Vânia Alves e Joyce Rosa


“MULHER IMPERIAL”, PEARL S. BUCK: REVELAÇÕES SOBRE AS ÚLTIMAS DÉCADAS DA DINASTIA CHING
Vânia Maria Siqueira Alves
Joyce Karolinne Siqueira Rosa

 Introdução
O romance histórico “Mulher Imperial”, escrito em 1957 pela escritora chinesa-americana Pearl S. Buck (1892 – 1973) trata da história de Tzu Hsi (1835 – 1908), mais conhecida como Cixi, denominação que será utilizada neste trabalho. Filha de um manchu de linhagem imperial, órfã, residiu com a mãe em Pewter Lane, Pequim na casa de um tio até os 17 anos quando foi convocada a ser submetida à inspeção do palácio Imperial da Cidade Proibida para se tornar concubina do imperador. Aprovada, tornou-se a concubina preferida do imperador, chegando posteriormente ao governo da China no final do século XIX (1860) e início do XX (1908).
Ainda pouco conhecida no meio acadêmico brasileiro, a autora do romance Pearl. S. Buck (1892 – 1973) nasceu nos Estados Unidos, filha de pais missionários viveu cerca de três décadas e meia na China, o que propiciou grande conhecimento da cultura, da língua e da realidade chinesa, sendo considerada uma especialista em questões orientais, sobretudo acerca da China.  Suas ideias sobre a China foram transmitidas através dos seus romances, posicionamentos na imprensa americana e das suas intervenções políticas.
Foi aguerrida na luta pela revogação das Chinese Exclusion Acts, lei que proibia a imigração de trabalhadores chineses nos Estados Unidos e contra as guerras. Também foi insistente nos temas do preconceito racial e em defesa dos direitos das mulheres e minorias.  As suas obras e os romances sobre a China, em particular, e sobre o Oriente, em geral, constituíram em importante instrumento para mudar a ideia que os Estados Unidos tinham sobre os povos asiáticos (FRANCO, 2007).
 “Mulher Imperial” faz parte de um conjunto de obras da autora que milita outro olhar para os chineses durante e após Segunda Guerra Mundial na cultura ocidental, especialmente nos Estados Unidos. 
Em perspectiva heroica, mas sem deixar de mostrar aspectos do conservadorismo, corrupção, violência, resistência às transformações modernas, Pearl. S. Buck aborda as últimas décadas da dinastia Ching sob o governo da Imperatriz Cixi apresentando-a como uma mulher astuta e capaz de maquinações para chegar e manter-se no poder. Os ataques de cólera quando contrariada e seu desejo de pompa e magnificência permeiam a obra. Traz a tona, aspectos importantes da vida econômica, social, política e cultural da China na segunda metade do século XIX e início do século XX, destacando, sobretudo a política imperialista ocidental sobre esse país e as rebeliões vivenciadas no período.
Para Segrillo (2013), os estudos ocidentais passaram a ideia de Ásia como uma região adormecida desde séculos e que de alguma forma seria acordada pela influência ocidental, mais precisamente na segunda metade do século XIX. Do ponto de uma história revisionista só a partir do século XIX tem-se uma viragem na História da Ásia, onde perdeu seu cetro de maior economia mundial.
O presente trabalho além de traçar um diálogo entre a literatura e a história, utilizando a literatura como fonte para a História, traz novo olhar sobre a história da Imperatriz Cixi, apresentada comumente como uma déspota conservadora e sanguinária.
Para Pesavento (2003, p. 39), a “Literatura, como se sabe, é sempre fonte de si mesma, ou seja, diz sobre o presente da sua escrita e não sobre a temporalidade do narrado.”
“Mulher Imperial” pode ser classificada como um romance histórico, cuja ordem teórica conta com o trabalho pioneiro de George Lukàcs em 1937. Para  COSSON e  SCHWANTES (2005), embora o compromisso do autor seja com a ficção, a escritura do romance histórico demanda um longo trabalho de pesquisa em documentos e fontes históricas.
No prefácio, a autora apresenta sua obra como resultado de fontes disponíveis e de suas recordações sobre o que chineses conhecidos pensavam sobre a imperatriz viúva Tzu Hsi. “O bem e o mal mesclavam-se nela, mas sempre numa dimensão heroica”. Os escritores ocidentais com raras exceções descreveram-na de maneira desfavorável (BUCK, 1957,  p. 7).
“Mulher Imperial” como todo romance histórico não teve a pretensão de repetir o relato dos grandes acontecimentos, nesse caso a vida da Imperatriz Cixi, mas ressuscitar poeticamente esta personagem e algumas experiências vividas por ela.
“Mulher Imperial”, Pearl S. Buck: revelações sobre as últimas décadas da Dinastia Ching
Dividida em cinco capítulos, a obra traça a vida da Imperatriz Cixi a partir de sua ida para a corte até a última fase como imperatriz. Cada capítulo trata de uma fase da vida política da imperatriz sintetizada nos respectivos títulos como se pode verificar a seguir. As dificuldades enfrentadas pelo Império, especialmente as rebeliões internas e o avanço estrangeiro sobre a China permeiam a história narrada bem como as intrigas palacianas, a opulência dos governantes, os conflitos com os cristãos, a violência e a exploração sobre a população. O cotidiano dos eunucos e concubinas também destaca-se na obra.
No primeiro capítulo “Yehonala”, a autora descreve a casa e o cotidiano da jovem Orquídea, futura Imperatriz Viúva Tzu-hsi ou Imperatriz Viúva Cixi  e o processo de escolha como concubina do imperador.
Convocada em 1852 junto a outras jovens a fim de se submeterem à inspeção no Palácio Imperial da Cidade Proibida para escolha das concubinas do imperador, a jovem Orquídea foi escolhida e assumiu o nome de Yehonala, nome de clã da família. Desde o início desejava tornar-se a concubina favorita e dar um filho ao imperador (BUCK, 1957). Durante quase dois anos, o imperador não mostrou nenhuma atração especial por Cixi. Somente a partir do nascimento do único filho homem do imperador em 1856 é que condição de Yehonala mudou.
O romance apresenta Jung Lu, guarda dos portões da Cidade Proibida, parente de Yehonala como seu amor. História que nunca se concretizou perpassa toda a obra numa dimensão heroica. Segundo CHANG (2014, p. 32), Cixi teria se apaixonado por seu eunuco favorito, An Pequeno, a quem ela teria concedido muitos privilégios.
No romance, a consorte do imperador era Sakota, prima de Yeonala. Apresentada como uma mulher fraca e de saúde frágil. De acordo com Chang (2014), o imperador chegou a ter dezenove consortes. A imperatriz era uma moça chamada Zhen que entrara para a corte como concubina com Cixi e fora promovida a primeira categoria, a de imperatriz. Diferentemente da sua apresentação no romance, era uma mulher corajosa e sempre mediava os conflitos entre o imperador e as concubinas.
Além das maquinações para servir a mãe do imperador e o trabalho do eunuco para levar o nome Yeonala ao imperador, ela se dedicou com afinco aos estudos e artes e preparando-se para o possível exercício do poder. Segundo Chang (2014), Cixi não sabia nem falar, nem escrever o manchu, sabia ler e escrever um pouco de chinês. Ao que parece, ela tentou lhe dar algumas sugestões ao imperador sobre como ele poderia enfrentar as sublevações tais com a Taiping. Tais opiniões desagradaram-no, o que o fez recorrer a imperatriz Zhen para que tomasse alguma atitude em relação a Cixi.
Um dos maiores desafios à autoridade Ching surgiu na metade do século XIX, com as rebeliões Taipings (1850 - 1864) e Nian (1851 - 1868), que estiveram bastante próximas de derrotar a dinastia manchu. As guerras com os ingleses e russos também são descritas nesse capítulo, bem como a necessidade de resistência aos desejos dos estrangeiros. Após análise da conjuntura externa, ficou evidente para Yeonala que os rebeldes chineses não eram os inimigos do Império e sim os estrangeiros, os brancos.
O Segundo capítulo “Tzu Hsi” aborda a condição de consorte de Yehonala onde recebeu o nome de Tzu Hsi, a mãe sagrada até a morte do imperador Xianfeng quando assumiu o poder na condição de imperatriz mãe.
Na condição de consorte iniciou sua participação na vida política do Império assistindo as reuniões atrás do Biombo do Dragão, no Salão do Trono com a intenção de aprender a governar. Também aparece na intimidade como conselheira do imperador. Além da segunda Guerra do Ópio (1856 - 1860) iniciada após o incidente diplomático entre chineses, franceses e ingleses, este capítulo também aborda a destruição do Palácio de Verão pelos estrangeiros e ação dos rebeldes  taipings (BUCK, 1957).  Segundo Chang (2014), durante essa crise dinástica sem precedentes, Cixi não exerceu nenhum papel político, não era permitido Cixi falar com o marido sobre assuntos que envolvessem politica. A participação de Cixi na vida política só ocorreu quando se tornou regente, após morte do imperador. Para essa autora, a ideia de Cixi como belicosa deve a uma biografia escrita em 1910 pelo inglês Sir Edmund Backhouse no qual forjou um diário, mostrando Cixi como uma figura muito belicosa e conselheira do marido.
Com a doença do imperador em estágio bastante avançado, Cixi e consorte Zhen articularam um golpe e assumiram o poder.  Em “Mulher Imperial” foi atribuído uma tentativa de golpe pelos regentes que acabaram derrotados.  Com a morte do Imperador, Zaichun, filho de Cixi tornou-se o herdeiro do trono aos seis anos, tornando-se o Imperador Tongzhi, mas poucos meses depois um golpe de estado levou Cixi a assumir o poder de fato (CHANG, 2014).
No terceiro capítulo, “Imperatriz mãe”, trata de Cixi, atrás do trono do filho. Cixi governou o país até 1873 quando o filho atingiu a idade de dezesseis anos, casou-se e assumiu o trono. Dois anos depois, o imperador morreu de varíola sem deixar sucessor e sua mãe seria reconduzida ao poder, desta vez em nome de seu pequeno sobrinho, Guangxu. Os efeitos dos tratados decorrentes das guerras com os ocidentais são abordados ao longo do capítulo. Além da Revolta dos Tapings, novas revoltas estouraram entre os moslins - originários do Oriente Médio - no país.
Buck (1957) apresenta Cixi como resistente aos estrangeiros, embora tenha buscado estabelecer relações amistosas com o ocidente. O período de paz com o ocidente também é apontado por Chang (2014), bem como a ajuda ocidental na derrocada da rebelião Taiping. A implantação de um novo sistema de alfândegas com funcionários estrangeiros contratados foi muito importante para a economia chinesa.
Também neste capítulo evidencia-se mais o conflito com os cristãos.  A expansão do cristianismo na China aparecia associada à expansão comercial. “E agora já todos sabiam que, onde fossem os cristãos primeiro, vinham logo depois os mercadores e os navios de guerra” (BUCK, 1957, p. 222). 
Após o casamento, o jovem imperador e a imperatriz estavam prontos para serem declarados cabeças da nação. As regentes abandonaram o posto o qual tinham exercido durante doze anos. Fora do exercício do poder, a imperatriz mãe gozava de seu ócio pintando e escrevendo peças teatrais (BUCK, 1957).
A imperatriz fora do poder continuava acompanhado o desenrolar das ações graças ao trabalho dos “espiões” e algumas vezes emitia suas opiniões via conselheiros e/ou pessoalmente. Buscando agradar a mãe, mesmo com as dificuldades financeiras do império, o imperador propôs reconstruir o Palácio de Verão. Também novos conflitos surgiram com o Japão (BUCK, 1957). 
No romance, o imperador aparece como um jovem bastante dedicado à consorte. Só nos últimos tempos teria extrapolado no que se refere à diversão e sexo.  Segundo Chang (2014), apenas no primeiro ano de governo, o imperador foi disciplinado nas funções do governo. Era bastante negligente. Também não dava atenção à esposa. Gastava seu tempo divertindo e traquinando-se com os eunucos.
Vítima de varíola, o imperador faleceu em 1875 sem ter completado dezenove anos e deixar herdeiros. Pouco tempo depois, também morreu a irmã do imperador. Grávida e muito abalada com a morte do herdeiro, Alute, a consorte teria engolido ópio e morrido. Diante da morte do filho, a imperatriz nomeou seu sobrinho, uma criança, filho da irmã e do príncipe Ch’um, irmão do falecido marido para herdeiro do trono. Até o menino atingir idade para assumir o trono, Cixi voltaria ao poder (1875 - 89).
“A Imperatriz”, quarto capítulo, trata da regência de Cixi até a chegada do novo herdeiro, seu sobrinho ao poder e posterior retorno ao poder após prisão deste.  Aos dezessete anos, o novo imperador assumiu o poder e a imperatriz afastou-se para o Palácio de Verão onde permaneceu até o seu retorno ao poder novamente. Acusado de conspirar contra a sua imperatriz-tutora, o imperador Guangxu foi mantido  sob a condição de prisioneiro em seu próprio palácio e Cixi voltou ao poder (BUCK, 1957). Essa fase foi marcada pelo agravamento das tensões internas entre os tradicionalistas e os modernizadores, e maior intensidade nas ações autoritárias de Cixi.
Entre anos de 1875 a 1889 houve uma aceleração do processo de modernização. Instalações de telégrafo, início da moderna mineração de carvão, eletricidade, substituição do antigo meio circulante nacional, baseado em lingotes de prata, por moedas fabricadas destacaram-se nesse processo. Mas a implantação das estradas de ferro foi um projeto prorrogado e sofreu grande resistência. Também entre os anos de 1876 – 1878 a China foi afetada por uma grande sucessão de desastres naturais – inundações, secas e pragas de gafanhotos -, uma das piores registradas na história do país. “Ainda que decidida a fomentar mudanças em certas áreas, em outras ela resistia às novidades ou só aceitava com relutância” (CHANG, 2014, p. 165).
Defender o Império também esteve entre as ações de Cixi durante esse período. O período de 1894-1895 foi marcado por um duro golpe na confiança chinesa, decorrente de uma guerra com a França pela Indochina, seguida de uma derrota diante do Japão numa guerra na ocupação militar da Coreia. A China cedeu Taiwan (Formosa), as ilhas dos pescadores e a península de Liao-Tung ao Japão e concedeu independência a Coreia. Após guerra com o Japão, às áreas de influência das potências ocidentais - Inglaterra, França, Alemanha, Itália, Rússia, Estados Unidos e Japão - se consolidaram na China como pode verificar no mapa a seguir.


Fonte: https://www.sutori.com/story/session-1-imperialism-and-nation-building--R1aSPsz3hgXZJcEZL6Kp5o2N
Como reação chinesa ao avanço imperialista ocidental explodiram sucessivas revoltas e movimentos populares, conhecidos como revolta dos boxers entre 1900 - 1901. Os boxers rebelaram contra a presença de estrangeiros na China e atacaram missionários e delegações ocidentais.
Aos dezessete anos, o novo imperador casou-se e assumiu o poder. A liberdade de governo do Imperador Guangxu durou pouco. Segundo Trevisan (2012), ele só conseguiu governar de maneira independente em 1898, quando já tinha 26 anos.   Nesse ano, lançou um programa de modernização, batizado de “Cem Dias de Reforma”. As mudanças modernizantes conduzidas pelo imperador foram recebidas internamente com forte resistência pelos conservadores – entre os quais a própria mãe do imperador - e contribuíram para a articulação de um golpe que o tornaria prisioneiro no próprio palácio.
Alegando o planejamento de um golpe por parte do imperador, a imperatriz articulou a deposição do sobrinho tornando-o prisioneiro e a sua volta ao poder. Além de anular muitos decretos, expulsou estrangeiros e aliou-se a uma sociedade secreta chamada, Punhos Justos e Harmoniosos, nomeada pelos ocidentais de Boxers. 
“Velho Buda”, apelido dado à imperatriz por um eunuco nomeia o quinto capítulo que trata da segunda fase do governo de Cixi após a deposição e prisão do imperador. A abertura da China aparece mais evidente.  Recepção às mulheres dos estrangeiros e o uso do trem pela imperatriz aparece neste capítulo.
Vistos como rebeldes que tinham recursos mágicos que impediam a sua morte, os boxers lutaram contra a presença ocidental por meio do enfrentamento físico, prática de atentados e sabotagem. A Guerra dos Boxers foi derrotada por uma coligação de exércitos estrangeiros com o humilhante Protocolo dos Boxers.  Alguns movimentos de irritação apareceram, principalmente contra os estrangeiros.  Ataques a padres gerou um clima de instabilidade (BUCK, 1957). 
Diante do clima de guerra, a imperatriz exilou mais uma vez. Em uma viagem de noventa dias na qual levou o imperador prisioneiro instalou a corte na cidade se Sian,  Província de Shensi. Mais uma vez o Palácio de Verão fora atacado. Cixi entendeu que precisava ceder aos estrangeiros. Retornou do exílio e celebrou a paz com os estrangeiros.
A volta do exílio marcou muitas transformações no governo de Cixi. Curiosa a respeito das coisas ocidentais, além da suspensão dos velhos exames imperiais, “para espanto de todos, chegou a encorajar os jovens chineses a viajarem para exterior e aprenderem a ciência e o engenho dos ocidentais”. Também expediu decreto sobre o uso do ópio. As penas de esquartejamento e corte em fatias, queimaduras e chicoteamentos, punição de parentes inocentes foram suspensas (BUCK, 1957, p. 344).
Para Trevisan (2012), a adoção de tais medidas  a partir de 1901 foi a última tentativa de  Cixi e a corte manchu manter a dinastia Ching. A influência da imperatriz Cixi se estendeu até o fim do Império. Pouco antes de sua morte, em 1908, Cixi anunciou que o Império do Meio adotaria princípios constitucionais de maneira gradual, durante um período de nove anos tendo sido eleitas as primeiras Assembleias provinciais  eleitas em 1909.
A preocupação da imperatriz agora era descobrir um herdeiro, um herdeiro autêntico, “um menino, em nome do qual governaria enquanto ele seria instruído para as altas funções de Imperador. Mas desta vez permitiria que ensinasse ao herdeiro o que era o mundo” (BUCK, 1957, p. 448). 
Cixi morreu aos 72 anos, no dia 15 de novembro de 1908, um dia após a morte do imperador Guangxu aos 37 anos.  Em 2008, o governo chinês divulgou o resultado  de análise de parte dos restos mortais onde  se concluiu que ele foi envenenado por arsênico, mas a autoria do assassinato continua envolta em mistério.  Puyi, o herdeiro escolhido por Cixi no seu leito de morte assumiu o trono e foi o último imperador da China.
Considerações Finais
“Mulher Imperial” trouxe a trajetória de Cixi e como todo romance histórico buscou ressuscitar poeticamente esta personagem e algumas experiências vividas por ela. Apresentada numa perspectiva heroica, Cixi, astuta e com forte atração pelo poder político mescla atitudes de conciliação e enfrentamento, resistência e abertura, violência e paz.
Inserida no contexto de luta da autora para reconhecimento dos chineses nos Estados Unidos, a obra trouxe a tona, os efeitos da política imperialista ocidental sobre esse país e as rebeliões vivenciada no período. Por outro lado, evidencia também a resistência e o inicio do processo de modernização da China nos moldes da política ocidental.
Referências
Vânia Maria Siqueira Alves é Graduada em História pela Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, Mestre em História pela Universidade Severino Sombra – USS/RJ e Doutora em Museologia e Patrimônio pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO. Professora da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes.
Joyce Karolinne Siqueira Rosa é Graduada em Biblioteconomia pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG. Bibliotecária da Fundação Bradesco.
BUCK, Pearl S. Mulher Imperial. São Paulo: Melhoramentos, 1957
CHANG, Jung. A Imperatriz de Ferro. A concubina que criou a China Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 2014.
COSSON, Rildo & SCHWANTES, Cíntia. Historical Novel: The Fictions of History. Itinerários, Araraquara, n. 23, p. 29-37, 2005.
FRANCO, Paulo Fernando Mascarenhas. Pearl S. Buck Uma ponte entre os Estados Unidos e a China. Mestrado em Estudos Americanos. Universidade Aberta, Portugal,  2007.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. O mundo como texto: leituras da História e da Literatura. História da Educação ASPHE/FaE/UFPeL, Pelotas, N. 14,  Set. 2003, p. 31-45
SEGRILLO, Angelo. Introdução. SEGRILLO, Angelo. História Revisionista da Ásia e outros ensaios do Laboratório de Estudos da Ásia da USP. São Paulo: LEA-USP, 2013, p. 14 - 86
Trevisan, Claudia. Os chineses São Paulo: Contexto, 2012.


5 comentários:

  1. Olá, Vânia e Joyce.

    Tudo bem? Adorei o texto! Vocês poderiam comentar um pouco mais a respeito das fontes que Buck utiliza para escrever seus romances? Vocês mencionam que ela utilizou suas memórias pessoais e fontes disponíveis no período. Quais fontes eram essas? Além disso, no romance em questão, vocês acreditam que ela foca demasiado na psicologia da Imperatriz chinesa ou ela consegue articular a personalidade de Cixi a questões como o imperialismo e a desigualdade social que marcava a sociedade chinesa? Obrigado!

    Abraços,
    Edelson Costa Parnov

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  2. A autora afirma que a história da imperatriz foi uma das fascinantes que conheceu e que a escreveu a partir das histórias contadas pelos camponeses que conhecera em suas andanças no interior da China dezenove anos depois da morte da imperatriz. “Quem cuidará de nós agora?” era o que ouvia de muitos. Para ela, a imperatriz era uma personalidade em que mesclava o bem e o mal e isso foi demonstrado ao longo da obra. O imperialismo, as dificuldades econômicas, as rebeliões são temas que entrelaçam na história apresentada.
    Joyce Karolinne de Siqueira Rosa

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  3. Oi Edelson,
    Obrigada! É uma obra muito interessante!
    No prefácio da obra, a autora afirma ter escrito o romance a partir das suas próprias recordações de histórias sobre a imperatriz contadas por chineses que conhecera na infância. Para essa autora, apesar da grande resistência sofrida pela imperatriz, sobretudo pelos grupos rebeldes, ela era reverenciada pelos camponeses e gente das pequenas aldeias.
    Buck foi casada por um tempo com John Lossing Buck em 1917, um economista agrícola, tendo servido de intérprete para o mesmo, acompanhando-o nas suas viagens pelas províncias rurais chinesas e conhecendo de perto a realidade desse povo.
    A autora contextualiza bem a história pessoal da imperatriz ao momento vivenciado pela China, especialmente a questão da dominação estrangeira. Consegue mostrar essa personalidade cheia de facetas. A desigualdade social, a instabilidade política, as dificuldades econômicas, a condição da mulher são aspectos bastantes evidentes na obra.
    Vânia Maria Siqueira Alves

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