O
IMPERIALISMO NA CHINA: ANÁLISE DO FILME “GUERRA DO ÓPIO”
Claudia
Vanessa Brioso Santos
Vanessa
Nascimento Martins Sales
O
Imperialismo
Existem muitas formulações e teses que procuram abordar
sobre o Imperialismo Clássico, e algumas das referências, encontram-se em
autores como Hobsbawm (2011) e Bruit
(1994), dentre outros.
Um dos autores que apresenta uma análise importante sobre o
imperialismo é Vladimir Lênin (1916) em “Imperialismo: etapa superior do
capitalismo”, no qual aborda que o imperialismo é entendido como um fenômeno
inerente ao capitalismo, causando grande impacto político e uma nova etapa do
modo de produção no contexto histórico em questão, assim o definindo:
“O imperialismo é um capitalismo na fase de desenvolvimento,
quando tomou corpo a dominação dos monopólios e do capital financeiro, quando
ganhou significativa importância a exportação de capitais, quando se iniciou a
partilha do mundo pelos trustes internacionais e terminou a repartição de toda
a terra entre os países capitalistas mais importantes” (LÊNIN, 1916 apud BRUIT, 1994, p. 06).
O período em questão abordado é entre os anos de 1870 e
1914, momento no qual se tem um desenvolvimento da acumulação de capital, como
aborda Héctor Bruit (1994) em “O imperialismo” que a Europa ocidental e os
Estados Unidos arquitetaram a conquista política, econômica e cultural dos
continentes asiático, africano, Oceania e América Latina.
Para Bruit, o desenvolvimento industrial ampliou a demanda
de matérias-primas que teriam condições mais vantajosas fora da Europa e dos
Estados Unidos e também a necessidade de mercados exteriores e de consumidores
excedentes. Esse conjunto “denominou-se imperialismo comercial, uma vez que foi
o comércio de matérias-primas, alimentos e bens manufaturados que estimulou
países industrializados a penetrar, controlar e dominar vastas regiões do
mundo” (BRUIT, 1994, p. 5).
Hobsbawm (2011) em “Era dos Impérios” inicia o terceiro
capítulo como uma citação de Max Weber (1894):
“Apenas uma confusão política completa e um otimismo ingênuo
podem impedir que se reconheça que os esforços inevitáveis em favor da expansão
comercial de todas as nações civilizadas, sob controle da burguesia, após um
período de transição de concorrência aparentemente pacífica, se aproximam
nitidamente do ponto em que apenas o poder decidirá a parte que caberá a cada
nação no controle econômico da Terra e, portanto, a esfera de ação de seus
povos e, especialmente, do potencial de ganho de seus trabalhadores” (WEBER apud HOBSBAWM, 2011).
Hobsbawm enfatiza que a economia mundial controlada pelo
capitalismo, causaria a dominação dos “avançados” sobre os denominados
“atrasados”. Para o autor:
“O fato maior do século XIX é a criação de uma economia global
única, que atinge progressivamente as mais remotas paragens do mundo, uma rede
cada vez mais densa de transações econômicas, comunicações e movimentos de
bens, dinheiro e pessoas ligando os países desenvolvidos entre si e ao mundo
não desenvolvido” (HOBSBAWM, 2011).
O imperialismo foi motivado por fatores econômicos,
políticos e também culturais, onde países ditos civilizados levariam a
industrialização para os países subjugados atrasados. Bruit ressalta como foi a
dominação de cada continente que sofreu o imperialismo como a África, a Ásia, a
Oceania e a América Latina. A África para o autor foi o continente que mais
sofreu com o imperialismo, pois, o imperialismo passou por cima da cultura
africana e deixou o continente na miséria.
A Grã-Bretanha, a França, Bélgica e Holanda foram os países
europeus que mais dominaram o continente africano, a Argélia sofreu grande
parte do imperialismo pela França, assim como a Tunísia, logo os britânicos
entraram em cena com o domínio no Egito, depois Madagascar e Marrocos,
expandindo-se em todo o continente.
O
Imperialismo na Ásia
O imperialismo na Ásia não sofreu a divisão territorial como
ocorreu na África, porém, para Bruit (1994) o continente asiático foi
bombardeado e humilhado.
Em 1830 à 1880, quatro grandes potencias possuíam
territórios na Ásia, a França, Holanda, Rússia e Inglaterra. Desde o século
XVI, potências menores como a Espanha possuía territórios nas Filipinas e
Portugal em Macau (na China), nas ilhas Timor (Indonésia), Goa, Damão e Diu (na
Índia). Em meados do século XIX, uma nova potência surge para ingressar no
imperialismo asiático, os Estados Unidos.
Segundo Bruit, “por volta de 1860, a Ásia proporcionava
13,5% do total das importações Britânicas e recebia 16,4% do total de suas
exportações desse país. Índia, China e Cingapura, eram os principais clientes”
(BRUIT, 1994, p. 33).
A Índia era a grande produtora de algodão, assim como a
China que também produzia seda, chá, dentre outros produtos consumidores.
Bruit (1994) ressalta que o imperialismo na Ásia foi um
processo lento, no qual, países como China e Japão tinham seus próprios
monopólios e dificultavam o acesso a seus portos. Até 1842 a China só
comercializava em Cantão, e o Japão apenas com Portugal.
Conforme as potências imperialistas iam conquistando os
territórios asiáticos, eram feitos várias exigências como a livre
comercialização dos portos, em caso de julgamento as leis deveriam ser de seu
país de origem e não do país conquistado, dentre outras exigências. Enquanto
havia acordo entre o país dominante e o país dominado, as relações entre eles
era pacífica, porém, quando havia desacordo o conflito era inevitável.
A Índia, grande produtora de algodão, era dominada pela
França até meados do século XIX, quando soldados chamados de Sipaios que tinham
a cultura hindu se revoltaram contra os franceses por se encontrarem em
péssimas condições e também por não aceitarem a cultura que os franceses
queriam impor a eles. Foi neste momento que os ingleses se uniram aos indianos
e conquistaram a dominação da Índia.
Para os ingleses, a
dominação do território indiano era motivada por interesses estratégicos e
econômicos, pois, o oceano índico facilitaria a comercialização entre os países
dominados como o Egito e Sudão. As instalações de pequenas feitorias na Índia,
não deixou de fazer deste país a maior colônia da Grã-Bretanha.
Na segunda metade do século XIX, surge uma nova potência
imperialista, o Japão, que teve a ideia de não ser conquistado e seguiu o que
as potências europeias buscavam para si.
As bases navais da Cocochina, cidade da Indochina, despertou
interesses estratégicos para os franceses, que viam a cidade como zona que
facilitaria o acesso a China. O interesse da França em dominar este território
foi a comercialização direta com a China visando inicialmente o comércio da
seda.
O
imperialismo na China: A Guerra do Ópio (1839-1860)
A China era grande produtora de tecidos, algodão e grande
exportadora de chá, principalmente para a Grã-Bretanha, e viveu sob o regime da
dinastia Qing por mais de duzentos anos, entre os séculos XVIII a XX, a
sociedade camponesa e artesã não tinham direitos políticos.
A China foi um dos países asiáticos onde mais se ascendeu o
interesse europeu, pois o país possuía
“500 milhões de habitantes, oferecia, mais que qualquer
outro, um mercado consumidor imenso para as manufaturas europeias e um campo
inimaginável para investimentos, pois até em 1880 não tinha dívida pública, não
possuía nenhuma ferrovia, nem indústria e serviços públicos modernos” (BRUIT,
1994, p. 38-39)
Ingleses e franceses transportavam clandestinamente o
tráfico de ópio. Para Bruit (1994), apesar do território chinês não ter sofrido
divisões como territórios em países africano, a China sofreu ameaças,
bombardeios e humilhações, “seu povo foi submetido à destruição lenta pelos
traficantes de drogas e suas cidades mais importantes foram transformadas,
pelos ocidentais, em verdadeiros bordeis internacionais” (BRUIT, 1994, p. 38).
O ópio é uma droga e era cultivada na Índia e entrou na
China para destruir e arruinar a população. A droga era proibida no país Chinês
e autoridades pediram para a rainha inglesa Vitória impedir a comercialização
do Ópio na China, porém, os pedidos nunca obtiveram sucesso. Entre os anos de
1840 a 1842 iniciou a primeira Guerra do Ópio, na qual, a China foi derrotada
pelos ingleses e obrigada a ceder cinco portos e o domínio de Hong Kong para a
Inglaterra, assinado pelo tratado de Namquin de 1842. Não só os ingleses conseguiram o domínio de
territórios na China “os americanos obtiveram concessões semelhantes pelo
Tratado de Wanghia (1844) e os franceses pelo Tratado de Whampoa (1844)”
(BRUIT, 1994, p. 42).
No ano de 1857 houve
a segunda Guerra do Ópio, Cantão foi bombardeada pela esquadra anglo-fracesa e
no ano de 1858 a terceira Guerra do Ópio também ocasionada pelo exército
anglo-francês sobre Pequim. Em todas as guerras a China foi derrotada
resultando na abertura de onze portos ao comércio europeu, a livre navergação
do rio Yang-Tsé, pagamento de altas indenizações de guerra e a permissão do
estabelecimento de relações diplomáticas com o Ocidente. Em 1860, a china
estava destruída e dividida em esferas de influência.
Filme
“Guerra do Ópio”
Fig. 01
Capa do filme “Guerra do Ópio”. (Disponível em: http://prestesaressurgir.blogspot.com/2016/12/a-guerra-do-opio-filme-completo.html ) Acesso em 04/07/2019 às 19:35.
A história científica só veio a ser concebida no século XIX,
a partir da escola metódica. Os metódicos privilegiavam as fontes escritas, os
documentos escritos, não se tentando as demais fontes. Em meados do século XX a
Nova História trás a renovação das fontes históricas, surgindo outras formas de
construir a História.
Esta ampliação remete-se as fontes visuais ou iconográficas,
fontes materiais e fontes orais, tais como, imagens, filmes, músicas, retratos,
pinturas, artefatos, objetos, relatos orais e outros vestígios que associam o
homem no tempo, abrindo um leque de fontes que podem ser trabalhadas pelos
historiadores.
Para Eduardo Morettin, a partir dos anos 70 “o cinema, elevado à categoria de ‘novo objeto’, é definitivamente incorporado ao
fazer histórico dentro dos domínios da chamada História Nova” (MORETTIN, 2003,
p. 12).
Marcos Napolitano em “A História depois do papel” (2008)
aborda como fazer análise de fontes audiovisuais, como cinema, televisão e
registros sonoros em geral. Para Napolitano “A questão, no entanto, é perceber
as fontes audiovisuais e musicais em suas estruturas internas de linguagem e
seus mecanismos de representação da realidade, a partir de seus códigos
internos” (NAPOLITANO, 2008, p. 236).
O autor aborda os filmes históricos e enfatiza que:
“O filme histórico é um espião da cultura histórica de um
país, de seu patrimônio histórico. Trata-se de um outro olhar sobre o cinema,
como fonte e veículo de disseminação de uma cultura histórica, com todas as
implicações ideológicas e culturais que isso representa”. (NAPOLITANO, 2008, p.
246)
Eduardo Morettin (2003) em “O cinema como fonte histórica na
obra de Marc Ferro”, analisa o cinema como fonte histórica na perspectiva de
Marc Ferro, historiador francês que foi responsável de incorporar nos anos
1970, o cinema como novo objeto ao fazer histórico. Para Morettin (2003), o
artigo de Ferro em “O filme: Uma contra análise da sociedade?”, ganhou destaque
ao fazer uma reflexão sobre a problemática, cinema e história, pois, o filme
“possui uma tensão própria que lhe é própria, trazendo a tona elementos que
viabilizam uma análise da sociedade” (MORETTIN, 2003, p. 13).
Não se trata em analisar um filme como portador da verdade,
ou um veículo neutro das ideias do roteirista ou da direção, mas entender o
conjunto dos elementos que buscam encenar uma sociedade, representando seu
passado ou presente, com intensões políticas e ideológicas nem sempre visíveis.
Ficha
técnica
Filme: Guerra de Ópio;
Título
Original: The Opium War;
País de origem: China
Ano: 1997;
Duração: 150 minutos;
Intérpretes: Bob Peck, Simon William, Corin Redgrave, Lin
Liankun, Sihung Lung, Su Min;
Realização: Xie Jin (Diretor de cinema, natural da China);
Produção: Wu Baowen e Zhang Wei.
Estrutura
do Filme
No século XIX, os comerciantes ingleses enfim encontraram
algo atraente para China, o ópio (uma droga popular), considerado afrodisíaco,
no entanto, o consumo e comercialização do produto tinha sido proibido desde
1799, por questões morais e de saúde pública. O ópio passou a ser
contrabandeado pelos comerciantes ingleses, que plantavam a droga na Índia, na
região de Benguela, uma colônia de domínio Britânico.
A Inglaterra passou a vender ópio de forma ilegal,
repassando a droga para chineses, que por sua vez repassavam para população. O
contrabando do ópio era praticado principalmente pelos comerciantes ingleses
situados em Cantão.
Durante a tentativa de dominação Inglesa na China no século
XIX, a Inglaterra se destacou dando pressão para a abertura comercial aos
produtos ingleses.
O filme aborda a primeira guerra do ópio que foi iniciada
pela Inglaterra usando o motivo do combate feito pelo imperador chinês Daoguang
(1782-1850), que proibiu o contrabando de ópio, apreendendo os navios ingleses,
decretando a prisão e expulsão dos traficantes. Em represália a força naval
inglesa interviu na China cobrando os prejuízos após vencer a guerra.
Com a vitória da Inglaterra a China foi forçada a assinar o
Tratado de Nanquim em 1842 pelo qual foi humilhantemente submetida a franquear
ao comércio com a Inglaterra cinco portos e a extinguir a sua firma comercial
encarregada de efetuar o comércio com os empresários ocidentais e pagar uma
indenização de guerra e entregar ao domínio inglês a ilha de Hong-Kong, além de
permitir que em cada um dos cinco portos permanecesse fundeado um navio de
guerra inglês.
Análise
do filme
O filme é produzido na China, e é lançado em 1997, mostra a
todo momento que a “Guerra do Ópio” ocorrido no século XIX, têm dois lados da
história, ou seja, como foi a “Guerra” no olhar Oriental (China) e como foi
interpretada no olhar Britânico (Ingleses), porém, por ser um filme produzido
na China com direção e autoria de chineses, tentou-se mostrar os motivos de
interesse peculiares da “guerra”.
O filme inicia com uma frase “Uma nação é realmente soberana
quando olha para trás e revê suas
conquistas” (GUERRA DO ÓPIO, 1997), e sua primeira cena é a conversa entre dois
chineses, Lu Zdang, um professor viciado em ópio e Lin Zexu, o comissário
imperial que será o protagonista do filme. Lin Zexu, foi convocado pelo
Imperador para banir a entrada do ópio na China. Lu Zdang receia uma grande tragédia afirmando que, “o
ópio é a coisa mais abominável que a China já viu, leva as pessoas ao abandono
e as arruína [...] na minha opinião, fumar ópio é perigoso, mas impor o
banimento do ópio é ainda mais perigoso” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
Dos lados opostos lutando por diferentes interesses, a China
queria a estagnação da “droga” (ópio), pois, não aceitava ver a população
Chinesa doente, entregue as mazelas, morrendo com o elevado consumo da droga,
além disso, os altos oficiais do governo central estavam corrompidos.
O filme mostra ingleses subornando com prata ministros para
a autorização da entrada das mercadorias. Os chineses que cooperavam com os
Britânicos no tráfico do ópio eram condenados a morte por enforcamento,
considerado crime hediondo contra o império.
A palavra do comissário imperial para os ministros nos chama
atenção:
“As investigações mostram que vocês garantiram que todos os
navios estrangeiros que alegassem não transportar o ópio passassem livres pela
alfândega. Mas agora há ópio por toda parte, separando milhões de famílias,
matando milhões de pessoas e assaltando a Dinastia Qing em milhões de toneladas
de prata” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
O filme nos mostra em vários momentos o olhar chinês para o
imperialismo britânico. Outra fala do comissário imperial com o padre inglês
reforça uma sociedade marcada pela destruição: “Que acha de um país que foi
destruído durante os últimos cem anos e das milhares de pessoas mortas ou cujas
famílias foram arruinadas devido o ópio? Quem vai se solidarizar por eles? Onde
está o seu Deus?” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
Outras palavras do comissário aos ministros do império nos
mostram uma das leis da China: “de acordo com a lei da grande Dinastia Qing,
qualquer funcionário pego usando ópio perderá seu título, será deposto de seu
gabinete e exilado” (GUERRA DO ÓPIO). O comissário ainda enfatiza aos ministros
que: “Você é o pior contrabandistas de ópio. A reputação e a moral do império
estão arruinadas, por gente desonestas como você, como funcionário do império,
deveriam ser exemplo ao público em geral” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
Por outro lado, tinha os interesses Britânicos ao qual
queriam expandir seu mercado comercial, onde a China era detentora do alto
consumo do produto e o outro por questões politicas, pois o início da guerra
era uma forma de estratégia para adquirir a cidade de Hong Gong na China e a
abertura livre dos portos Chineses.
Em 24 de março de 1839, o superintendente britânico do comércio exterior da China chegou em
Canton (Guangzhou), assumindo toda a
responsabilidade das propriedades e do bem-estar da comunidade britânica na
China. A estratégia do superintendente britânico em abrir mão de 8 milhões de
ópio para os chineses destruírem foi para dar início a primeira guerra do ópio.
Em 1839 de 3 a 23 de junho, Lin Zexu destruiu 2.736.254 caixas de ópio.
O filme mostra que os ingleses tinham conhecimento de todo o
território chinês, dos rios, dos portos, das fortificações.
O pronunciamento da rainha Vitória no ataque a China:
“Se eu estivesse na posição de Lin Zexu, eu queimaria o
ópio. Mas agora a questão não é mais o ópio, nem a questão da vida e
propriedades de comerciantes. Se todas as nações seguirem o exemplo da China
rejeitando o livre comércio, o Império Britânico deixará de existir em um ano.
Esta é a razão de usarmos da força [...] a Inglaterra tem responsabilidade de
abrir este último território do Oriente [...] quem tiver a China terá todo o
Oriente” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
Em junho de 1840 a força naval expedicionária chegou na
China. De acordo com o filme “Dinghai foi ocupada em 6 de julho de 1840. Nos
registros de História da Guerra do Ópio nenhum oficial ou soldado Qing se
entregou ao inimigo. Centenas deles cometeram suicídio” (GUERRA DO ÓPIO, 1997).
O filme aborda a primeira Guerra do Ópio, ele também nos
mostra uma parte da cultura chinesa, a música, o canto, pintura, os modos de
comer, a estrutura da sociedade, alguns ritos culturais.
O filme procura
mostrar a luta do império chinês no combate ao tráfico de ópio. O resultado de
toda essa investida na conquista da China foi um massacre arrasador, que deixou
vários mortos. Depois do primeiro ataque, os ingleses exigiram da China a
indenização de seis milhões de Taels e a abertura de cinco portos, dentre eles,
o principal Hong Kong, Tratado este conhecido como Tratado de Nanquim.
Referências
Claudia Vanessa Brioso Santos é mestranda em História pelo
Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará e graduada em História pelo Instituto de Estudos do Trópico Úmido -
UNIFESSPA. E-mail: claudiavanessa.historia@gmail.com
Vanessa Nascimento
Martins Sales é graduada em História pela Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará. E-mail: vanessanmsales@gmail.com
BRUIT, Hector. O Imperialismo – 12. Ed. Ver. Atual. – São
Paulo: Atual, 1994.
HOBSBAWM, Eric. Era dos Impérios. São Paulo: Paz e Terra,
2011.
MORETTIN, Eduardo Victorio. O CINEMA
COMO FONTE HISTÓRICA NA OBRA DE MARC FERRO. História:
Questões & Debates, Curitiba, n. 38, p. 11-42, 2003. Editora UFPR.
NAPOLITANO, Marcos. FONTES AUDIOVISUAIS: A História depois do papel.
Fontes históricas / Carla Bassanezi Pinsky, (organizadora). — 2.ed., Ia
reimpressão.— São Paulo : Contexto, 2008.
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ResponderExcluirParabéns pelo texto. Uma dúvida com relação à metodologia no campo Cinema e História: a História já conta com metodologia própria para trabalhar com cinema como uma fonte, ou ainda precisamos importar métodos de outras áreas do conhecimento?
ResponderExcluirPaulo Roberto Camargos.
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Excluir
ExcluirBoa noite Paulo Roberto Camargos, até o século XIX, os historiadores utilizavam como fonte os documentos escritos, a partir do século XX com a Nova História surgem outras formas de construir história, ou seja, amplia-se a utilização das fontes como possibilidades da elaboração ao fazer histórico, a exemplo as fontes audiovisuais, fotografias, pinturas, esculturas, cinema, dentre outras. O cinema para o historiador Eduardo Morettin (2003) é incorporado ao fazer histórico a partir da década de 1970, portanto, o cinema pode ser trabalhado pelo historiador como fonte.
Claudia Vanessa Brioso Santos
Boa noite Paulo Roberto Camargo, como mencionou minha nobre colega Claudia "no século XIX, fontes documentais escritas,e no século XX Nova História". Nesse sentido Pinsky (2008)nos orienta "Vivemos em um mundo dominado por imagens e sons obtidos "diretamente" da realidade, seja pela encenação ficcional, seja pelo registro documental, por meio de aparatos técnicos cada vez mais sofisticados [...]A questão, no entanto, é perceber as fontes audiovisuais e musicais em suas estruturas internas de linguagem e seus mecanismos de representação da realidade, a partir de seus códigos internos (PINSKY 2008,p 235-236).
ExcluirNesse sentido, a História busca analisar os fatos partindo das representações projetadas na fontes audiovisuais.
Vanessa Nascimento Martins Sales
Boa tarde,
ResponderExcluirGostei muito do texto e do tema abordado. Gostaria apenas de perguntar se consideram que o imperalismo foi o fator preponderante e que explica o surgimento de uma série de revoltas populares, inclusive bastante sangrentas, durante o século XIX?
Obrigada.
Daniele Prozczinski
Boa noite Daniele Prozczinski, agradeço por sua pergunta. Existiram várias formas de resistência contra o imperialismo, na Ásia por exemplo além da luta dos chineses contra o imperilaismo inglês abordado aqui no texto que resultou a Guerra do Ópio, a Índia resistiu por cem anos para alcançar a sua conquista e não só nesses paises asiáticos, em países do continente africano, a conquista de Madagáscar pelos franceses vitimou cem mil pessoas, a conquista da Argélia aos franceses custou quarenta anos de guerras, resultando ao povo argelino 1 milhão e meio de mortos. Uma das discussões que abordam o Imperialismo e explica de maneira clara essas revoltas populares, como forma de resistência ao dominio das potências imperialistas é "O Imperialismo" de Hector Bruit (1994).
ExcluirClaudia Vanessa Brioso Santos.
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ExcluirBoa noite Daniele Prozczinski, quando nos referimos à conceitos, tais como "Imperialismo", devemos ter um cuidado para não cair no erro de relacionarmos o Imperialismo somente a guerras e violências brutais. Para um definição do conceito Imperialismo, o Dicionário de Conceitos Históricos, escrito por Kalina e Vanderlei Silva, nos mostra que "Uma primeira questão na definição de Imperialismo é seu caráter múltiplo: Não há um imperialismo, mas imperialismos. Cada um com suas práticas e estratégias de controle específico [...]As múltiplas definições de imperialismo podem ser buscada em uma historiografia tão vasta quando heterogênea [...]O conceito designa também o conjunto de práticas e teorias que um centro metropolitano elabora para controlar um território distante ( SILVA & SILVA 2009. p. 218)". Nesse sentido, o Imperialismo se deu de formas diferentes, entretanto com o mesmo objetivo. As grandes potencias utilizaram varias formas de dominação imperialistas, desde jogos de interesses políticos a expansão territoriais e culturais, dentre outros.
ExcluirAtt
Vanessa Nascimento Martins Sale
Boa tarde!
ResponderExcluirA princípio, gostaria de parabenizar ambas as autoras, Cláudia Santos e Vanessa Nascimento.
Na atualidade é imprescindível o uso de recursos didáticos em sala de aula, à exemplo: os filme; enquanto produções cinematográficas e de cunho didático-pedagógico é um método essencial no espaço escolar, manuseado de forma correta pelos docentes da Educação Básica,sobretudo, professores das áreas humanas( História , Geografia , Filosofia etc.).
É claro, sem esquecer da contextualização conteudinal .
Att.,
Maykon Albuquerque Lacerda
Boa noite Maykon Albuquerque Lacerda. Sim, é imprescindível o uso de recursos didáticos na sala de aula. Posso fala que nas minhas experiências de Estágio dentro da sala de aula, dificilmente um professor consegue manter (prender) a atenção do aluno voltado para ele. Nessa forma, didáticas e métodos de ensino, nos auxiliam na elaboração de uma aula. Vale ressaltar que nos dias atuais, os jovens e adultos estão "cada vez mais" ligados nas multimídias, cabe ao professor se valer desses aspectos para desenvolver sua aula e como você mesmo reforçou "sempre considerando a contextualização dos conteúdos".
ExcluirAtt
Vanessa Nascimento Martins Sales
Olá, prezadas Cláudia Vanessa e Vanessa Martins,
ResponderExcluirFiquei muito feliz por terem apresentado essa comunicação! mais feliz ainda pelo exercício que realizaram entrecruzando um tema da História Contemporânea, o uso do filme como reflexão histórica e didática e o próprio ensino de História, pois a análise do filme é um movimento intelectual que fornece possibilidades metodológicas de análise do assunto em tela. A discussão feita por vocês é muito interessante e revela a proficuidade da temática - que não deixa de ser - da ordem do dia.Em Cultura e Imperialismo, Said, nos lembra que além do lucro, o imperialismo se comprometia com a constante circulação e recirculação, pois assim criava uma ambiência de que era natural a presença imperial em territórios de povos distantes. Essa possibilidade de trânsito imperial gestava a sensação de que o imperialismo era uma necessidade... uma longa discussão...
Que bom que a disciplina de História Contemporânea contribuiu na formação histórica de vocês e fico muito feliz com o trabalho apresentado e o crescimento acadêmico.
Att,
Roberg Januário dos Santos.
Boa noite professor Roberg Januário dos Santos, sinto-me privilegiada por todas as suas contribuições e, essa temática dentro da graduação foi de suma importância para nós discentes em formação do curso de História, pois, possibilitou a compreensão dos conceitos e da problematização do imperialismo e suas relações de saber e poder do Ocidente e do Oriente. Para além da teoria e das grandes obras acerca do tema apresentado na Disciplina de História Contemporânea, a prática das atividades estabelecidas promoveram a experiência do contato de análise de fonte como o filme, os livros didáticos e as imagens, proporcionando ao discente a prática de problematizar, analisar e produzir história.
ExcluirAtt,
Claudia Vanessa Brioso Santos.
Ola, estimado professor Roberg, é gratificante sua contribuição nos comentários. Sim, a disciplina de História Contemporânea foi de grande valia para esse trabalho, pois estamos colhendo os bons frutos, por intermédio de um grande mestre que nos auxiliou para o nosso crescimento acadêmico.
ExcluirEstimado professor, assim como Said "nos lembra que além do lucro, o imperialismo se comprometia com a constante circulação e recirculação[...]" Lênin escreve em 1915 "não é somente um dos problemas essenciais, mas provavelmente o mais essencial na esfera da ciência econômica que estuda a mudança de forma do capitalismo nos tempos modernos. Conhecer os fatos relacionados a esta esfera, [...], é absolutamente indispensável para quem se interessa, não só pela economia, mas por qualquer aspecto da vida social contemporânea". Desse modo, sigamos o seu conselho, buscar compreender o imperialismo é de suma importância, mesmo que ela possa ter adquirido roupagens diferenciadas.
Att,
Vanessa Nascimento Martins Sales.
Estimadas Cláudia Vanessa e Vanessa Martins parabéns pela comunicação!! Dialogar acerca do uso de novas tecnologias no ensino de história é uma excelente proposta, principalmente para temas clássicos como o Imperialismo. Para Marcos Napolitano em seu livro "Como usar o cinema na sala de aula": "trabalhar com o cinema na sala de aula é ajudar a escola a reencontrar a cultura, ao mesmo tempo cotidiana e elevada, pois o cinema é o campo no qual a estética, o lazer, a ideologia, os valores sociais mais amplos são sintetizados numa mesma obra de arte (NAPOLITANO, 2009, p. 15).
ResponderExcluirLucilvana Ferreira Barros
Estimada professora Lucilvana Ferreira Barros, é um prazer ter suas contribuições sobre trabalhar o cinema na sala de aula, lembro-me que em suas aulas dentro da universidade foi possível trabalharmos a análise de filme na disciplina de História da África e inclusive a análise estava dentro da temática Imperialismo, devo ressaltar aqui a dissertação de mestrado de Marcos José de Melo (2012) "Como se fossem Insetos: África e Ideologia no Cinema Contemporâneo", que nos ajudou a refletir e analisar o cinema como fonte. O cinema é um recurso pedagógico que está sendo trabalhado nas escolas e dentro da universidade por muitos professores principalmente da área de História, em "Cinema e História" de Marc Ferro (2010), o autor aborda que "hoje com o cinema e a televisão, a História conhece uma nova forma de expressão" (FERRO, 2010, p. 182), ainda ressalta que os filmes "contribuem, de modo criativo, para que certos fenômenos históricos se tornem inteligíveis"(FERRO, 2010, p. 184).
ExcluirAtt,
Claudia Vanessa Brioso Santos.
Boa noite, bem legal o seu trabalho. O filme passa uma ideia de que a derrota é apenas resultado do avanço tecnológica da Inglaterra. Na sua opinião outras questões estão envoltas na derrota chinesa? Grato Marlon Barcelos Ferreira
ResponderExcluirBoa noite Marlon Barcelos Ferreira, essa questão do avanço tecnológico entre a Inglaterra comparada ao território foi apenas um entre inúmeros aspectos retratado no filme. Houve outros motivos que culminaram na derrota, dentre eles a corrupção de ministros chineses, liberando a comercialização do opio. Enfim, o principal motivo pelo qual os ingleses quiseram conquistar o território da China, pelo simples fato da localização geográfica em que se encontrava. A Inglaterra tinha interesses econômicos em utilizar os canais comercias da China para expansão do capitalismo Britânico. O estopim da guerra foi apenas um jogo político para os Britânicos conquistarem o território chinês.
ExcluirAtt,
Vanessa Nascimento Martins Sales.
Prezadas Cláudia Vanessa e Vanessa Nascimento, parabéns pela elaboração da discussão!
ResponderExcluirEssa releitura que fazemos do passado sobre as diversas experiências do Oriente sob o olhar do próprio Oriente, uma perspectiva que pretende “descolonizar” a construção do conhecimento consolidado pelo discurso dominante do Ocidente, refletido em sala de aula, inclusive nas produções audiovisuais, avançam nas academias. Sendo assim, gostaria de saber se, de acordo com as experiências das autoras, esse avanço já está refletindo na educação básica: no livro didático, na sala de aula, como a exploração do próprio audiovisual enquanto um outro recurso a ser explorado sob o olhar dessa nova perspectiva.
Obrigado!
Att,
Rivaldo Amador de Sousa
Boa noite Rivaldo Amador de Sousa, obrigada por sua pergunta. Esses avanços só se é possível quando se é trabalhado pelo historiador, nesse caso para poder falar de forma geral do reflexo no ensino básico dependeria de uma pesquisa. Mas relatando nossas experiências com a análise de fonte de materiais didáticos utilizados no município de Xinguara/Pa, e eu abordo o livro didático, por que é o material mais utilizado nesta cidade pelos professores, percebemos por exemplo, que dentro conteúdo de Imperialismo muitas imagens mostram a superioridade dos países europeus em colonizar como se fosse um processo sem conflitos e mostrando diversas sociedades sendo dominadas com facilidade, não abordando suas resistências, em outras imagens foi possível notar que não há diálogo entre figura e texto, ou seja, as figuras são inseridas como descanso visual. Cabe ao professor de História nessa situação ir além do conteúdo do livro, ele pode utilizar a mesma fonte analisando e mostrando essas lacunas aos seus alunos, assim também ele pode trazer para sala de aula outras fontes como a audiovisuais, e nessa perspectiva quero citar Circe Bittencourt (2011) em "Ensino de História: Fundamento e Métodos" aborda que "Um documento pode ser usado simplesmente como ilustração, para servir como instrumento de reforço de uma ideia expressa na aula pelo professor ou pelo texto do livro didático. Pode também servir como fonte de informação, explicitando uma situação histórica, reforçando a ação de determinados sujeitos, etc, ou pode servir ainda para introduzir o tema de estudo, assumindo neste caso a condição de situação problema, para que o aluno identifique o objeto de estudo ou o tema histórico a ser pesquisado. Dessa forma, os objetivos do uso de documentos são bastante diversos para o professor e para o historiador, assim como os problemas a que ambos fazem frente. Um desafio para o professor é exatamente ter critérios para a seleção desse recurso".
ExcluirAtt,
Claudia Vanessa Brioso Santos.
Sebastião Vicente da Silva 08 de agosto de 2019. Interessante a conceituação que se faz a respeito do imperialismo e a abordagem sobre a GUERRA DO Ópio, será que os reflexos do e utilização do ópio ainda deixa resquícios na China atual, e esse filme escrito pelos chineses pode ser considerado a quebra de paradigma da história eurocentrica?
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