Gisely Capitulino


IMPERIALISMO E IDEOLOGIA: UMA ANÁLISE AOS ANTECEDENTES À 1º GUERRA DO ÓPIO [1791-1842]
Gisely Capitulino da Fonseca

Durante a 1º Guerra do Ópio (1839-1842), foi-se configurado um grande confronto entre nações, tais quais elas, o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda (atual Reino Unido) e o Império Qing (atual China). O principal choque que viria a ocasionar este conflito envolvendo estas nações originou-se, sobretudo, ao embate cultural e político entre as mesmas. Do simples “kowtow” até a comercialização ilegal do Ópio, a guerra e a invasão estrangeira passariam a ser questões emblemáticas para o Império do Meio.
Contudo, é preciso salientar que, por trás das implicações relacionadas aos vieses dicotômicos entre diplomacias políticas e as relações comerciais para a causa desta guerra, poderíamos citar ainda, conceitos que permeiam as justificativas em volta deste conflito, que seriam a própria concepção de imperialismo e ideologia. Com isso, o objetivo é entendermos como estas acepções terminológicas adquirem caráter abrangente e significativo para a compreensão dos antecedentes à Guerra do Ópio, onde, sinteticamente, o período observado e contemplado nestas considerações, que encontra-se entre 1791 à 1845, envolvem, como já mencionado, os conceitos de imperialismo e ideologia que nos auxiliam no entendimento além do simples nexo causal ou factual deste evento histórico.
Primeiramente, poderíamos averiguar que o próprio âmbito do político e econômico que circundam as fundamentações em relação ao Imperialismo, e que nos envolve na compreensão deste conceito, é de como os mesmos se atrelam a análise deste período. Por isso, a princípio, é preciso apreender a concepção básica de Imperialismo que mais apresenta similitudes com o que irá ser examinado, no qual:
“Em todas as épocas, o conceito de imperialismo tem sido empregado para abranger o impulso para o exterior de certos povos [geralmente, desde 1600, às nações-Estados] no sentido de construir impérios – sejam colônias formais, posições privilegiadas nos mercados, fontes seguras de matérias-primas e maiores oportunidades para o emprego lucrativo de mão-de-obra. O conceito tem estado, portanto, associado a uma relação econômica desigual entre Estados, não apenas desigualdade de grande e pequenos sócios comerciais ricos e pobres, mas desigualdade de dependência política e econômica dos últimos em relação aos primeiros” [BROWN, 1978, p. 18].
Desta forma, a existência de um velho imperialismo (Imperialismo Antigo) e um novo imperialismo (Imperialismo Clássico) seriam uma base de análise inicial para as transformações que ocorreram no decorrer da História dos Impérios, que “nos tempos modernos, os principais construtores de impérios foram marcadamente os europeus” [COHEN, 1979, p. 24]
Portanto, o período entre 1791 e 1842, constituem-se como momentos onde há marcos de transição, segundo Cohen [1979], deste imperialismo antigo (constituído na extensão do poder militar e naval, onde teve características essencialmente comerciais, bem como a presença da doutrina mercantilista) para um imperialismo clássico (constituído em um início de dinâmica muito mais intensa de aquisição territorial para os impérios, onde há ainda mais guerras sangrentas e conflitos bélicos, e uma acentuação de crises diplomáticas).
Levando em consideração estas duas principais distinções de transição, que servem de base para a análise do período em questão, é que passamos a entender as conjunturas gerais que cerceavam o pré-guerra do ópio. Este imperialismo clássico nascente reverbera justamente nas causas fundamentais que levaram à guerra, onde pode ser considerado que, a tentativa de aquisição territorial (já que desde o século XVIII, os ingleses já haviam adquirido à Índia) os sucessivos fracassos diplomáticos entre a Inglaterra monárquica e a China imperial, a necessidade quase latente de expandir o mercado internacional, bem como a imposição de um comércio ilegal de ópio por parte da própria Inglaterra, são fatores que demonstram os vieses destas transições entre estes “imperialismos”, onde à nível social, este ópio, “embora com menos poder de dependência dos derivados modernos, era uma maldição social que destruía indivíduos e suas famílias” [FAIRBANK, 2008, p. 190]. Além disso, a dominação britânica neste comércio, e ainda, a cobiça pelo lucro de alguns chineses corruptos, geraria:
“Vários anos de conflitos e incertezas, onde ocorreram em virtude das dúvidas dos administradores Qing, quanto ao aniquilamento dos contrabandistas chineses e o embargo do comércio britânico, cujas novas canhoeiras a vapor eram extremamente modernas em poder de fogo móvel” [FAIRBANK, 2008, p. 191].
E foi com este poder de fogo, e devido à proibição da comercialização do ópio pela China que, em contraposição a um massivo contingente populacional de chineses, a Inglaterra decidira realizar uma força de expedição que foi conduzida pelos barcos, agora à vapor, movimentados por roda de leme, onde em cerca de seis batalhas ao longo da costa sudeste, as canhoeiras inglesas ganharam a 1º Guerra do Ópio, realizando, logo em seguida, o Tratado de Nanjing, em agosto de 1842, “subjugando” a China. Sendo assim, toda esta narrativa concernente a guerra também nos leva a duas ponderações que interligam-se a questão do Imperialismo para a análise deste conflito em específico, onde, primeiramente, verificamos esta expansão do poderio militar e naval, associada as inventivas tecnológicas, que de certa maneira, possibilitaram a vitória inglesa, porém, para este país, incrivelmente em contraste ao seu poderio militar, revela que “estas transformações [tecnológicas] não elevaram imediatamente os níveis de vida, pois levou um século ou mais para que as transformações se estendessem a grande parte da economia” [GOLDSTONE, 2010, p. 191].
Ainda, o segundo aspecto é justamente a particularidade ideologizante que perpassa este acontecimento histórico, no qual, apesar deste fator se apresentar mais como um “detalhe”, acaba que por identificar-se de forma relevante para o âmbito de dominação que desenrolava-se no período, especialmente no que tange aos antecedentes deste conflito. Desta forma, faz-se necessário uma maior explicação no que diz respeito a ideologia, já que, no caso, este termo tenha sido considerado “fora de moda” pelos teóricos do “fim da ideologia”. Com isso, a intenção primordial neste momento é o de entendermos que esta conceituação tem sua devida importância, pois, o que de certa forma “induz homens e mulheres a confundir-se, de tempos em tempos, com deuses ou vermes é a ideologia” [EAGLETON, 1997, p.12].
Sendo assim, é imprescindível que levemos em consideração o caráter ideologizante referente aos fatores relacionados à Guerra do Ópio, tanto os eventos que o antecederam (primordialmente), quanto até, as próprias consequências, revoluções e motins posteriores a este acontecimento. É bem certo que ainda atualmente, o termo “ideologia” é sinônimo de ambiguidade, contudo, apesar da variedade de significados, é possível notar que cada um deles, semanticamente, revela-se como significantes dentro de um determinado contexto, evento histórico ou movimento. Logo, sinteticamente, podemos perceber que, um pouco distante das considerações de Foucault, que substitui o termo ideologia por “discurso”, Eagleton [1997] nos revela que “talvez seja desistir muito rápido de uma distinção [conceito] últil”.
Por isso, compreende-se que, pelo menos, no que concerne ao poder político e a análise das conjunturas relacionadas ao imperialismo, observa-se que a ideologia, de maneira mais ampla, encontra-se tal como:
“Conjuntos de ideias pelas quais os homens postulam, explicam e justificam os fins e os meios da ação social organizada, e especialmente, da ação política, qualquer que seja o objetivo de suas ações, quer seja de preservar, extirpar ou reconstruir uma certa ordem social.” [EAGLETON, 1997, p. 21]
Desta explicação acerca das motivações dos fins e dos meios que passamos à apreensão do por quê, de certa maneira, grande parte dos homens possuem a capacidade de lutar e matar por questões não só materiais, mas por razões abstratas (ideias e ideais, inclusive), ressaltando mais uma vez que tal posição concerne a esta junção entre os sistemas de crença e de poder político. Com isso, é válido ponderarmos acerca de um trecho de um discurso do ministro francês Jules Ferry (1832-1893), onde o mesmo apresenta as justificativas, que então, fez e faziam parte da mentalidade vigente à época, acerca da conquista colonial:
“Para os países industriais exportadores, a expansão colonial é uma questão de salvação. Em nosso tempo, e diante da crise que atravessam as indústrias europeias, a fundação de colônias representa a criação de uma válvula de escape para nossos problemas […] Devemos dizer abertamente que nós, pertencentes às raças superiores, temos direitos sobre as raças inferiores. Mas também, temos o dever de civilizá-las” [FERRY, 1884, p. 73]
Desta forma, compreende-se que, o período analisado em questão (1791-1842) é permeado por pensamentos de fatores ideologizantes que possuem a significação de fundamentar este imperialismo por questões de ordens biológicas, religiosas e técnico-científicas, pois este mesmo discurso do ministro francês em 1884, foi a justificativa desde o imperialismo antigo até o imperialismo clássico. As explicações aqui ponderadas também tem o intuito de perpassarem a estruturação muitas das vezes vigente à noção de “vitoriosos e perdedores”, visto que, mesmo após o ganho, a Inglaterra teve altas baixas em seus exércitos, posteriores crises diplomáticas (a fim de manter os ganhos) na China, bem como a resistência do contingente populacional chinês à época, e como já citado, sua alta tecnologia demoraria quase um pouco mais de um século para, de fato, transformar a sociedade britânica, à nível social.
Importante ainda destacar que, o aspecto relacionado ao choque cultural e político entre estas duas potências, advém justamente deste viés imperialista que são visualizados em ambos os países, não podendo considerar a China como uma exceção a estas ideias de caráter ideológico, haja vista que os chineses consideravam estes estrangeiros, “bárbaros”, no qual “era contra a lei ensinar a língua chinesa a esses bárbaros ou lhes vender livros sobre história e cultura chinesa” [KISSINGER, 2017, p. 32], verificando-se assim, uma postura de ordenamentos ideológicos de caráter estratégico e justificativo destas ações políticas anterior ao conflito, onde ambas as nações tentaram prostrar umas as outras, sem acepções generalizadas de ganhos ou perdas.
Conclui-se que é por isso que a noção ideológica aqui demonstrada, associadas aos vieses imperialistas nos são úteis, onde às análises decidem reverberar em aspectos além das narrativas históricas diretivas, do simples binarismo entre ganhos e perdas, ou das frias averiguações concernentes ao que se refere às motivações de teor meramente econômicos. Ressalta-se, deste modo, que estes últimos fatores mencionados também são válidos, todavia, esta simplificada análise sugere a intersecção entre todas elas em uma abordagem conceitual, com o propósito de apresentar múltiplos questionamentos e vias de pesquisa sobre este acontecimento, para a compreensão até, do próprio tempo presente, já que alguns termos aqui mencionados parecem-nos ainda atuais, devido a menção, através de outra perspectiva, ao comércio ilegal do ópio, e as próprias relações de poder imperialistas ainda existentes atualmente no cenário geopolítico.
Referências
Gisely Capitulino é graduanda pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). E-mail: gisely97@gmail.com
BROWN, Michael Barratt. A Economia Política do Imperialismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
COHEN, Benjamin J. A questão do imperialismo: Economia política da dominação e dependência. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1976.
FAIRBANK, John K. China: Uma Nova História. Porto Alegre: L&PM, 2006.
FERRY, Jules. Discursos políticos, 1884. In: BRUNSCHWIG, Henri. Mythes et réalités de I’imperalisme colonial français. Paris, Colin, 1960, p. 73.
GOLDSTONE, Jack. História Global da Ascensão do Ocidente (1500-1850). Lisboa: Edições 70, 2010.
KISSINGER, Henry. Sobre a China. Editora Objetiva, 2011.

12 comentários:

  1. Olá Duas perguntas:
    1- Qual é a razão pela qual você considera o ano de 1791 como o começo do período selecionado? Isto é, qual seria o evento que dá origem ao período em estudo?
    2- Havia uma unidade ideológica nos ingleses em relação à maneira como eles interviriam na China? Caso contrário, quais posições foram observadas? Obrigado
    Javier Guerin

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    1. 1- A razão pela qual considero o ano de 1791 como o começo do período selecionado é porque foi quando houve uma real intenção por parte da Inglaterra em adentrar ou realizar uma expedição diplomática à China. Não oficial, mas o que segundo consta em Peyrefitte (1997), outro estudioso sobre o assunto, esta foi uma ideia formalmente proposta em Outubro de 1791 a Lorde Macartney por Henry Dundas, que posteriormente, viria a se tornar presidente da Companhia das Índias Orientais de 1793 à 1801.
      O evento que dá origem ao período em estudo é justamente as necessidades imperialistas nascentes (onde cito as transições destes tipos de imperialismo), a tentativa de expansão do mercado internacional (não apenas verificado em países como a Inglaterra, como bem sabemos). No entanto, pelo que compreendi da sua pergunta, o fator-chave para o período em análise é justamente este comércio ilegal do ópio que irá ser verificado e a perda de concessões para exportação deste produto da índia, para a China, pelos ingleses, onde os mesmos não aceitarão a ilegalidade e a proibição deste comércio, culminando na I Guerra do Ópio.

      2 - De modo geral, não havia completamente, uma unidade ideológica nos ingleses no modo como interviram na China. No entanto, é possível verificar tentativas de imposição da língua inglesa, sobretudo em Hong Kong (principalmente ao fim da I Guerra do Ópio) e tentativas de cristianização dos chineses, além disso, após a indisposição do Imperador chinês à época (Qianlong), em usufruir completamente dos produtos ingleses, a Inglaterra passaria a ter uma visão menos amena em relação aos chineses, intensificando a ideologia predominante e eurocentrada de que os orientais ou africanos eram povos ignorantes. No entanto, os chineses também consideravam os estrangeiros, povos bárbaros. Este tipo de visão também predominou no Império do Meio, dificultando de certa maneira, trocas comerciais mais duradouras.

      PEYREFITTE, Alain. O Império Imóvel: Ou o Choque dos Choques. São Paulo: Casa Jorge Editorial, 1997.

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    2. Muito obrigado pelas suas respostas!

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  2. Boa noite!
    Na leitura do texto, surgiram-me duas dúvidas/reflexões.
    1.Quando comenta, ao final do texto, das perspectivas ideológicas chinesas no período explorado, aponta-as enquanto parte dum viés imperialista chinês. Como é este imperialismo chinês? Como concebê-lo num contexto em que o Império do Meio não ataca, mas é atacado?
    2.A perspectiva que trabalha quanto às ideologias britânica e chinesa é a de que tais surgem como forma de justificar/explicar objetivos e processos sociais. Ou seja, a materialidade social determina a esfera ideológica. Acredita, contudo, que é possível que a esfera ideológica determine a materialidade social, i.e., que defina rumos e meios de amplos processos sociais?
    Desde já, muito obrigado!
    Gustavo Sanchez Barbosa

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    1. 1 - Cito os pensamentos e mentalidades que permeavam ambos os lados, no entanto, como pressupostos de bases ideológicas vigentes à época, segundo parte da conceituação de ideologia trabalhada por Terry Eagleton. No entanto, não existia exatamente um "imperialismo chinês", no específico período em questão, século XIX, ou em termos do campo da história econômica, pois de acordo com o conceito de imperialismo aqui trabalhado:

      “Em todas as épocas, o conceito de imperialismo tem sido empregado para abranger o impulso para o exterior de certos povos [geralmente, desde 1600, às nações-Estados] no sentido de construir impérios – sejam colônias formais, posições privilegiadas nos mercados, fontes seguras de matérias-primas e maiores oportunidades para o emprego lucrativo de mão-de-obra. O conceito tem estado, portanto, associado a uma relação econômica desigual entre Estados, não apenas desigualdade de grande e pequenos sócios comerciais ricos e pobres, mas desigualdade de dependência política e econômica dos últimos em relação aos primeiros” [BROWN, 1978, p. 18].

      Pois bem, ao contrário, a China mantinha relações comerciais com nações a sua volta, contudo, não havia uma real tentativa de expandir seu comércio além de sua própria nação ou de impor a abertura de portos ou produtos nesta época. Poderia haver uma certa desigualdade comercial, no entanto, nada que se possa intitular a China, neste período em específico de sua história, como uma nação imperialista. Por isso, a ideologia de ver a si mesma como Estado-nação centralizada, como o Império do Meio, e de visualizar os povos estrangeiros como "bárbaros", partia desta ideia que permeava a mente e o coração dos chineses naquela época e que fazia parte do discurso dominante do governo imperial chinês, ainda pelo fato de não acharem que precisavam dos conhecimentos e tecnologias advindas do Ocidente.

      2 - Sim, acredito que é possível que a esfera ideológica determine a materialidade social ou que defina rumos e meios de amplos processos sociais ou mesmo, ambas as definições em paralelo, podem definir estes processos. No caso, compreende-se a ideologia, como “conjuntos de ideias pelas quais os homens postulam, explicam e justificam os fins e os meios da ação social organizada, e especialmente, da ação política, qualquer que seja o objetivo de suas ações, quer seja de preservar, extirpar ou reconstruir uma certa ordem social.” [EAGLETON, 1997, p. 21]

      Sendo assim, uma ideologia é justaposta ou colocada como forma de explicação não apenas dos fatores que irão anteceder aquela materialidade social ou evento, mas como também, fator que definirá os rumos e meios destes processos sociais. Verifica-se, como o exemplo deste acontecimento histórico relacionado a Guerra do ópio, esferas ideologizantes de ambos os países. Ou seja, ora para deter ou minimizar a ação dos bárbaros estrangeiros, não fornecendo, como havia citado, acesso a língua, cultura e história chinesa, como ainda, a ação dos ingleses em intensificar dominação dos mesmos com base em preceitos culturais e eurocêntricos, haja vista o fato de que as embaixadas britânicas de estabelecer um comércio mais consistente não estavam vigorando naquele momento.

      No mais, suas perguntas também foram muito boas.





      BROWN, Michael Barratt. A Economia Política do Imperialismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
      EAGLETON, Terry. Ideologia. São Paulo: Boitempo Editorial, 1997.

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  3. O artifício inglês no uso do comércio do ópio para submeter os interesses comerciais chineses e forçar uma contrapartida que a China jamais deixaria acontecer sem a proliferação do vício no entorpecente é um dos fenômenos observados por Marx. A guerra do ópio pode ser interpretada, sem anacronismos, como o nascedouro da guerra comercial entre as nações?
    José Antonio Almeida

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    1. Não creio que exatamente, e apenas o ópio (como produto entorpecente e causador das mazelas sociais na China à época), tenha sido a questão mais emblemática, apesar de ter sido a principal. Não é algo contraditório. Apenas ressalto que somente partir da análise comercial ou do produto não implica em entendermos completamente o contexto anterior (ou o nascedouro, pelo que entendi da sua questão) desta guerra.

      Há outros fatores que podemos interpretar como o nascedouro da guerra comercial entre as nações, aos quais menciono em minha rápida síntese de análise, a questão imperialista (onde havia a utilização de vieses ideológicos eurocêntricos) e a própria divergência, no que concerne as questões culturais e sociais.

      Por isso, a guerra do ópio (1839-1842), em si, pode ser interpretada não como o nascedouro da guerra comercial entre as duas nações (haja vista que esta guerra implícita já existia), mas sim, como um tipo de explosão de acúmulos de tentativas de estabilização comercial em território chinês por parte dos ingleses, ou a própria tentativa de dominação comercial total, como já ocorria, de certo modo, na Índia. Sem contar as diferenças culturais notáveis e o fato de que a ideologia inglesa eurocentrada (intensificada após o início de algumas embaixadas diplomáticas na China), fizeram com que esta guerra tenha se iniciado

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  4. Boa noite, Gisely. Excelente proposta.
    Eu, como pesquisador de cultura visual, sempre tenho essa inclinação a perguntar, tanto como provocação quanto por interesse no tema: você chegou a observar, ao longo da sua pesquisa, exemplos de propaganda panfletária (penso charges, gravuras, obras de arte em geral) veiculadas com o intento de reforçar/difundir mensagens imperialistas?

    Vilson A. M. Gonçalves

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    1. Ainda não cheguei a verificar inteiramente esse campo do visual. No entanto, verifiquei em algumas obras de autores que tratam sobre o tema, e em algumas bibliotecas de pesquisa online, imagens vinculadas ao período em questão, mas muitas vezes relacionadas a um tipo de xenofobia crescente que existia na China em relação aos estrangeiros que adentravam o território, sobretudo a Inglaterra, e principalmente durante a Guerra do Ópio. Eram propagandas ideológicas que tinham por discurso, eliminar os bárbaros ingleses e convocar mais pessoas a guerra contra estes, já que na China, àquela época, também se verificavam algumas rebeliões internas. Essas propagandas também foram veiculadas após a Guerra do ópio.

      Por fim, creio que existiu, talvez (é uma questão a qual também me perguntei e que também será veiculado ao meu trabalho na conclusão desta análise) algo semelhante por parte dos ingleses. Contudo, os ingleses tinham interesses comerciais em primeira instância. Uma tentativa de colonização da China ou de alguma cidade chinesa, ao que tudo indica, não estava em primeiro plano, haja vista que a embaixada de Lorde Macartney em 1793 teve como pautas iniciais, a expansão do mercado internacional e a abertura dos portos chineses.

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