MEMÓRIAS RELEMBRADAS, HISTÓRIAS DESFIGURADAS: UM ESBOÇO SOBRE A
TRAJETÓRIA DAS “COMFORT WOMEN” COREANAS
Isaias Holowate
Introdução
A história das “Comfort Women” é uma
das mais trágicas que acompanham os fatos da Segunda Guerra Mundial. Tratava-se
de meninas, adolescentes e jovens recrutadas livremente e/ou forçadas a
escravidão sexual pelos órgãos do exército japonês especialmente em territórios
ocupados.
O termo em si é um tanto delicado: O
governo japonês reconheceu a existência de corpos de “Comfort Women” apenas a
partir de 1990, após diversas manifestações das autoridades coreanas e,
principalmente, de grupos de ativistas que começaram a trazer à luz a história
dessas mulheres. Ainda assim, o
reconhecimento japonês desse crime de guerra foi um tanto ambíguo: ao mesmo
tempo em que estimulava a criação de entidades para reconstruir a história
dessas mulheres como o “Global Alliance for Historical Truth” (GAHT) de Koichi
Mera, também discursivamente atenuava o significado desse evento, alternando em
seus discursos os termos “mulheres de conforto” e “prostitutas”. Mera, fundador
do GAHT inclusive, lançou um olhar diferente para a história das Comfort Women
tomando a posição que “prostituição é uma carreira honrada para aquelas que
enfrentam a pobreza” (MERA, 2016) e com isso incorreu à fúria dos ativistas
coreanos, pois a prostituição é proibida na Coréia do Sul, e culturalmente não
aceita, – embora continue a existir ilegalmente.
Segundo o discurso de Misaki (2003),
as Comfort Women eram estabelecidas legalmente na época, licenciadas para
prostituição, recompensadas e pagas. Eram recrutadas por empresas privadas
através de anúncios de jornais do interior, da mesma forma que ocorria com as
Comfort Women japonesas, que também eram responsabilidade do Estado.
As razões oficiais para a criação do
corpo dessas mulheres apresentadas pelo exército japonês eram as seguintes:
“Prevenir o estupro de mulheres em
territórios recentemente ocupados por forças militares japonesas, especialmente
após as atrocidades que cercaram o Massacre de Nanjing em 1937. O estupro em
larga escala de mulheres pelos militares japoneses ocorreu quando o Japão
expandiu sua rede de influência em Manchukuo, Nanjing, Xangai. Além disso,
buscava-se evitar a propagação de doenças sexualmente transmissíveis (DST)
entre as forças militares japonesas (TANAKA, 2005, p. 45-60)".
As Comfort Women acompanharam o avanço
dos soldados japoneses por todo o Ásia-Pacífico. Seus números se multiplicaram
na medida que as conquistas aumentavam. Na Coréia, por mais que termo “위안부” (Wiambu)
existisse desde o tempo do Rei Sejong (1397-1450), foi durante as décadas de
1930 e 1940 que ele passou a ser associado especialmente as mulheres aliciadas
para prostituição pelo exército japonês na sua marcha de guerra.
Embora houvessem prostitutas
profissionais japonesas em meio aos espaços de Comfort Women, com o decorrer do
tempo, se manifestou uma preferência dos soldados japoneses por meninas
especialmente coreanas e taiwanesas. Isso decorria tanto pelo fato da maioria
delas serem inexperientes quanto por não significarem um risco de causar uma
queda no moral no corpo do exército por ter um familiar de algum soldado
atuando como prostituta. Tais fatores favorecerem a multiplicação dos
estabelecimentos de Comfort women, o que gerou um grande impacto na guerra e
motivou a existência de grupos gigantescos dessas meninas que acompanhavam o
exército no decorrer da guerra.
A memória de uma
ex-Comfort Women: Kim Bok-dong
Kim Bok-Dong, nascida em 19 de abril
de 1926 e falecida em 28 de janeiro de 2019 foi uma entre as centenas de
milhares de mulheres que serviram ao exército japonês durante o período de
ocupação da Coréia como Comfort Women.
Ela tinha apenas 14 anos quando os
soldados japoneses chegaram à casa de sua família em Yangsan, no Sul da Coréia.
Eles disseram que ela precisava trabalhar em uma fábrica. Se ela não viesse, avisaram
a mãe, a família sofreria. Mas Kim não foi levado para trabalhar em uma
fábrica. Em vez disso, a adolescente se viu transportada para uma das centenas
de “Comfort Stations” instaladas pelo Exército Imperial Japonês em todo o
território que havia tomado onde foi arrastada para um dos quartos, espancada e
obrigada a servir como prostituta (ASIAN BOSS, 2018).
As Comfort Stations eram casas
residenciais adaptados para a promoção da prostituição. “A "estação de
conforto" tinha dois andares e era a terceira casa na aldeia Jokgyong.
Havia cerca de vinte quartos, todos com piso de tatame” afirma o testemunho de
Hah Sang-suk, uma ex-Comfort Women (HOWARD, 1996).
Nos seus últimos meses de vida, em uma
entrevista dada ao canal do Youtube Asian Boss, Kim Bok-Dong, agora uma das
principais ativistas dos direitos das mulheres submetidas pelo exército japonês
durante a guerra, afirmou que os finais de semana eram particularmente
terríveis. Aos sábados, ela trabalhava por seis horas, os homens formando uma
fila na porta do quarto e chegando um após o outro. Aos domingos, eram nove
horas de trabalho. Às vezes ela via quase 50 homens em um dia. Alguns dias ela
perdeu a conta. No momento em que seu "turno" terminou, ela mal podia
se levantar ou andar (ASIAN BOSS, 2018).
Kim foi transferida de uma Comfort
Station para outra, no decorrer da guerra. Em 1945 ela se encontrava em
Singapura. Os japoneses começaram a tirar Kim e as outras Comfort Women dos
bordéis. Kim se viu trabalhando como enfermeira, ainda esperando por resgate.
Porém, foi apenas em 1947 que ela finalmente foi trazida de volta para a Coreia
do Sul. Ela não sabia quanto tempo ela tinha ido embora, e segundo ela, nem era
capaz de expressar em palavras o que havia acontecido com si própria (ASIAN
BOSS, 2018).
O recrutamento
das Comfort Women e o trabalho nas Comfort Stations
Havia várias maneiras de recrutar
Comfort Women, como aliciar através da propaganda nos jornais e imprensa,
traficar ou contratar por meio de agências de emprego. Nesse meio, a presença
de pessoas que fizeram propaganda enganosa como parte da seleção de uma
funcionária também era bastante comum.
Muitas das Comfort Women foram
aliciadas após serem raptadas por autoridades policiais. Porém, também
ocorreram casos em que mulheres foram traficadas ou capturadas por coreanos,
que muitas vezes também estiveram envolvidos no processo de mobilização. Houve
casos em que havia mulheres que eram levadas por suas próprias famílias ou por
pessoas próximas, o que gera controvérsias porque os métodos de recrutamento
eram heterogêneos, variando de alguns que eram semelhantes aos sequestros para
outros em que a entrada das “funcionárias” era por aliciamento voluntário ou
interesse pessoal (HOWARD, 1996).
Houve casos de candidatura voluntária
à Comfort Women para resolver o ambiente doméstico pobre ou a dívida da
família. Algumas receberam dinheiro para pagar suas dívidas de família, e
aliciadas com a ideia de trabalharem como enfermeiras do exército. Porém, após
serem trazidos para o front foram usadas como "mulheres de conforto".
Apenas em alguns casos as Comfort
Women eram mulheres com contrato de conforto, com cláusulas contratuais. A
duração do contrato era de seis meses a um ano. No entanto, a maioria delas era
forçada à escravidão sexual sem ser devidamente remunerada.
Durante os anos de 1932 até o fim da
guerra e os anos de ocupação estadunidense cerca de 200.000 coreanas foram
usadas como Comfort Women, embora não tenham sido encontrados dados precisos.
“As mulheres nas estações de conforto
eram forçadas a prestar serviços sexuais a muitos oficiais e soldados, tendo
sua dignidade humana constantemente esmagada. De acordo com vários
regulamentos, as estações de conforto estavam abertas das 9 ou 10 da manhã até
tarde da noite. Havia tais regulamentos como aquele da unidade de Morikawa
estacionou em Huarongzen, regulando o tempo de trabalho de 10 da manhã até 6 da
tarde, variando em ocasiões especiais para 7 e até mesmo 9 da noite. Nas
estações de conforto comuns, os soldados pagavam certa quantia de dinheiro,
direta ou indiretamente. A soma do dinheiro era geralmente dividida em metades
entre a proprietárias e a “mulher de conforto”. Mas nem sempre a quantia de
dinheiro era dividida corretamente. As férias chegavam uma vez por mês e
raramente dois dias eram concedidos. Havia estações de conforto funcionando sem
feriados. Sair das Estações de Conforto só era possível com permissão dos
militares (ASIAN WOMEN'S FUND, 2008).”
As mulheres eram forçadas a seguir um
regime de vida sob controle militar e não tinham liberdade alguma. Quando os
militares japoneses recuavam de um lugar para outro no sudeste da Ásia, as
mulheres eram abandonadas ou destinadas a compartilhar seu destino com
militares derrotados. Alguns pereceram e outros escaparam por pouco para serem
protegidos pelas forças Unidas.
Considerações
Finais
Algumas ONGs japonesas pediram
desculpas e exigiram que o governo japonês oferecesse indenização e apoio às
vítimas de mulheres de conforto. No entanto, alguns alas de Direita do Japão
continuam negando a existência das Comfort women. O governo japonês tem lidado
ativamente com a compensação até agora. Contudo, é improvável que consiga pagar
tudo -tanto monetariamente quanto em reconhecimento dos crimes - até que as
comfort women – que na atualidade são idosas - morra pela idade avançada.
O reconhecimento e a promoção da
justiça sobre a questão das “mulheres de conforto” ainda envolvem o problema da
participação dos habitantes locais que se envolveram no aliciamento dessas
mulheres em cada país. Os coreanos que estavam envolvidos na venda ou aquisição
de mulheres-conforto não foram punidos. No caso da Coréia, o fato de que os
direitos humanos de 200.000 mulheres coreanas foram violentadas, mas nenhum
coreano foi punido é constantemente apontado como um dos problemas. No caso dos
japoneses, há uma declaração de consciência. Porém dos coreanos que trabalharam
para a mobilização forçada e o tráfico das mulheres não houve nenhum
reconhecimento dos erros do passado.
Além disso entre setores de
ex-militares japoneses que participaram direta ou indiretamente do recrutamento
de mulheres de conforto o reconhecimento da existência das Comfort Women é
geralmente aceita como uma imposição forçada. Porém, apenas como prostitutas
atuando como funcionárias do Estado, alegando que não houve violação dos direitos
humanos. Em resposta, a Comissão Nacional de Direitos Humanos da Coréia do Sul
pediu que o governo do Japão evite essa recorrência e avisando que políticos e
civis japoneses estão usando rituais e violência simbólica contra as vítimas
Comfort Women e ativistas de direitos humanos que as defendem ao se utilizarem
dessa terminologia.
O governo japonês não aceita isso
prontamente, e é até problemático levá-lo a sério. O lado japonês tem três
posições principais: "mulheres de conforto participaram voluntariamente",
"receberam compensação justa" e "não há base documental".
No entanto ao que os testemunhos indicam, os pagamentos eram ínfimos, variando
de 300 won por mês, até um máximo de 3.000 won (HOWARD, 1996).
E finalmente, mesmo no caso dos
pagamentos, o salário em si, quando foi pago, muitas vezes não foi transmitido
diretamente às mulheres. Sem contar que essa questão ainda não foi resolvida em
sua matéria de compulsão e insulto aos direitos humanos tanto de parte dos
japoneses quanto coreanos que estimularem, controlaram e produziram esse regime
de exploração humana.
Referências
Mestre em História pela Universidade
Estadual de Ponta Grossa (UEPG). Possui Graduação em Licenciatura em História e
Especialização em História, Arte e Cultura pela UEPG. Membro do grupo de
pesquisa "História, doença e sociedade". Atua como pesquisador na
área de História da Eugenia e História da Cultura Escrita, com ênfase nos
estudos sobre os processos de construção e passagem das representações.
ASIAN BOSS. Life As A “Comfort Woman”: Story of Kim Bok-Dong | ASIAN BOSS. Youtube, 27 out. 2018. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=qsT97ax_Xb0. Acesso em14
jul. 2019.
ASIAN WOMEN'S FUND. The Life in Comfort Stations. Disponível em: http://www.awf.or.jp/e1/facts-12.html. Acesso em 10
jul. 2019.
HOWARD, Keith. True Stories of
the Korean Comfort Women. Editora Cassell: Londres, 1996.
MERA, Koichi. Koichi Mera:
President of GAHT-US Corporation (GAHT: the Global Alliance for Historical
Truth). Conferência com Koichi Mera, postado pelo The Foreign
Correspondents’ Club of Japan. Youtube, 2 ago. 2016. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=JkkS5AhdKeY. Acesso em 12
jul. 2019.
MISAKI, Akira. Japanese Army
Comfort Center System and Korean Army Comfort Women. Akashi Shoten,
2003.
TANAKA, Yuki. Japan’s Comfort
Women: Sexual Slavery and Prostitution during World War II and the US
Occupation. Abingdon: Editora
Routledge, 2001.
Ótimo texto. Saberias me dizer se hoje existe algum órgão sul coreano que investiga esses casos? Ao ler o texto me parece que há apenas uma pressão por parte da ONU e da fundação citada, mas não me parece que há propriamente uma investigação em curso que apure os envolvidos nas práticas.
ResponderExcluirPara além disso, deixo aqui a indicação de um filme sul coreano que trata sobre o tema: I Can Speak (2017), do diretor Kim Hyun-seok.
Alessandro Henrique da Silva
Olá Alessandro
ExcluirObrigado pelo questionamento
Sim, há vários orgãos coreanos que trabalham para o reconhecimento das Histórias das Comfort Woman e por alguma forma de justiça para com elas. A 일본군위안부피해자 e-역사관 (Japanese Comfort Women Victims e-History), 평화나비 (Peace to Her) e a 정의기억연대 (Justice for the Comfort Woman) são algumas dessas organizações. Vale a pena ressaltar que cada organização, seja governamental ou não, tem objetivos específicos e uma visão de luta própria. Algumas ONGs coreanas vem rejeitando o o auxílio monetário retratativo do governo japonês desde o início como uma estratégia de silenciamento das memórias. No mês passado, o próprio governo coreano dissolveu esse sistema de apoio, em virtude da crise política envolvendo os dois países. As campanhas das organizações coreanas prosseguem e se reforçam em meio à crise política atual envolvendo os dois países, atingindo as novas gerações, ao mesmo tempo em que, em meio a negociações intermitentes, o governo coreano busca uma solução aceitável junto ao governo e organizações japonesas.
P.S. Se você tiver alguma familiaridade com a língua coreana, aconselho fortemente a visitar o site 일본군위안부피해자 e-역사관, disponível em http://www.hermuseum.go.kr/main/cop/bbs/selectBoardList.do?bbsId=2019newqna_main&menuNo=060000&subMenuNo=060500. Tem muito material valioso para compreensão da História e do movimento das comfort Woman.
Abraço
Isaias Holowate
Isaias, parabéns pelo texto.
ResponderExcluirEm relação ao meu questionamento, sabemos que a relação diplomática entre a Coréia do Sul e o Japão é muito frágil. No texto é citado um certo tipo de negacionismo por parte de algumas alas políticas no Japão em relação a este contexto histórico, acontecendo também com outros fatos deste período.
Até que ponto você acha que estes acontecimentos tem influência neste quadro de relações diplomáticas difíceis entre os dois países?
Henrique Stoffel
Olá Henrique
ExcluirObrigado pelo questionamento
Não só frágil como cada vez mais tensa. Disputas comerciais e políticas caminham lado a lado com a História e o desenvolvimento tecnológico e a onda cultural coreana 한류 (Hallyu) tem feito a disputa pela memória ter se tornado, nos últimos meses também uma luta pelo direito de contar a história. Como apontei no comentário acima, o governo coreano tem tomado atitudes nos últimos meses que aumentam o atrito da disputa, ao mesmo tempo em que ONGs coreanas que nunca aceitaram o acordo de 2015 e o fundo de retratação, agora estão reforçando as ações para mobilização das pessoas em busca de justiça para com as comfort Woman.
Bem, sobre a segunda parte da pergunta, definitivamente a caso das comfort women afeta muito e negativamente entre os dois países. Porém, muitos outros processos históricos anteriores tornam a relação Japão-Coréia do Sul caótica. Poderia começar enumerando pela Imjin War (1592-1598), uma invasão japonesa na Coréia com rastros de destruição e massacres que não deixam em nada a desejar para o que aconteceu três séculos depois. E finalmente, a Coreia sofreu uma ocupação imperialista japonesa de 1910 a 1945, onde inclusive políticas de aniquilação cultural foram empregadas. Se partes da China, Tailândia e Filipinas estiveram sob domínio japonês por anos, a Coreia esteve por décadas.
Abraço
Isaias
Bom dia, gostei muito do artigo. Minha pergunta é: a proibição da prostituição na Coreia do Sul atualmente teria como uma de suas justificativas esse passado de presença das Comfort Women?
ResponderExcluirHeloisa Carolina H. de Oliveira.
Obrigado pelo questionamento
ExcluirSim e não. O caso das comfort Woman é traumático para a cultura coreana e todos os aspectos. As antigas gerações a revivem e as novas mantém um espírito de luta. Então na atualidade, ao mesmo tempo que a lei condena, também a cultura não aceita. Ser uma prostituta, andar com uma ou ter um relacionamento mesmo que seja distante afeta negativamente o indivíduo na escala social.
Porém, a não aceitação da prostituição é bem anterior ao século XX. Nos Anais da Dinastia Joseon, em diversos momentos elas foram alvo do Estado. Inclusive, a associação do feminino sexualizado como algo negativo é algo presente até mesmo nos contos antigos coreanos. Um exemplo disso é que enquanto no ocidente, o feminino foi muitas vezes associado a gata, na Coréia, há a associação com a raposa. Vou finalizar com um desses contos:
"Certo dia um homem aliviou-se em um osso que estava deitado no caminho." É quente ", disse ele." É quente ", o osso respondeu." É frio?" " É frio ", disse o osso. O homem assustado fugiu, mal conseguindo puxar as calças para cima, e o osso o perseguiu. Finalmente, chegou a uma taverna e escapou pelos fundos. Anos depois, o mesmo homem parou em uma taverna para beber e ele foi servido por uma mulher incrivelmente linda. "Oi", ele disse a ela, "você parece familiar por algum motivo." "Eu deveria ser", ela respondeu. "Porque eu sou o osso que você fez água em todos esses anos atrás e eu estive esperando por você! ”E de repente mudou para sua verdadeira forma, que era uma raposa, e ela o devorou."
Abraço
Isaias Holowate
Boa noite, meus parabéns pelo seu artigo, gostei muito. Minha dúvida é sobre como seria tratada a integridade das Comfort Women; se elas teriam alguma garantia de poderem expor sua identidade sem serem julgadas imorais por uma convervadora?
ResponderExcluirBeatriz Caetano Pinheiro Gomes
Olá Beatriz
ResponderExcluirObrigado pelo questionamento
Muitas contaram sua história para as compilações governamentais mantendo o sigilo pessoal, com seu nome preservado. Muitas outras não falaram e envelheceram e morreram em silêncio. Eram 200 mil coreanas de uma população que não chegava a 40 milhões.
Porém, na atualidade, eu vejo uma ânsia de falar das novas gerações sobre essas histórias. O caso das comfort woman envolve uma situação específica que foi traumática para os coreanos em muitos outros aspectos. A ocupação japonesa da Coreia entre 1910 a 1945 envolveu massacres, silenciamento e estratégias de destruição da cultura. As antigas gerações coreanas viram suas familiares sendo tiradas de casa com uma promessa falsa e muitas vezes não voltarem, ou quando conseguiam retornar, vinham com cicatrizes irremediáveis. É culturalmente quase impossível para as novas gerações deixarem essa história para trás.
O documentário que eu citei sobre a Kim Bok Dong tem a História da mais famosa delas. Ela ficou em silêncio nos anos seguintes ao final da Segunda Guerra. Mas quando começou a falar, ela se tornou uma porta-voz para as outras que se mantinham em silêncio. E muitas seguiram seu exemplo e suas histórias estão sendo compiladas e contadas. No site Hermuseum (disponível em http://www.hermuseum.go.kr/eng/mainPage.do ), você encontrará uma compilação de muitas histórias das meninas que foram comfort woman.
Abraço
Isaias Holowate
Muito obrigada pela resposta. Meus parabéns pelo artigo mais uma vez!
ResponderExcluirBeatriz Caetano Pinheiro Gomes