Andrisson Silva e Cláudia Oliveira


IMPERIALISMO BRITÂNICO NO ORIENTE: O RACISMO CIENTÍFICO NA ADMINISTRAÇÃO DO VICE-REI DA ÍNDIA, LORD LYTTON
Andrisson Ferreira da Silva
Cláudia Marques de Oliveira

A obra de Charles Darwin “A origem das Espécies” publicada na Inglaterra no ano de 1859 em pleno avanço do capitalismo industrial do século XIX, foi utilizada por alguns cientistas, para criarem e categorizarem as diferenças humanas como “raças” inferiores e superiores, no lugar do que conhecemos hoje por etnias ou diferentes povos. E, apesar de Darwin, a priori, não ter abordado em sua obra um viés de cunho diretamente racial sobre os seres humanos, os cientistas contemporâneos a ele e até mesmo posteriores, se apoiaram em seu trabalho para fundamentar que a espécie humana também passava por uma evolução,  Desta forma consolidou-se a criação do que chamamos de “Darwinismo Social” em que a raça branca europeia era colocada como hegemônica superior e as demais, eram inferiores fadadas a extinção natural. — uma das bases para a solidificação e a propagação de práticas racistas discriminatórias atuais.
O filosofo inglês Herbert Spencer, conforme aponta Bolsanello (1996) se amparando em Blanc (1994), foi o mentor do darwinismo social, originando-se dele o termo “sobrevivência dos mais aptos”. E ainda, de acordo com a autora:
“O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Darwin na vida e nas sociedades humanas [...] considera que os seres humanos são, por natureza, desiguais, ou seja, dotados de diversas aptidões inatas, algumas superiores, outras inferiores”. (BOLSANELLO, p. 154, 1996 apud BLANC, 1994).
No entanto, essa teoria terá ainda uma ramificação estabelecida pelo antropólogo francês Georges Vacher Delapouge em sua obra “L’Arien”, onde para ele as raças eram divididas em superiores e inferiores”. (BOLSANELLO, p. 155, 1996 apud CLARCK, 1988).
Podemos identificar então, estudos científicos iniciados na Europa buscando justificativas para as diferenças entre brancos, os convencionais (convencionais ao sistema burguês liberal) representantes da burguesia e os não-brancos — não convencionais. Todavia, os cientistas formuladores dessas teorias raciais ampararam-se na prerrogativa de “capacidades” das espécies de se sobreporem às outras, onde brancos eram suscetíveis por uma suposta maior capacidade intelectual a dominarem os inferiores — indígenas e negros. Mais tarde no século XX dominariam também os judeus, ciganos e como veremos, o campesinato indiano no decorrer do século XIX, ou qualquer outra “raça” que pudessem dominar, explorar ou se tornasse uma ameaça para a supremacia branca que buscava ser única detentora dos poderes políticos e econômicos.
Acerca disso Bolsanello (p. 154-155, 1996,) destacou o darwinismo social sendo ideológico e associado à apologia do “laissez-faire” (expressão francesa para o liberalismo econômico). Inclusive, os estudos embasaram-se até mesmo na medição de crânios de pessoas negras e não negras, numa tentativa enfadonha de comprovar quem tinha mais cérebro comparando as “raças”, teorias estas que só vieram a ser rejeitadas e invalidadas pela comunidade científica com a Declaração das Raças em 1950.
Nessa perspectiva, as teorias raciais serviram para fomentar a desigualdade social, buscando então uma prerrogativa científica, pelas quais as alterações negativas que perpassavam as camadas sociais podiam ser justificadas mediante as raças “inferiores” ao fato de não serem capazes de alcançar o mesmo patamar de desenvolvimento da raça tida como “superior”.
Buscava-se assim, no decorrente liberalismo econômico britânico do século XIX, fundamentar as ideologias racistas. Não incumbindo as negligências nas falhas do sistema vigente, mas sim culpabilizando grupos específicos e até mesmo defendendo sua subalternização aos beneficiados do conjunto macabro de ciência e racismo. Todavia, ao imperialismo britânico na Índia Oriental que é nosso foco no decorrer deste trabalho, se deve as expansões imperiais sustentadas pela calamidade humana em perpetuar a arrogância imbuída de racismo científico. E à medida que o expansionismo era crescente, o racismo também era.
A deixa posta do racismo científico se torna eficaz para adentrarmos em um Oriente invadido pelo expansionismo europeu. Estudar o imperialismo no Oriente permeia a desconstrução de paradigmas. Paradigmas estes de que mesmo com toda a distância com o Oriente localizamos muitas similaridades com os acontecimentos nas Américas. Porém fica no imaginário a partir do que já se ouviu ou se viu em filmes e documentários. Assim pouco sabemos sobre a Índia Oriental, tornando-nos aprisionados em nossas histórias e distantes das histórias do Oriente. No entanto, as relações e proximidades se mostram quando analisamos a vigência de um sistema de imposição da subserviência aos países subdesenvolvidos, contextualizando a América no domínio português e espanhol colonial, e a Índia no domínio imperialista britânico, pelo qual, os formatos de exploração foram palcos para um protagonista em comum — o racismo científico.
É nessa perspectiva que destacamos uma Europa desenvolvendo-se de acordo com o modelo de produção capitalista, e como os demais impérios, era detentora de uma necessidade rigorosa de expansão territorial e econômica na manutenção do poderio para dominação de mais áreas, estendendo seu reino às Índias Orientais, já desde o século XVI. No entanto, houve uma intensificação dessas relações a partir do século XVIII conforme descreveu Pita e Nascimento (p. 259, 2017) se amparando em Mukherjee (2010).
Todavia, no que concerne a expansão imperial, a Índia foi território do domínio britânico no prevalecente poderio da Era Vitoriana. E sobre isso o historiador Erick Hobsbawm (1986) destacou a concepção de alguns historiadores sobre a “Grande Depressão de 1873” ser precedente do imperialismo, onde “[...] a Grã-Bretanha deixou de ser a ‘oficina mecânica do mundo’ e tornou-se apenas uma de suas três maiores potências industriais”. Hobsbawm define o imperialismo como: “[...] a conquista econômica (e cada vez mais, política) de áreas do mundo até então inexploradas”. (HOBSBAWM, p. 121, 1986). Ademais, o historiador britânico também relacionou as revoluções industriais como antecedentes do imperialismo. Mas, os contextos de exploração econômica ganham um elemento que as legitimam e empoderam ainda mais, o racismo científico. As teorias raciais permearam as explorações e dominações, onde o expansionismo britânico consolidou a regulação de territórios extensos e longínquos da civilização europeia.
E assim, o imperialismo britânico se fortaleceu na Índia. O século XIX, nosso objeto de estudo, tornou-se ponto crucial de uma experiência de construção ampla em todas as áreas de conhecimento. O racismo científico foi impetrado no Oriente, carregado nos ombros de um imperialismo britânico que assim se tornava cada vez mais potente e dominador. O britânico Hobsbawm (1986) citando Barratt Brown (1963) escreveu:
“[...] a Índia proporcionava não só os recursos para investimentos na própria Índia, como também grande parte do total dos rendimentos de investimentos oriunda do exterior, e que deu à Grã-Bretanha seu superavite no balanço de pagamentos no último quartel do séc. XIX. A Índia era, na realidade, a joia do dilema imperial”. (HOBSBAWM, p. 138, 1986 apud BROWN, p. 85, 1963).
O economista britânico Brown comparou a esta parte do Oriente como algo valioso a uma joia, isso porque a Índia era fornecedora dos mais diversos tipos de grãos, chás, tecidos, sal, ópio, betel (espécie de pimenteira indiana) e a Grã-Bretanha além da necessidade de controle de territórios e de expansão territorial, estabelecia conexão com as Índias Orientais não porque o Oriente precisou dos britânicos, mas porque os britânicos precisaram  das Índias Orientais. Todavia, a relação de interdependência assegurada por intermédio do mercado destes produtos era imposta forçosamente através de uma dominação fiscal inglesa. Havia uma relativa interdependência implantada, onde a Índia esteve “subjugada” às regras fiscais e os britânicos amplamente beneficiaram-se.
Todo esse poderio europeu provocou regressões na Índia, principalmente nos impostos que beneficiavam a Grã-Bretanha no século XIX. As tarifas pagas por comerciantes britânicos eram ínfimas comparadas às tarifas impostas aos indianos, que pagavam inclusive para a circulação interna de produtos no próprio território, conforme destacou Campos (p. 463, 2015) amparando-se nos estudos de Chesneaux (1976) em uma perspectiva econômica. E ainda, o mesmo autor citando Chesneaux (1976) descreveu que: “os britânicos também se esforçaram para impor de forma constante uma rúpia cara (moeda indiana), em favor das empresas britânicas e em detrimento ao interesse comum da burguesia e do povo indiano” (CAMPOS, p. 463, 2015 apud CHESNEAUX, 1976).
O prejuízo estabelecido por intermédio de uma economia na Índia Oriental restrita ao domínio imperial britânico que decidia as suas relações e as regras comerciais, não foi a única delimitação sofrida por estes. O vice-reinado de Lord Lytton, o poeta, foi estabelecedor de uma sistemática mortandade de milhões de indianos, no que permaneceu no governo durante os anos de 1876 a 1880. Essa fatalidade fora engendrada por uma forma de administração que modificou os padrões de vida dos camponeses indianos, sofredores das calamidades climáticas e da irresponsabilidade, quando as teorias raciais da época validavam a morte de mais de 30 milhões de camponeses indianos em um período de grande escassez no século XIX.
No tocante à calamidade deste período, um dos atores deste episódio foi o fenômeno El niño (aquecimento acima do normal das águas do pacífico tropical), que atingiu a Ásia entre os anos de 1876 e 1878. Outro fator agravante preponderava. As medidas tomadas por Lord Lytton pioravam e causavam mais sofrimentos à população já assolada pela seca. Pois não havia um compromisso benéfico efetivo, podemos destacar esse período através do livro “História do governo indiano de Lord Lytton, de 1876 a 1880” (tradução nossa), escrito por sua própria filha Lady Betty Balfour, em que descreve o período de calamidade:   
“[...] nos primeiros estágios da fome, existia uma considerável diferença de opinião sobre se as medidas de alívio deveriam basear-se principalmente no sistema de emprego de pessoas à margem ou em pequenas obras. Pequenos trabalhos são facilmente iniciados, com pouca preparação prévia, requerem pouca perícia em sua supervisão, e oferecem emprego a pessoas próximas de suas próprias casas, são adequados para uma escassez leve e temporária, e para os estágios iniciais, quando é ainda incerto se a escassez se transformará em fome”. (BALFOUR, p. 189, 1899).
 Contudo, a incerteza foi transformada em certeza e a escassez se transformou em fome. Os 24 meses da “Grande Fome” realçaram as políticas de suporte fomentadas por Lytton em que criou o sistema de assistência; O historiador norte americano Mike Davis autor da obra "Holocaustos Coloniais” descreve à BBC - British Broadcasting CorporationCorporação Britânica de Radiodifusão (2007), sobre esse sistema gerador de crueldades humanas:
“Lord Lytton monta seu sistema de assistência que mais parece os campos de concentração nazistas, do que alguma coisa que represente caridade humana decente [...] trabalho ou comida há mais de 16 km da sua residência”. (BBC, 2007).
Os trabalhos pesados foram impostos e muitos morreram em campos de “auxílio”, com dietas calóricas insuficientes para sobreviver. Mike Davis ainda destaca que as crianças foram as principais vítimas da cruel política de Lytton. Decerto, as facetas do imperialismo foram capazes de provocar o mais desumano ato de um governo; a negligência, conforme é retratado no documentário da BBC (2007): “enquanto o Lord Lytton e a elite governante do Raj festejavam em banquetes, milhões morriam lentamente no interior e o vice-rei justificava a inação com argumentos colhidos nos darwinistas sociais” (idem, 2007).
Quanto a isso, Mike Davis (2002) aborda a percepção do jornalista John Russel Young convidado pelo ex-presidente dos Estados Unidos Ulysses  Grant, que fazia uma excursão pelo mundo no ano de 1877 com sua família, sendo assim Young retratou: “a influência inglesa no Oriente é apenas outro nome para a tirania inglesa [...] nem mais absoluto que o governo da Índia. Poderoso, irresponsável, cruel [...]” (DAVIS, 2002, p. 14).
Mike Davis (2002) relata ainda:
“[...] como explicamos o fato de que na metade do século, quando a fome em tempos de paz desapareceu para sempre da Europa Ocidental, tenha aumentado de forma tão devastadora do mundo colonial? Do mesmo modo, como pesarmos as presunçosas afirmações sobre os benefícios vitais do transporte a vapor e dos modernos mercados de grãos, quando tantos milhões, sobretudo na Índia britânica, morreram ao lado dos trilhos das ferrovias ou nos degraus dos depósitos de grãos?” (idem, p. 19, 2002).
A administração e a implantação de monoculturas fizeram com que a seca, um fenômeno já enfrentado pelos indianos, se tornasse uma fatídica tragédia. A forma tradicional de cultivo e a administração das poucas e diferentes opções de alimentos garantia que todos os tivessem, mesmo que pouco. Lord Lytton, mesmo com os amplos e grandes depósitos abastados de alimentos ignorou a fome da população. A comercialização dos mesmos na Europa era sempre muito mais interessante. As mortes eram percebidas como naturais, pois era um povo de inferioridades enquanto espécie, fadada ao desaparecimento em favor da supremacia branca europeia.
Campos (2015) reforça quanto a isso:
“Novas relações econômicas foram introduzidas nas aldeias, uma demanda que empobrecia os camponeses e os colocava dependentes dos agiotas em anos de colheita ruim, com tendência também a comercializar a produção, corroendo o equilíbrio e o caráter autárquico da economia campesina”. (CAMPOS, p. 461, 2015).
O campesinato indiano era amplamente afetado pela administração britânica, o vice-rei Lord Lytton foi indiferente quanto à causa humanitária de auxílio, quando sua administração esteve restrita para o amparo dos camponeses sofredores com a falta de alimentos.
Nesse decurso de escassez, o percurso é abordado por Mike Davis (2002) quando a família Grants passa pelas Índias Orientais: “[...] em Bombaim, Young constatou mais indícios que corroboravam sua tese de que a ‘influência inglesa no Oriente é apenas outro nome para a tirania inglesa’ [...] o grupo do ex-presidente norte americano  Ulysses  Grant passou por um campo do Deccan — ‘duro, esturricado e pardo’ — que ainda exibe as cicatrizes da pior seca na memória humana”. (DAVIS, p. 14, 2002).

Ainda nesse período de valência e fortificação das necessidades humanas, abordamos o entendimento da conjuntura que enfrentava a Índia na administração de Lytton, destacamos mais uma vez a obra de Balfour (1899):

“Em outubro do ano de 1876, apareceram sinais de escassez na vizinhança de Bombaim, devido à falta dos campos de comida. Estes foram os primeiros sintomas da fome, que no ano seguinte provou ser "em relação à área e população afetada, em duração e intensidade, uma das mais graves calamidades [...] experimentada na Índia britânica desde o início do século”. (BALFOUR, p. 189, 1899). (Tradução nossa).
Além do mais, nesse contexto de seca, fome e miséria que não atingia o Raj (reino) Britânico, apenas os camponeses, a Rainha Vitória era homenageada como Imperatriz da Índía, e o vice-rei dava uma extensa festa durante toda uma semana, para mais de 60 mil pessoas das castas representativas da Índia. Esse festejo representou um grande desrespeito, enquanto muitos no interior morriam de fome. Os mais aptos eram os que deveriam sobreviver; as teorias raciais de Herbert Spencer estavam presentes na Índia — prevalecia a “sobrevivência dos mais aptos”, enquanto uns comemoravam outros lamentavam a fome e a morte.
Portanto, para Lytton, seria bastante conveniente justificar por intermédio da ciência, a fome de milhões. As teorias raciais serviram de amparo para justificar uma administração falha, errônea e arbitrária. A comemoração em prol da imperatriz mostra o descaso severo da Grã-Bretanha, que estabelecia seu domínio pouco se importando com os retintos camponeses indianos famintos. Essas teorias carregadas de ódio e indiferença aos tidos como inferiores, e fomentadas por um sistema liberal vigente na Inglaterra, imperava no Oriente, dizimando camponeses. Decerto, o fator climático ocorrido naquele período não estava sob-responsabilidade da administração britânica, contudo, o pouco caso, a falta de sensibilidade e de percepção dos “inferiores” como humanos por parte do vice-reinado de Lytton foi um fator agravante de sua condução.                                                                                                                                
Todavia, no que permeou ao avanço do liberalismo econômico as teorias raciais ampararam as mortandades daqueles que tiveram em seus territórios uma invasão estrangeira. Podemos inferir assim, que o desenvolvimento alcançado pelos países tidos como de primeiro mundo hoje, é resultado da devastação, do sofrimento e da miséria imposta pelos mesmos, aos países tidos como subdesenvolvidos. É um desenvolvimento fruto do racismo científico que ainda vigora no imaginário simbólico da Europa e dos governantes herdeiros do poderio imperialista.  
É necessário abordar que as construções sociais que vigoraram na sociedade da Índia foram de extrema ilegalidade, arbitrárias e cruéis. O imperialismo foi condutor de teorias raciais que justificaram o desamparo aos desfavorecidos pelo agravante “El Niño”. Enquanto a Europa era abastecida pelos subdesenvolvidos, a população campesina definhava na mais completa assolação.
Referências
Andrisson Ferreira da Silva. Graduando no curso de Licenciatura em História, bolsista pesquisador do Observatório de Discriminação Racial, integrante do Grupo de Pesquisa: “O processo de construção do docente em história” e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre.
Cláudia Marques de Oliveira. Mestra em Educação, professora substituta, participante do Grupo de Pesquisa “O processo de construção do docente em história”, do “Observatório da Discriminação Racial e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre”.
BBC. Racismo Científico, Darwinismo Social e Eugenia. Direção: David Olusoga. Produção: David Olusoga. Documentário, 52’32, 2007. Disponível:
<https://www.youtube.com/watch?v=hPYZi_AlTh4>. Acesso em 04 de nov de 2018.
BARRATT BROWN, Michael. After imperialism. 1963. In: HOBSBWM, Eric J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. 4ª ed. Forense universitária: Rio de Janeiro, 1986.
BALFOUR, B. The History of Lord Lytton's Indian Administration. London: Macmillan, 1899. Disponível em: <file:///C:/Users/UFAC/Downloads/GIPE-004588.pdf>. Acesso em: 12 de jun de 2019.
BOLSANELLO, M. A. Darwinismo social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na educação e Sociedade Brasileira. Revista Educar, Curitiba, n. 12, 1996. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a14.pdf>. Acesso em: 06 de jan. de 2019.
BLANC, Marcel. Os herdeiros de Darwin. São Paulo: Scritta, 1994. In BOLSANELLO, M. A. Darwinismo social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na educação e Sociedade Brasileira. Revista Educar, Curitiba, n. 12, 1996. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/er/n12/n12a14.pdf>. Acesso em: 06 de jan. de 2019.
CAMPOS, Bruno de. Índia: de colônia britânica ao desenvolvimento econômico nacional. In: XI Congresso Brasileiro de História Econômica, 2015. Disponível em:
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CHESNEAUX, Jean. A Ásia Oriental nos séculos XIX e XX. São Paulo: Pioneira, 1976. In CAMPOS, Bruno de. Índia: de colônia britânica ao desenvolvimento econômico nacional. Vitória: história econômica & história de empresas vol. 18 no 2 (2015), 457-486. 2016. Disponível em:
<http://www.abphe.org.br/arquivos/2015_bruno_campos_india-de-colonia-britanica-ao-desenvolvimento-economico-nacional.pdf.>. Acesso em: 23 jun. 2019
CLARCK, Linda. Le darwinisme social em France. La Recherche, Paris, n. 196, p. 192-200. Fev. 1988. In BOLSANELLO, M. A. Darwinismo social, eugenia e racismo científico: sua repercussão na educação e Sociedade Brasileira. Revista Educar, Curitiba, n. 12, 1996. Disponível em:<
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DAVIS, Mike. Holocaustos coloniais. Rio de Janeiro: Record, 2002. Disponível em:
<http://www.reformaagrariaemdados.org.br/sites/default/files/holocaustos%20colonias-davis.pdf>. Acesso em: 05 de maio de 2019.
HOBSBAWM, Eric J. A era dos impérios: 1875-1914. 13. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2017.
__. Eric J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. 4ª ed. Forense universitária: Rio de Janeiro, 1986.
MUKHERJEE, Aditya. How colonial India made modern Britain. Special Article, Vol. XLV, n.5, p.73-76, 2010. In PIVA, F; NASCIMENTO. M. P. O. O processo de acumulação primitiva do capital britânico na Índia: uma análise marxista. Fronteira: Revista de Iniciação Científica em Relações Internacionais, Belo Horizonte, v. 16, n. 32, p. 253-267, 2017. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/fronteira/article/view/15838/12913>. Acesso em: 12 jun. 2019


12 comentários:

  1. Andrisson e Cláudia, desde já os congratulo pelo tema referente. A leitura leva-nos a pensar em algumas questões interessantes: 1) a prática do discurso e a devida manipulação em detrimento dos estertores econômicos; 2) as grandes potências ameaçadas, criam nos seus intelectuais liberais a porta de sobrevivência: colonizar, explorar e aniquilar aos inferiores vistos como obstáculos – lembrando que a Grã-Bretanha na década de 1870-80 do século XIX estava desacelerando-se como potência imperial máxima; 3) o aquecimento global já aparece em cena, onde as potências sobrevivem a partir das suas colônias; e 4) o racismo endêmico por parte da sociedade britânica, legitimados pela deturpação interpretativa do darwinismo. Percebe-se o legado da colonização, algo que persistiu, pois, a fome, a pobreza e a miséria decorrem em regiões da Índia, onde regiões são verdadeiras minas de conflitos ainda nos dias atuais – algo proposital por parte da Colônia Britânica.
    Depois deste singelo comentário pergunto a ambos: quais as lições que podemos se apegar e os sinais de alerta que fariam numa sociedade brasileira e global que estar convivendo tempo de efervescência? – Lembramos de ataques de supremacistas brancos no dia de ontem nos EUA e também alguns meses atrás na Nova Zelândia recentemente.
    Encerro meu comentário com um trecho que resume o trabalho de ambos e significativo para pensar a colonização moderna e contemporânea, por que não? “O desenvolvimento alcançado pelos países tidos como de primeiro mundo hoje, é resultado da devastação, do sofrimento e da miséria imposta pelos mesmo [...]” – o primeiro mundismo. Se hoje os governantes europeus liberais preocupam-se com a sobrevivência da Amazônia brasileira, das florestas pelo mundo (Ocidente e Oriente) e dos aspectos ecológicos, foi por esse passado colonizador cruento onde são profundos devedores da destruição.

    Saudações!

    Jadson da Silva Bernardo.





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    1. Olá, Jadson! Ficamos feliz pelo seu valioso comentário. E, respondendo à sua pergunta respondemos que, o sinal que temos mediante à uma política atual é a crescente reverberação da colonização. Os países da América um dia conquistaram sua independência, hoje esta independência está fortemente ameaçada por governantes que assim como Lytton fazem pouco caso aos pobres, removem seus direitos, constroem muros, mudam seus modos de vivências e os sugam para uma soberania política e econômica. Logo, a exemplo de lições, caro Jadson, nada mais importante do que isso, é olhar para o passado e ver que a história se repete. Um dia lutamos por independência - conseguimos. Outrora lutamos por direitos (um plano democrático) - conseguimos conquistá-lo, ainda que com muitas falhas. Hoje, estamos lutando - como cidadãos - para não perder essas conquistas - ameaçadas fugazmente e ocasionando uma submissão calamitosa aos americanos "inferiores" com um complexo de Madame Bovary. A lição é esta: olhar para os fatores históricos para que não persista um imperialismo, que como vimos no texto, não tem como lema a compaixão e a humanidade e sim o lucro, não importando a quem a fome possa atacar, se índios, negros, pobres... "os inferiores". Abraços!

      Andrisson Ferreira da Silva e Cláudia Marques de Oliveira

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    2. É algo extremamente preocupante perceber que o "espírito" colonizador se mantenha apesar do tempo, agindo sob as novas bandeiras - o extremismo nacionalistas ou pseudo-nacionalistas (os entreguistas), cegando até mesmo aqueles que estão fora da elitização da sociedade. O pior na minha visão é a cegueira arraigada sob parte dos mais humildes. Mas percebo que por outro lado, como diz a filósofa Agnes Heller, "ainda existe pessoas boas no mundo", que lutam contra as práticas destruidoras e de morte que estão ecoando em nosso tempo.
      Abraços!
      Jadson da Silva Bernardo.

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  2. A discussão nos leva a expandir uma reflexão sobre o eurocentrismo presente no Oriente e as abordagens sobre racismo científico são de grande aproximação com o que é registrado na historicidade da América do Sul. A atuação de Lord Lytton não foi favorecedora, o que não se difere da atuação de outros líderes fora do oriente. Por fim, questiono aos autores, quais meios podem ser utilizados por um chefe de estado e pela sociedade, que possui uma grande responsabilidade nesse processo atualmente, para combater a hegemonia, propagação do racismo científico e a perspectiva eurocêntrica para que o que foi debatido não volte a se repetir? Como o acontecimento em questão poderia ter sido evitado?

    Alice da Silva Leão

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    1. Gratos pela participação, Alice! E respondendo às suas perguntas, a forma melhor para o combate às hegemonias racistas e que colaboram para isso é a conscientização política dos indivíduos de um Estado. É também buscar entender que políticas públicas acerca das questões étnico-raciais na busca por igualdade de direitos não fomentam desigualdades e sim reparações históricas.Os meios de combate ao racismo científico é este, e o menciono novamente: CONSCIENTIZAÇÃO POLÍTICA. É Olhar para a Itália e não querer mais um Mussolini; é olhar para uma Alemanha e não querer mais um Hitler; é olhar para o Brasil e repudiar o autoritarismo que que em nada preserva a essência nacional e sim nacionalista. E ainda, o acontecimento em questão poderia ter sido evitado se o fomento e engrandecimento do sistema liberal, principalmente do século XIX, não fosse racista e desumano, se a consciência dos que "faziam tudo pelo lucro" não fosse brutal para os que são denominados "diferentes". O acontecimento poderia ter sido evitado vorazmente pela empatia e humanidade à espécie humana.

      Andrisson Ferreira da Silva e Cláudia Marques de Oliveira

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  3. Gleidson Fernando Rocha dos Santos6 de agosto de 2019 às 22:59

    O racismo científico ainda reverbera hoje e assim como vitimou os Indianos no século XIX, que foram brutalmente explorados e mortos aos milhões em especial durante o vice reinado de Lord Lytton como bem destacado em seu artigo, me parece que tem ganhado nova força no Brasil e é a base para o aumento na violência nas terras indígenas, como o recente assassinato do líder Wajãpi no Amapá. Vocês concordam?

    Gleidson Fernando Rocha dos Santos

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    1. Gleidson, agradecemos sua participação! E, conforme essa ligação histórica que você fez com o presente (cenário político brasileiro atual) podemos reverberar nossa concordância à sua colocação. O racismo científico não existiu, ele ainda existe! Os povos originários da América, sobretudo no Brasil, estão sendo amplamente massacrados por um desmonte de proteção às suas especificidades, e que remonta em um desrespeito às suas histórias, e ainda, por discursos que fomentam a ignorância. A história se repete. Assim como o reinado britânico corroborou para a morte de cerca de 30 milhões de campesinos o "reinado" brasileiro prossegue nestes passos, de uma colonização massacrante referentemente à uma submissão ao monopólio norte-imperialista. Portanto, o racismo continua colaborando para a progressão de barbáries, inclusive ocasionando mortes como a citada acima.

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    2. Gleidson, agradecemos sua participação! E, conforme essa ligação histórica que você fez com o presente (cenário político brasileiro atual) podemos reverberar nossa concordância à sua colocação. O racismo científico não existiu, ele ainda existe! Os povos originários da América, sobretudo no Brasil, estão sendo amplamente massacrados por um desmonte de proteção às suas especificidades, e que remonta em um desrespeito às suas histórias, e ainda, por discursos que fomentam a ignorância. A história se repete. Assim como o reinado britânico corroborou para a morte de cerca de 30 milhões de campesinos o "reinado" brasileiro prossegue nestes passos, de uma colonização massacrante referentemente à uma submissão ao monopólio norte-imperialista. Portanto, o racismo continua colaborando para a progressão de barbáries, inclusive ocasionando mortes como a citada acima.

      Andrisson Ferreira da Silva e Cláudia Marques de Oliveira

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  4. Gleidson Fernando Rocha dos Santos6 de agosto de 2019 às 23:23

    Saindo um pouco da história e entrando mais na questão biológica, descobertas desta última década mostram que os europeus e asiáticos tem pelo menos 2% de DNA neandertal; espécie humana extinta a quase 30 mil anos e vista historicamente como atrasada, bruta e até deformada; mas diante desta descoberta que os europeus não são 100% sapiens sapiens há toda uma onda de estudos que mostram que os neandertais também produziam e utilizavam ferramentas, eram bastante inteligentes e por aí vai. Não tem jeito. A ciência não é neutra e a forma como a sociedade enxerga as coisas influência na produção científica e vice-versa, concordam?

    Gleidson Fernando Rocha dos Santos

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    1. De fato! As pesquisas e descobertas científicas estão fortemente pautadas em interesses de uma comunidade científica para os benefícios de suas nações e fortalecimento de seus grupos de pesquisas. No entanto, as descobertas não devem ser feitas para fomentar diferenças e sim buscar conhecer as múltiplas histórias que corroboraram para a caracterização do homem moderno.

      Andrisson Ferreira da Silva e Cláudia Marques de Oliveira

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  5. carxs Andrisson Ferreira e Claudia Marques! parabenizo-os pelo excelente artigo. Andrisson, o conhecimento cientifico bem aplicado é um dos pilares para a construção de uma sociedade igualitaria e você está trilhando bem este caminho. Professora Claudia, tão engajada na luta pelos direitos da minoria, sendo descendente de comunidade quilombola, reconhece e desenvolve bem seu papel na docencia, no observatorio de discriminação racial (ODR) e NEABI.
    o questionamento que fazemos e o seguinte: É possivel associar o imperialismo britanico (seculo XIX) e o expansionismo iberico a partir do seculo XV no processo de descoberta do novo mundo (continente americano) com a suposta superioridade do branco europeu (eurocentrismo)?
    Paulo Alves de Azevedo

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  6. Oi, Paulo! Que alegria nos trás seu comentário... E respondendo-te - é claro que sim! Estes países europeus tiveram embasamento no racismo científico, onde para justificar um processo escravocrata utilizaram de estudos científicos para inferiorizar aqueles que eles queriam dominar! É a partir dai que inicia-se um processo de superiorização da raça branca - aparece a eugenia...Lembra de Hitler? Sim, o nazista que se apoiou no ideal de uma "raça" ariana superior às "raças" judias e negras, mas podes ver que o termo raça está posto entre aspas? Isso é proposital, porque a ideia de raças separadas foi imposta amplamente pelo racismo científico no século XIX, o que em 1950 foi repudiado pela comunidade científica. O que queremos trazer em questão é que sim, essas associações foram fomentadas na inferiorização das "raças" não-brancas. E, o eurocentrismo se deriva de tudo isso, no que podemos determinar um racismo ontológico e epistêmico, onde o indivíduo não se conhecendo e deixando de lado sua essência passa a acreditar que é o que não é, e que sua cultura é inferior a dos colonizadores, o que corrobora para um eurocentrismo veemente!

    Andrisson Ferreira e Cláudia Oliveira

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