Ana Clara Costa


HERDEIRAS DO ORIENTE: A VIDA DAS MULHERES E SUA EDUCAÇÃO NA ÍNDIA A PARTIR DA SÉRIE DOCUMENTAL DAUGHTERS OF DESTINY
Ana Clara Fernandes da Costa

Introdução
Quando falamos sobre a Índia o senso comum logo nos faz lembrar das especiarias, da pobreza, do caos no trânsito e do Taj Mahal. A Índia é assim, mas o ponto é que ela é “assim”, “também” e “mais”, ela “também” é rica e tecnológica e é “mais” que Rio Ganges e cinema Bollywoodiano. Sua complexidade é grande pela numerosa e heterogênea população com uma variedade de crenças, etnias e idiomas que enriquecem sua história onde as eras se colidem.

Todos esses aspectos citados, combinados com o cinema e livros, contribuem para uma ideia de um lugar misterioso e fascinante cultivada desde antes do período das Grandes Navegações pelo Ocidente. Para ilustrar e entender tal deslumbramento, Mark Twain descreveu:

“Esta é certamente a Índia! A terra de sonhos e romances, de fabulosa riqueza e fabulosa pobreza – de gênios e gigantes e lâmpadas de Aladim, de tigres e elefantes - o país de uma centena de nações e uma centena de línguas [...], de um milhar de religiões, lugar de nascença do discurso humano, mãe da história, avó da lenda, bisavó da tradição.” (TWAIN, 1906, p. 26)

A série documental Daughters of Destiny originada pela Netflix, produzida em 2017 e dirigida pela diretora e ganhadora do Óscar Vanessa Roth acompanhou por anos cinco meninas (Thenmozhi, Manjula, Preetha, Shilpa e Karthika) na Índia, pertencentes a casta dos “intocáveis”, que em busca de um futuro melhor, tiveram a oportunidade de ir estudar na Escola Residencial Shanti Bhavan em Tamil. Essa escola, que sustenta a criança desde o seu primeiro dia na escola até o primeiro dia de trabalho, foi fundada em 1997 pelo acadêmico, empresário e filantropo Abraham George. Através das filmagens e seus relatos em todos os episódios podemos ver como o sistema de castas interfere no cotidiano, a violência doméstica, os problemas financeiros e as tradições.

Desta forma, o presente e breve artigo tratará das mulheres e sua educação desse país anteriormente descrito, que vem ganhando seus espaços na sociedade, nos escritos acadêmicos e livros de ficção, a partir dos diálogos da série documental “Daugters of Destiny”, fazendo-nos ter contato com o dia a dia das mulheres das castas inferiores, seus trabalhos e imposições culturais.

Abro aqui um parênteses para pontuar a problemática de se discutir sobre as mulheres na Índia, há uma complexidade contraditória que reside na heterogeneidade das tradições, que pode depender da região, da casta e da classe social a qual pertencem. Ao mesmo tempo em que existem mulheres vivendo como inferiores, existem as mulheres que tem voz, que estudam e trabalham em grandes postos pertencentes a elite urbana, por exemplo. Por este motivo, o texto irá se limitar as problemáticas trazidas pelo cotidiano das meninas e suas famílias que são relatados no documentário, compreendendo a partir deles aspectos da sociedade indiana.

Os Intocáveis: a busca pela igualdade
Logo na primeira parte da série documental, uma discussão torna-se necessária para compreender a dinâmica da sociedade indiana, o sistema de castas, que apesar da Constituição da Índia tornar ilegal a discriminação baseada nas castas, “o sistema sobreviveu e acabou contribuindo para a construção de uma psique coletiva que enfatiza a lealdade de subgrupos e a obsessão por hierarquias e rankings” (COSTA, 2012, p. 22). O idealizador do projeto, Dr. George, explica sobre como se lida com o tal sistema na escola “dizemos a elas desde muito cedo, desde os quatro anos, que castas não são determinadas por Deus, mas uma criação do homem para oprimir outros”. O sistema das castas é rígido e milenar, como explicado no livro “Os Indianos” de Florência Costa:
“Os indianos passaram a usar a palavra casta [...] por influência dos portugueses, que chegaram à Índia a partir do século XV. A tradicional pirâmide social hindu tem os brâmanes (religiosos e mestres) no topo, seguidos pelos xátrias (guerreiros, governantes e reis) e pelos vaixás (comerciantes). Essas são as três varnas [...] da elite, que eram as categorias sociais que se ramificaram em milhares de castas [...] Em quarto lugar estão os shudras (trabalhadores braçais) [...]. Abaixo de todos estavam os “intocáveis” [...] tão desprezados que não constavam do sistema de castas. [...] Chamados hoje de dalits.” (COSTA, 2012, p. 19).
Na atualidade, essa divisão torna-se insuficiente por não abarcar a variedade das profissões, acarretando no surgimento de novas castas e subcastas. Contudo, sua herança perpetua, a maioria dos “intocáveis” são pobres e os pertencentes as castas altas são da elite. Durante o documentário várias menções mostram a realidade desse sistema que acarreta problemas econômico-sociais, como entre as entrevistas, Karthika, uma das meninas, reflete “As pessoas nos chamam de intocáveis e de casta inferior [...] a ideia de ser poluído por ficar perto de alguém que é intocável ainda prevalece.”

Herdeiras do Oriente
As preocupações e dificuldades por nascer mulher em um mundo de homens nos acompanham, luta-se para conseguir respeito, igualdade e reconhecimento, lutas essas que não possuem limites geográficos. Na Índia, especificamente, em 2018 uma pesquisa feita pela Thomson Reuters Foundation constatou que a Índia está em primeiro lugar entre os 10 países mais perigosos do mundo para as mulheres, há sete anos ocupou o quarto lugar na mesma pesquisa, se voltarmos ainda para 2012 lembraremos da indignação internacional com o caso de estupro coletivo em Nova Delhi.

A sociedade indiana, como anteriormente discutido, é extensa e variada, e quando tais fatores são combinados com a valorização das tradições, mitos e crenças, muitos tabus são criados. Ainda de acordo com os dados da pesquisa de 2018, pode-se notar que o risco de violência sexual, assédio, tráfico humano, trabalho forçado, escravidão sexual e servidão doméstica é extremamente alto para as mulheres, principalmente para a maioria delas que pertencem às classes mais baixas. Com a dificuldade de acesso a saúde e a educação, a discriminação no trabalho, as práticas culturais e religiosas medievais (mutilação genital, casamento infantil, castigos físicos e morais...), as violências sexual e não sexual e o tráfico humano, tornam-se muito comuns.

Florência Costa (2012, p. 124) escreveu “A raiz da fragilidade da mulher é a sua insegurança financeira e a dependência dos homens”, que resume, de certa forma, o discutido. Assim, combinando-a com o pensamento de Paulo Freire (FREIRE, p. 87), “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas e as pessoas transformam o mundo”, torna-se possível perceber que juntas estão de acordo com o princípio da Shanti Bahvan, que tem o objetivo de oferecer oportunidade e criar futuros adultos para serem líderes na sociedade e na profissão para que possam levar muitos outros com eles, suas famílias e sua comunidade, além de contribuir com um mundo maior. Ao oferecer educação para as crianças indianas de classes mais baixas, mesmo não sendo para um grande número, a contribuição para um mundo maior é enorme. A diferença para as meninas é ainda maior, pois além da dificuldade de acesso aos estudos, quando é atingido, é tradicionalmente aceitável interrompê-lo. Recorrendo ao documentário para ilustrar tal pensamento, pode-se exemplificar a situação das irmãs que continuaram em casa com os pais que, sem incentivo, estavam predestinadas a largar os estudos ou viam-se sem empolgação para o futuro.

Por razões biológicas, a relação entre homens e mulheres com o mundo é diferente, o que influenciou e influencia diretamente as esferas social e cultural, construindo padrões, por vezes questionáveis, a respeito de papéis dos gêneros na sociedade e suas construções identitárias, sendo esses extremamente discutidos atualmente. Essa discussão é colocada em todo o documentário, propondo reflexões sobre padrões culturalmente criados numa sociedade patriarcal, onde os homens tem o papel de líder, autoridade moral e privilégios sociais, enquanto as mulheres ocupam um lugar secundário. Com intuito de exemplificar, trago nas palavras da jovem Preetah, sua menção ao sexismo ao falar das diferenças na dinâmica familiar “ser menina na Índia é muito difícil e duro, temos de ter cuidado com tudo o que fazemos e somos criadas de maneira diferente dos nossos irmãos e irmãs em casa”. Uma outra fala da mesma jovem traz o assunto para além da dinâmica familiar, “não quero estragar minha reputação”, ao ser proibida de manter contato com um colega do sexo oposto, mostrando a preocupação com a opinião pública e, assim, com a cultura local.

Uma outra discussão abordada ao decorrer da série é o casamento, essa tradição humana tão antiga. Tratando-se da série documental o assunto é trazido por Shilpa, em que sua família possui vontade de tirá-la da escola para casá-la com seu tio, mostrando um costume comum ao privilegiarem o casamento como objetivo, principalmente feminino, o grande medo das meninas, transformando em um motivo aceitável para a interrupção dos estudos. Esse episódio nos introduz ao mundo dos casamentos indianos, que vai além das cores e longas cerimônias conhecidas mundialmente, sua maioria são arranjados e regulados de acordo com as leis de cada comunidade religiosa, mas com inúmeras diferenças dependendo da classe social dos envolvidos. Uma outra questão que precisa ser pontuada é a presença dos dotes, ou seja, a transferência de bens da família da noiva para a do noivo, que apesar de proibida por lei, continua comum.

Frequentemente são trazidos os temas da violência física e moral através de relatos tanto das jovens quanto de suas mães na dinâmica familiar, “entendemos com esses desdobramentos que o problema da violência contra a mulher abarca, há muito, questões que envolvem diretamente a cultura de toda uma sociedade patriarcal, fazendo parte da constituição desses indivíduos agressores durante toda a história-sócio-cultural de cada um" (MEDEIROS, 2017). Como exemplos reais pode-se citar o de Preetah, ao narrar um episódio onde o pai irritava-se ao ver sua mãe trabalhando e atirava-lhe pratos e a violentava fisicamente, sua mãe também relatou sobre esse e alguns outros momentos. A mãe de Shilpa também descreve os momentos de violência que sofreu quando, recentemente, sua segunda filha morreu, com as escassez de apoio emocional a saída encontrou-se em silenciamento e violência.

As Grandes Expectativas: Educação é Riqueza
O contraste que a escola Shanti Bhavan provoca no imaginário das crianças é perceptível, principalmente pelos seus traços ocidentais tanto na estrutura dos conteúdos, da informação e do conhecimento construído, no contato com outras línguas e o choque cultural com presença dos voluntários, tornando-se necessário pontuar essa influência ocidental. Desta forma, são trazidas reflexões sobre identidade individual e cultural e de sua presença cotidiana, desde pequenos hábitos até em formas de ver o mundo, transformando-se até mesmo em algo conflitante, mas enriquecedor para os estudantes, o corpo estudantil e ao telespectador. Khartika traz um pensamento que ilustra essa diferença “há muitos voluntários ocidentais, as ideias deles são liberais e diferentes da cultura indiana, temos de ver o que é certo e achar um equilíbrio”.

Após realizada a comparação entre ocidente e oriente, apresento outro aspecto para ser refletido, o sistema educacional indiano, como é e como lidam com seu acesso e qualidade. Primeiramente, pontuo a Constituição da Índia que reconhece a educação como um direito fundamental, “O Estado deve fornecer gratuitamente e obrigatoriamente educação para todas as crianças da idade de seis a quatorze anos da maneira que o Estado pode, por lei, determinar” (INDIA, 2011), porém “As despesas do governo da Índia sobre educação escolar nos últimos anos chegam a cerca de 3% do PIB, o que é reconhecido como muito baixo.” (KUMAR, 2017).
Historicamente, como discutido no artigo “O sistema educacional na Índia” por Dr. Kumar, a Índia já dotava do sistema educacional Gurukul, desde a Antiguidade, com uma aprendizagem intimamente ligado à natureza e à vida. Em 1830, a língua inglesa, a ciência e a matemática foram trazidos pelos ingleses e limitado as salas de aula pelo sistema escolar moderno dos ingleses, com a metafisica e filosofia considerados desnecessários. No início da década de 1920, Conselhos começaram a surgir com a finalidade de decidir sobre currículo e livros didáticos, “mas, eventualmente, em 1952, a constituição do conselho foi alterada e foi renomeado para Conselho Central de Ensino Secundário (CBSE).” Atualmente, de acordo com os dados do The Mundial Bank, houve aumento da taxa de conclusão do ensino primário e da população entre 7 e 10 anos alfabetizada.
A Índia é extensa, divide-se em 7 Territórios da União e 28 estados, com objetivo de ter êxito em sua gestão, os estados, no início, tinham autonomia para decidir e implementar políticas. Em 1976, com uma emenda constitucional, a educação consta na “concurrent list”, assim, “as políticas e os programas de educação escolar são sugeridos no nível nacional pelo [Governo da Índia], embora os governos estaduais tenham muita liberdade na implementação de programas” (AGARWAL, 2006). A nível nacional, há ainda muitas políticas e programas que “propõem estratégias educacionais, currículos, esquemas pedagógicos e metodologias de avaliação para os departamentos de educação estaduais.” Na prática,
“o sistema escolar na Índia tem quatro níveis: fundamental inferior [...], fundamental superior [...], médio [...] e médio secundário [...]. Os alunos têm que aprender um currículo comum em grande parte (exceto as mudanças regionais na língua materna). Existe uma certa especialização no nível médio secundário. Os alunos são capazes de aprender três idiomas (a saber, inglês, hindi e sua língua materna), exceto em áreas onde Hindi é a língua materna e alguns fluxos [...].”  (KUMAR, 2017).
Desta forma, há vários sistemas escolares, na esfera governamental, as escolas seguem o currículo estadual e são distribuídas três tipos de escolas para cada estado que são financiadas por eles. Escolas privadas também são comuns, financiadas por conta própria a partir de sua administração. Há também escolas que embora iniciadas por agência privada, recebem auxilio do governo com a finalidade de ao contribuir para a redução de taxas, possibilitam a entrada de estudantes vindos de famílias menos favorecidas e as escolas exclusivas, que além de poucas e dispersas, seguem currículos estrangeiro, geralmente elitizadas.
O ensino superior indiano é outra modalidade que desperta curiosidade, já que nas partes finais da série torna-se o foco das jovens. Após a independência o ensino superior cresceu rapidamente, entre 1947 e 1980, “o crescimento do ensino superior limitou-se em grande parte às artes, ciência e comércio. O governo não apenas apoiou o ensino superior ao estabelecer universidades e faculdades, mas também assumiu a responsabilidade de administrar o instituições criadas através do setor privado.” (AGARWAL,2006). Entre 1980 e 2000 o governo, a fim de atender as necessidades da indústria e das empresar aumentou o investimento no setor, houve ainda um aumento substancial no número de matriculas, pelo crescimento da classe média, a demanda pelo ensino superior e o empreendedorismo, permitindo, a partir daí, a presença da iniciativa privada no ensino superior. Entre 2000 e 2005 o número de universidades aumentou chegando a 26 universidades privadas. As universidades podem ser estabelecidas por uma lei do Parlamento ou pelas legislaturas estaduais.   
O ensino superior na Índia “abrange toda a educação pós-secundária além da classe doze em diferentes áreas, incluindo todas as correntes profissionais, como engenharia e tecnologia, medicina, agricultura, etc. [...]” (KINGDON, 1998). As meninas conseguiram ingressar nos cursos de Jornalismo, Direito e Enfermagem, dando continuidade aos estudos de acordo com o comprometimento que assumiram na Shanti Bahvan com a finalidade de elevar, através de seus estudos, a família e retribuir a sociedade.

Considerações finais
A análise construída no presente artigo com base na série documental Daughters of Destiny, tem o intuito de mostrar a partir de um recurso cinematográfico, uma realidade crua do cotidiano indiano, com sua cultura, tradições, imaginários, idiomas e suas complexas dinâmicas internas, mostrando a importância da educação para as classes inferiores e chamando atenção por trazer uma perspectiva feminina, principalmente infantil e jovial com seu amadurecimento ao decorrer do tempo.

O primeiro ponto de análise apresentado pelo artigo é o sistema de castas, hierarquizando de forma inflexível a sociedade, o qual a origem ainda é enigmática. Ainda que não reconhecido pela constituição indiana, sua presença é incontestável, sendo diversas vezes referido durante o documentário, largamente criticado, e fazendo-se ser pelo telespectador. Desta forma, pode-se perceber que as diferenças sociais na Índia possuem mais um fator para intensifica-las, se não a explicação para a sua permanência.

A segunda parte dedicou-se a discutir o ponto de vista feminino presente no documentário, não só a visão das jovens a respeito do mundo, mas as influencias para tal visão. Foram levantadas questões a respeito do matrimônio, violência doméstica, educação, sociedade e cultura, os quais foram construídos pelos anos e que hoje são criticados e discutidos.

A última parte concentrou-se na educação, a raiz e salvação dos males, refletindo historicamente desde a educação básica até o ensino superior de forma breve para compreender seu funcionamento. A preocupação com a educação da comunidade é a primordial no documentário e ainda que o Dr. George assuma não ter formação em Educação adquirindo seus conhecimentos numa prática crua, sua iniciativa de quebrar o ciclo da pobreza é excepcional fazendo uma grande diferença na vida das crianças. Seu desejo de evoluir a complexa sociedade indiana, amenizar suas crônicas desigualdades sociais e aumentar a qualidade de vida através da educação é compartilhado pelos vários educadores do mundo.

Essa sequência cinematográfica foi um projeto que durou sete anos, acompanhando as mesmas meninas e suas famílias com seus dramas internos, que Vanessa Roth juntamente com toda a equipe, conseguiu apresentá-los de forma delicada e artística, com um trabalho de câmera de qualidade, propiciando a possibilidade de um exercício filosófico. 

Como as críticas tendem a acompanhar as questões e discussões de seu tempo, a partir deste documentário, tornou-se possível discutir sobre o sistema educacional, o sistema de classes, a violência doméstica, entre outras questões, tanto sobre seu funcionamento, suas implicações e o que propiciou seu surgimento, analises essas densas, complexas e delicadas que necessitam ser discutidas. Para além dessas indagações, é interessante pensar a respeito da possibilidade de discussão e reflexão sobre esses fatos, e principalmente, na tecnologia suficiente tanto para a produção quanto para a distribuição desse documentário no contexto atual, retratando não só o percurso histórico das questões referentes ao passado, mas sua visão no presente tanto a respeito do passado, presente e suas projeções para o futuro.

Referências
Ana Clara Fernandes da Costa é graduanda em História pela Universidade Veiga de Almeida – UVA. (Campus Tijuca) E-mail: aanaclara.fcosta@gmail.com

AGARWAL, Pawan (2006). Higher Education in India: The Need for Change, Working Paper, No. 180, Indian Council for Research on International Economic Relations (ICRIER), New Delhi. Disponivel em: <https://www.econstor.eu/bitstream/10419/176564/1/WP180-Higher-Education-in-India.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2019.
Constituição da Índia - Constitution of India. Conteudo Juridico, Brasilia-DF: 15 fev. 2011. Disponível em: <http://www.conteudojuridico.com.br/?artigos&ver=20325.31254&seo=1>. Acesso em: 30 abr. 2019.
COSTA, Florência. Os indianos. 1ª edição. São Paulo: Contexto, 2012.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
KINGDON, G. G.; UNNI, J. Educat Education and women’s labour market outcomes in India: An Analysis using NSS household data. 1998. Disponível em:
<https//pdfs.semanticscholar.org/3c2c/97b182716bb5827b24842c877dea26.pdf>. Acesso em: 30 abr. 2019.
KUMAR, V. Sasi. O Sistema de Educação na Índia, 2017. Disponivel em: <https://www.gnu.org/education/edu-system-india.pt-br.html>. Acesso em: 30 abr. 2019
MEDEIROS, Monalisa. A violência contra a mulher na sociedade contemporânea brasileira. Disponível em: <https://monalysamedeiros.jusbrasil.com.br/artigos/303302196/a-violencia-contra-mulher-na-sociedade-contemporanea-brasileira>.
MUNSHI, Kaivan; Rosenzweig, Mark R. Why is mobility in India so low? Social insurance, inequality, and growth. Center for International Development at Harvard University. July 2005
Thomson Reuters Foundation Annual Poll. The world’s most danger countries for women. 2018. Disponível em: <https://poll2018.trust.org/>. Acesso em: 30 abr. 2019.
TWAIN, Mark. The Writings of Mark Twain - Following the Equator: a journey around the world. Harper & brothers, 1906. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?id=-icTAAAAIAAJ&lpg=PA26&ots=fw0xZT8Zve&dq=followingthe&hl=pt-BR&pg=PA26#v=onepage&q=followingthe&f=false>. Acesso em: 11 jun. 2019.

6 comentários:

  1. LIA RODRIGUEZ DE LA VEGA6 de agosto de 2019 às 00:56

    Eu não segui a série Neftlix, então eu quero perguntar como definem as jovens no documentário suas identidades Dalits e se elas expressaram suas idéias sobre como seria para elas terem uma vida de qualidade. É de grande interesse conhecer sua visão sobre os dois assuntos.

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    1. Boa noite, Lia!

      É uma pena que não tenha conseguido ver essa obra prima de série.
      Respondendo sua pergunta, pelo grande contato com o mundo ocidental os choques culturais são bem presentes na formação de suas identidades trazendo um certo conflito, pois além de serem mulheres numa sociedade machista, são dalits, intocáveis.
      Mais uma vez recorrerei a uma fala da série e da jovem Shilpa,
      “Pela janela, vejo um mundo diferente para mim. Minha mãe sabia bem o que a sociedade dela esperava de uma mulher. Aos olhos dela, ela existia para atender as necessidades de um marido, servir os pais e criar os filhos dele. Apesar de ter aprendido cedo como que eu era “intocável” eu não pensava muito nisso na época, mas achava difícil aceitar que minha família fosse vista como indigna de interagir com pessoas da casta superior. Eu não sei se é minha parte física ou minha alma invisível que é considerada impura e repulsiva. A despeito da opinião deles, a palavra “intocável” não significava nada para mim. Dizem que nossa vida nos pertence, mas eu sei que é difícil transcender a história.”
      As meninas mostram visivelmente as distinções de classe e de gênero, desde quando saiam da escola e passavam as férias em suas casas até quando saíram da escola para ingressar nas faculdades, compreendendo em como essas distinções interferem em seu cotidiano e tendo que questioná-las, principalmente a jovem Karthika que ingressa no curso de Direito “As faculdades de direito na Índia costumam ser consideradas elitistas, porque só os ricos conseguem pagar por elas. E tem apenas dois de nós de origem carente, na faculdade. É muito assustador para mim, porque para mim, os riscos são maiores no sentido de que tenho muito a perder se não me sair bem na faculdade. Eu não esperava ser discriminada por eles, porque deviam ser bem educados, mas são apenas cultos ” diz ela.

      Abraços,
      Ana Clara Fernandes da Costa

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  2. Na sociedade indiana, como você discute no seu artigo, ela é extensa e variada, e que tais fatores são combinados com a valorização das tradições, mitos e crenças, muitos tabus são criados. Em relação a esses mitos como a mulher indiana e caracterizada e vista na casta dos dalits?

    Gostei muito da abordagem da temática.Parabéns

    Érica de Araújo Lourenço Morais

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    1. Boa tarde, Érica!
      Fico imensamente agradecida pelo elogio e pela participação.
      A fala da jovem Shilpa logo no início do documentário ilustra e responde bem esta questão: “eu nasci numa terra em que o destino costuma ser visto. Vidhiy-Amma, ou Mãe Destino, inscreve o destino de cada criança em sua testa, no nascimento. Existe até uma expressão em canará para o que pode ser percebido sem se ver, haneli barediddu, “o que está escrito na testa.” Meu destino também pode ter sido pré-planejado, meus pensamentos se acalmam e se entregam ao dia do meu nascimento, [...] eu fui uma desses poucos privilegiados: filhos da pobreza crescendo num mundo irreconhecível daqueles que deixamos para trás. Apesar das minhas circunstancias modificadas, não sei se enganei totalmente o destino ou se meu carma ainda pode me arruinar. Não consigo parar de pensar que, como uma mulher “intocável”, um dia posso ser punida por razões que eu não compreendo.”
      Por a Índia ser tão ampla e com uma sociedade extremamente diversa com profundas desigualdades sociais, a situação da mulher difere bastante, de uma existência quase medieval à as que vivem no século XXI, como escreveu Florência Costa. Numa sociedade onde meninas ainda não são bem recebidas, abortos seletivos ainda são presentes. Inferiores ao sistema de castas e aos homens, as mulheres dalits são trabalhadoras braçais, casam-se cedo (por vezes, a força), cuidam dos filhos e executam tarefas domesticas, são desrespeitadas e violentadas. Na série, essa realidade é bem visível nas mães das meninas retratadas.
      Abraços,
      Ana Clara Fernandes da Costa

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  3. Gostei muito do texto. Infelizmente, a série encontra-se em uma plataforma de conteúdos que não é gratuita. Com isso, dificulta um pouco o acesso. Nesse sentido, teria algum texto que você me indicaria para trabalhar em sala de aula que poderia suprir, mesmo que em partes, a série? Obrigado.

    Atenciosamente, Edivaldo Rafael de Souza.

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    1. Bom dia, Edivaldo!
      Fico tão contente por você ter gostado do texto. Sabe, a questão da dificuldade de acesso me preocupou desde a escrita do artigo, compreendo perfeitamente, há até a questão da duração também, já que são quatro episódios de mais de cinquenta minutos, mas é uma série tão bem feita e gera tantas discussões tão pertinentes que vale a pena. Recomendo imensamente o livro base para este artigo “Os indianos” de Florência Costa, que além de bem completo, a autora até mesmo recomenda livros e documentários para aprofundamento nos assuntos.

      Abraços,
      Ana Clara Fernandes da Costa

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