sem ele, para direcionar a leitura dos alunos, algumas associações com o conteúdo de molde mais tradicional pode, realmente parecer distante para o aluno, que é um leitor desacostumado. Sempre penso que, para levar qquer mídia para sala de aula, o professor precisa gostar muito dela. :-) Abraço!
ExcluirJanaina de Paula do E. Santo
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirOlá! Foi muito interessante conhecer um pouco a história do mangá. No entanto, senti falta das imagens dos mangás, para poder identificar as mudanças citadas no texto, em especial no que diz respeito à diagramação e ao tamanho dos desenhos. Você poderia postar aqui nos comentários links para algumas imagens?
ResponderExcluirOi Monaquelly! O blog desenho on line tem umas imagens bem bacanas dos trabalhos do Tezuka, olha lá: https://www.desenhoonline.com/site/uma-breve-historia-sobre-o-manga/
ExcluirE tem um artigo sobre o mangá no Brasil que tem algumas imagens mais difíceis de achar sobre os precursores dos mangás: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/8973/8973_3.PDF
Janaina de Paula do E. Santo
Ola Boa noite. Parabéns pelo texto. Gostaria de saber de vcs se o mangá é um bom instrumento para instigar a leitura.
ResponderExcluirGilberto Carlos Rosalino
Boa noite, Gilberto.
ExcluirTodo instrumento tem seu mérito, mas é certo que, em um momento em que os mangás ocupam um posto tão privilegiado na cultura pop, seu apelo é muito útil para despertar o amor pela leitura.
Vilson A. M. Gonçalves
Boa Noite! Parabéns pelo texto excelente! Os mangás realmente se mostram como formas de subjetivação de determinados sujeitos na sociedade, sendo portanto vistos como documentos históricos uma vez que os mesmos tem muito a nos dizer sobre o seu lugar de produção. Em que medida, de acordo com o que vocês pesquisaram, podemos utiliza-lo como uma fonte didática ou mesmo histórica para o ensino de história da cultura oriental?
ResponderExcluirFelipe Vieira Amorim
Olá Felipe! Tudo bem? Então, como uma obra de ficção, o mangá histórico pode ser abordado em sala de aula com os mesmos cuidados que se tem com outras obras do tipo. Mas é possível, há vários títulos em português que possibilitam debates interessantes, sobre samurais, sobre o período de colonização pelos portugueses, sobre a segunda guerra e as explosões atômicas, entre outros.
ExcluirJanaina de Paula do E Santo.
Boa noite Janaína de Paula e Vilson Gonçalves.
ResponderExcluirAchei o texto muito interessante e útil para a vida de nós professores, gostaria de saber se todos os mangás são úteis e ajuda na diversificação do ensino aprendizagem no Brasil e se é uma forma de fonte de fácil aceitação dos alunos? Obrigada.
Tamires Vieira de Macedo
Ola Tamires.
ExcluirBem, depende muito do que você deseja alcançar com sua aula. Claro que é importante estudar os materiais e selecioná-los conforme a faixa etária dos alunos. Penso que, na maioria dos casos, desde que apresentado de forma construtiva, o material conta com boa aceitação.
Vilson A. M. Gonçalves
Boa noite, muito legal. Agora, na sua opinião aos animes são uma continuação dos mangás ou são distintos em conteúdo e proposta. Grato, Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirOi Marlon! Algumas vezes animes podem ser produções distintas, ou mesmo possuírem arcos que não tem equivalentes no trabalho com a história escrita, que são os mangás. Mas, o mais comum é que, ao se revelar uma história de sucesso, o mangá escrito seja levado a um estúdio e transformado em animação. Neste caso, a história é a mesma, o que muda é a mídia.
ExcluirJanaina de Paula do E Santo
Boa noite, parabéns pelo texto, os argumentos são extremamente interessantes e nos permitem conhecer a história do mangá. Durante a leitura me surgiu a seguinte dúvida: existem influências para a criação de novos mangás? Quais? Desde já sou grata pela atenção.
ResponderExcluirCamilla Mariano
Olá Camilla.
ExcluirComo qualquer forma de arte, os mangás são carregados de influências, desde a cultural japonesa tradicional a quadrinhos de outros países. Como a produção japonesa é muito vasta, seria uma tarefa impossível discorrer aqui sobre essas influências.
Vilson A. M. Gonçalves
Boa noite aos autores Janaína e Vilson.
ResponderExcluirApós ler este ótimo artigo de vocês,traz a tona a possibilidade de utilizar mangás e animes em sala de aula por exemplo como introdução à conteúdos sobre o Oriente ou do Japão especificamente.
Gostaria de saber, se vocês enxergam alguma publicação brasileira que tenha o mesmo impacto que os mangás tem para a sociedade japonesa.
Desde já agradeço pela resposta.
Marcos Vinicius Rodrigues Ferreira
Oi Marcos, tudo bem? Então... Uma série de pesquisadores aponta que o Mauricio de Souza representa um estilo tipicamente brasileiro, o gibi. Marca uma série de histórias, não só dele, com a mesma estética. Pensando nesse sentido, podemos estabelecer um paralelo, mas é difícil falar que o impacto é o mesmo.
ExcluirJanaina de Paula do E. Santo e Vilson A. M. Gonçalves
Oi, parabéns pelo trabalho. Afirmasse que um antigo primeiro-ministro na década de 1990 escrevia para uma revista de mangá. isso me fez ficar com duas dúvidas. Essa prática é realizada por outros políticos ou foi uma excentricidade desse antigo primeiro-ministro? É comum as revistas de mangás veicularem colunas sobre assuntos sem ser sobre mangá (se sim, gostaria de saber quais)?
ResponderExcluirRaul Fagundes Cocentino.
Este comentário foi removido pelo autor.
ExcluirConfesso que desconheço Trata-seo caso, embora seja notório o amor do ex-primeiro ministro Taro Asō pelos mangás. Trata-se, no entanto, de uma circunstância bastante peculiar. Com frequência a política japonesa é bastante conservadora em vários aspectos.
ExcluirQuanto às publicações, são majoritariamente dedicadas aos quadrinhos e às interações entre autores e leitores. Como o mangá se divide em muitos nichos, de acordo com a idade e os interesses do público, é até complicado emitir generalizações aqui sobre como operam e o que abordam essas publicações.
Vilson A. M. Gonçalves