ENSINO DE HISTÓRIA, A CULTURA INDIANA E A LUTA CONTRA A INFERIORIDADE
IMPOSTA ÀS MULHERES ATRAVÉS DO DOCUMENTÁRIO “ABSORVENDO O TABU”
Carolina Giovannetti
Introdução
Este texto surge da necessidade de se discutir questões de culturas
outras, mas que se interligam por estruturas sociais mais amplas como o sistema
patriarcal. Para tanto, utilizo o documentário indiano “Absorvendo o Tabu”, (Period. End of Sentence), de 2018, produção original Netflix e vencedor do Oscar 2019 de melhor
documentário Curta-Metragem.
Na Índia há
grandes contrastes no que se refere ao papel da mulher na sociedade e ao modo
como ela é considerada, tanto no âmbito espiritual, quanto cultural e
econômico. Os Vedas (quatro coletâneas de textos sagrados escritos em védico,
uma forma antiga do sânscrito, que significa saber e conhecimento, contendo
hinos, provérbios populares, poemas e orações) afirmam que o homem e a mulher
são iguais "como as duas rodas de uma carroça". Na “Bhagava-gita”, capítulo 10, verso 34,
Krishna diz: “Entre as mulheres, sou a fama, a fortuna, a linguagem afável, a
memória, a inteligência, a firmeza e a paciência”. No contexto da cultura
indiana védica, pode-se constatar que
A deusa da
fortuna, Lakshmi; a deusa da sabedoria, Sarasvati; a deusa que é a mãe
dos Vedas, de onde vem todo o conhecimento, Gayatri – são todas
mulheres divinas. Vemos também que os rios, considerados tão sagrados e
auspiciosos para toda a humanidade, como Yamuna, Ganges, Sarasvati, entre
tantos outros, são deidades femininas. Além disso, quando nos referimos às
divindades, o nome feminino vem sempre primeiro e, portanto, dizemos:
Radha-Krishna, Sita-Rama, Lakshmi-Narayana e assim por diante. Partindo
dessas observações, podemos refletir sobre a importante posição da mulher
dentro da cultura védica (DASI, 2017, n.p.).
Porém a
aceitação prática destas ideias religiosas e filosofias indianas têm sido pouco
pragmática nos dias atuais, já que, muitas vezes, as mulheres são consideradas
na Índia como propriedade dos maridos ou do patriarca da família e não são
vistas em situações de igualdade em relação aos homens.
A proposta, então, é mostrar a realidade da paradoxal sociedade indiana,
tão conhecida pelas suas lideranças pacifistas e pela sua espiritualidade, mas
também como sendo um local de propagação de ideias sexistas e misóginas,
apresentando-se, portanto, como uma sociedade de contrastes. A Índia é um
país com números alarmantes de violência contra a mulher, como o aborto de
meninas, mulheres incendiadas, passando pelos casos de estupros coletivos, mas
também de uma luta histórica das mulheres contra as mazelas impostas a elas
pelo sistema patriarcal.
Desigualdades de gênero são profundamente arraigadas em todo o
território indiano devido também ao
sistema patriarcal, definido como um modelo de dominância masculina legitimada
pela família e sociedade através de direitos, privilégios e relações de poder.
Dentro desse contexto, percebe-se que “a socialização das mulheres na posição
subordinada e o pensamento dos homens de que são superiores às mulheres e têm,
por conseguinte, o direito de controlar as mesmas, são fenômenos resultantes da
desigualdade de gênero da sociedade indiana” (FONSECA, 2017, n.p.). Podemos
afirmar que essa socialização desigual das mulheres em relação aos homens gera
a violência de gênero, em seus aspectos políticos, econômicos, sociais e
intelectuais.
A ideia é propor uma sequência didática para
alunos/as do ensino médio, para que eles/elas possam refletir e questionar as
imposições sociais que as mulheres são submetidas na cultura indiana. A
exibição de filmes documentários torna-se importante, pois a habilidade e “as
possibilidades que os recursos audiovisuais propiciam não podem ser negadas,
uma vez que podem transformar a escola em ambiente vívido, participante ativo
da cultura, atentando e atendendo as necessidades imediatas da sala de aula,
dos alunos” (SALES, 2009, p. 235).
John Tosh (2011) afirma que o filme documentário
tornou-se um gênero cinematográfico reconhecido a partir da década de 1930 e
seu impacto nos espectadores foi bem recebido, como resultado do contexto
histórico do pós-guerra e início de outro conflito mundial, sendo usado como
mensagem social ou política. Dentro deste contexto, no século XX “o estudo da
cultura popular foi transformado por um novo meio – a fotografia e o filme”
(TOSH, 2011, p. 248). Assim, “as atrações cinematográficas oferecem muito mais
do que um registro documentário. Ele é em si um produto cultural, e um produto
particularmente poderoso” (TOSH, 2011, p. 249). E é dentro dessas
características de produto cultural inserido em seu contexto histórico,
político e social que analisamos o documentário “Absorvendo o Tabu”.
Absorvendo o Tabu e a cultura indiana: uma proposta do uso de filmes
documentários no ensino de história do ensino médio
Na era das redes sociais e do ciberfeminismo as demandas
feministas e reivindicações sociais das mulheres ganham destaque e cada vez
mais apoiadoras, engajando-se como militantes e defensoras de pautas
feministas. Há um despertar de propostas e possibilidades, a partir da ideia de
que agora os anseios das mulheres devem ser considerados, suas histórias devem
ser contadas, suas lutas validadas e as vozes caladas por séculos, milênios,
agora são ouvidas.
É preciso salientar que as lutas feministas são muitas e vão
depender do contexto local, religioso, cultural, econômico e social, já que,
por exemplo, ainda existem mulheres que vivem sob um rígido sistema de tutela
que restringe a liberdade das mesmas ou mulheres que são submetidas à mutilação
genital, sofrimento físico que é uma
realidade para cerca de 200 milhões de meninas e mulheres que vivem hoje no
mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), chegando em alguns
países a terem 50% de mulheres mutiladas genitalmente.
Nota-se, portanto, que o estudo relativo às mulheres deve
valorizar as especificidades das diversas demandas e enfrentamentos das
mulheres ao longo dos tempos e espaços diferentes. As realidades, opressões e
formas de resistência ao patriarcado de uma mulher europeia e com acesso aos
meios formais de instrução não são as mesmas de mulheres asiáticas que, por
exemplo, ainda lutam para terem acesso a bens de serviço básico, como
absorventes higiênicos ou então as de mulheres africanas, que enfrentam as
mazelas da mutilação genital, violência física intrinsecamente ligada às
opressões do controle dos corpos femininos impostos pelo patriarcado.
Uma mulher do Norte-global não pode ser analisada da mesma forma que uma
mulher de um vilarejo rural da Índia. Dentro deste contexto, o ensino de
história da Índia e o entendimento das condições sociais deste país precisam
estar correlacionados com aspectos ligados às relações de gênero, muitas vezes
impostas às mulheres submetidas ao jugo social em questão.
A historiadora estadunidense Joan
Scott, no artigo “Gênero: uma categoria útil de análise histórica”
(1990), afirma que gênero é uma
categoria para pensar as relações sociais entre homens e mulheres, relações
estas que são historicamente construídas, argumentando que as identidades de
homens e mulheres são sociais. Segundo ela, não existe determinação natural dos
comportamentos de homens e de mulheres. Assim, gênero é a percepção
hierarquizada das diferenças sexuais. A autora afirma que gênero é uma
categoria de análise, porque é possível analisar como são significadas as
diferenças entre masculino e feminino e esses significados são contextualizados
socialmente (SCOTT, 1990). Dentro desse contexto, gênero é uma parte característica de relações sociais fundadas nas
diferenças percebidas entre os sexos; e também uma forma inicial de dar sentido
às relações de poder (SCOTT, 1990).
A partir das informações apresentadas, faz-se necessário,
portanto, debater a condição das mulheres em seus contextos sociais, econômicos
e culturais, além das mais diversas realidades de vivências e experiências do
sexo feminino ao redor do mundo. Entendo que o ensino de história no ensino
médio é um importante local de discussões das diferenças socioculturais e da
condição da mulher, por nesta etapa do ensino estarmos diante de jovens que
vivem em um mundo de grande interação social e que desenvolveram desde cedo as
potencialidades do mundo virtual. Assim, interagem com as mais diversas
culturas por meio da música, das propagandas, da leitura e também do cinema.
O ensino médio demonstra-se potencialmente interessante para o trabalho
com temas ligados às questões de gênero, às discussões de culturas e as
propostas de outras metodologias didáticas e epistemologias dentro do processo
de ensino e aprendizagem. Estudantes do
ensino médio demonstram ser na atualidade engajados/as e críticos/as aos
problemas socioculturais de nosso tempo, além de estarem em constante contato
com meios de comunicação instantânea e interacional, o que faz deles/as pessoas
com acesso imediato às informações. As emergências contemporâneas das
juventudes nos impulsionam a propormos novas metodologias de trabalho com os/as
discentes e a entender como se concebe a produção do conhecimento. Para o documento
da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deve-se adotar uma dimensão ampliada e plural de juventudes,
entendendo as culturas juvenis em suas singularidades significando
“não apenas compreendê-las como diversas e dinâmicas, como
também reconhecer os jovens como participantes ativos das sociedades nas quais
estão inseridos, sociedades essas também tão dinâmicas e diversas. Considerar
que há muitas juventudes implica organizar uma escola que acolha as
diversidades, promovendo, de modo intencional e permanente, o respeito à pessoa
humana e aos seus direitos. E mais, que garanta aos estudantes ser
protagonistas de seu próprio processo de escolarização, reconhecendo-os como
interlocutores legítimos sobre currículo, ensino e aprendizagem. Significa, nesse
sentido, assegurar- -lhes uma formação que, em sintonia com seus percursos e
histórias, permita-lhes definir seu projeto de vida, tanto no que diz respeito
ao estudo e ao trabalho como também no que concerne às escolhas de estilos de
vida saudáveis, sustentáveis e éticos” (MEC, 2018, p. 463).
Portanto,
os/as alunos/as do ensino médio no Brasil estão inseridos em um contexto no
qual metodologias de ensino mais dialógicas e interacionais são importantes
para a construção de um conhecimento diverso e que perceba as nuances dos mais
diversos tecidos sociais.
Neste texto
é interessante propor que o conhecimento não é algo posto, pronto e acabado,
mas algo que está em constantes mudanças, depende do olhar daquele que o propõe
e daquele que aprende. Neste sentido, é importante considerar o ensino de
história como múltiplo e que abranja a dimensão crítica do saber, engajada com
as dimensões, sociais e culturais de seu tempo. Assim, proponho uma sequência
didática, na qual o filme-documentário “Absorvendo o Tabu”, seja o mote para as
discussões da cultura indiana, das relações de gênero e do sistema patriarcal.
O
documentário indiano, dirigido pela cineasta Rayka Zehtabchi, retrata o
cotidiano rural nos arredores de Delhi, na Índia e como as mulheres locais
organizam uma revolução silenciosa contra o estigma da menstruação,
profundamente imbricado na sociedade indiana. “Absorvendo o Tabu” nasceu de um
projeto pensado por jovens da Califórnia, nos Estados Unidos, no qual as
estudantes pleiteavam fornecer absorventes para outras estudantes da Índia. O
projeto de arrecadação de fundos foi nomeado de “The Pad Project” e as jovens
mulheres estadunidenses conseguiram financiar a execução do documentário.
“Absorvendo
o Tabu” parte da constatação da enorme ignorância quanto à menstruação em uma
localidade rural da Índia, trazendo fala das habitantes locais, que nos informam
como a sociedade indiana e os padrões impostos às mulheres afetam as
possibilidades de estudo, emprego e renda das mulheres retratadas no
documentário, devido à materialidade dos corpos das mulheres, como a
menstruação. Neste vilarejo rural, a menstruação é um enorme tabu e motivo de
vergonha e o documentário mostra a ideia de como o corpo feminino é entendido
na cultura indiana e como a cultura misógina relega às mulheres a um lugar
subalterno, mostrando como as mulheres menstruadas são vistas por essa sociedade.
Imagem I: Cartaz do documentário “Absorvendo o Tabu”
Disponível
em: http://elasdisseram.com/index.php/2019/03/curta-absorvendo-o-tabu/. Acesso em 13 de julho de 2019.
A
documentarista traz falas de homens e mulheres que narram como a menstruação é
entendida na cultura indiana ou denotam o completo desconhecimento do que é a
menstruação: “Isso é algo que só Deus sabe. É sangue ruim que sai da gente”;
“Os bebês nascem por causa disso”; “É um período de aula? Do tipo que toca o
sino?”; “É um tipo de doença, não?”; “ouvi dizer que é uma doença que atinge
principalmente as mulheres”; “Isso é um problema de menina”; “Eu estudei até o
ensino médio, mas quando menstruei pela primeira vez, ficou muito difícil”.
Esses ditos
sobre a menstruação levam a um grande constrangimento social e ostracismo às
mulheres, sendo uma das causas do abandono escolar e da falta de oportunidades
sociais. Assim, um objeto considerado corriqueiro em boa parte do que comumente
chamamos de mundo ocidental, como os absorventes higiênicos, transforma as
vivências de centenas de mulheres, através da geração de renda e da inclusão
social fora da esfera estritamente doméstica.
Para além
das questões ligadas à menstruação e ao uso de absorventes, o documentário
também nos faz refletir sobre outros padrões sociais ligados ao patriarcado,
como a imposição do casamento, já que em uma das narrativas a jovem
entrevistada informa que tem o plano de entrar para a polícia, para que não
seja obrigada a casar. Portanto, entende-se como a cultura de submissão social
é muito marcante para as mulheres na Índia daquela localidade e como é difícil
sair do ciclo dessas dimensões simbólicas, mais também palpáveis, conferidas ao
sexo feminino.
Analisar
sobre o uso de documentários em sala de aula e sobre as possibilidades deste
tipo de metodologia de ensino nos faz refletir sobre como professores/as e
alunos/as “se apropriam de tais recursos como material didático, que métodos de
leitura são empregados na análise dessa relação” (SALES, 2009, p. 234) e quais
as possibilidades podem surgir a partir desse tipo de metodologia.
Segundo Marc
Ferro (1988) as mudanças sofridas pela história nos últimos cinquenta anos
promoveram a possibilidade e a promoção de novas fontes historiográficas, além
da ruptura de uma hierarquização dos documentos históricos ditos oficiais, que
se baseava até então em uma lógica de poder. Assim, “a renovação
historiográfica, ocorrida principalmente no cenário do movimento dos Annales,
trouxe à tona uma outra visão de documento. Ampliaram-se enormemente as
fronteiras do conceito de fonte histórica, questões metodológicas foram
rediscutidas” (VILALTA et al., 2005, p. 175) e tornou-se possível, assim, a incorporação
do cinema como fonte documental para o ofício do/a historiador/a e para o
processo de ensino e aprendizagem de história.
O primeiro passo é uma
aula introdutória sobre a história da Índia e as condições socioculturais deste
país atualmente. Em um segundo momento a ideia é passar o documentário para
os/as alunos/as do ensino médio, com intuito de que haja uma discussão em um terceiro
momento. E, neste momento final, organizar e promover um debate para que os/as
educandos/as possam refletir e questionar os argumentos desenvolvidos na
película, como casamento compulsório, papeis sociais, imposições de gênero,
violências simbólicas, feminismo, entre outras temáticas que se fizerem
relevantes. É necessário estar nítido o que vai ensinar e para quem vai
ensinar, que neste caso específico é o ensino da cultura indiana e a condição
das mulheres da localidade estudada.
Dentro deste contexto,
considera-se que “a relação entre o ensino e o uso de novos meios de
comunicação, como o cinema, é próxima, sendo que desde o início a produção
audiovisual foi considerada como um poderoso instrumento de educação e
instrução” (SALES, 2009, 235). E visando analisar o documentário com os/as
alunos/as e fazer os trabalhos históricos dentro de sala de aula, “propõe-se
que ele não seja utilizado para ilustrar, mas para apresentar o fazer
histórico, como a história é feita e suas diversas formas de escrita,
comparando-o ao fazer documentário” (SALES, 2009, 242-243). Napolitano ensina
que o “professor deve evitar partir do princípio que a abordagem dada ao
documentário é a única possível ao tema retratado ou que o conteúdo mostrado é
a realidade social ou a verdade científica sobre o assunto” (2008, p. 31),
configurando o documentário como um gênero de filme que pressupõe um conjunto
de escolhas dos profissionais e políticas envolvidos em sua realização
(NAPOLITANO, 2008).
O filme é,
como qualquer outro documento, “monumento” (LE GOFF, 1984). Assim, o documento
é resultado “do esforço das sociedades históricas para impor ao futuro –
voluntária ou involuntariamente – determinada imagem de si próprias. No limite,
não existe um documento-verdade. Todo documento é mentira. Cabe ao historiador
não fazer o papel de ingênuo” (LE GOFF, 1984, p. 103-104), analisando as
condições que os documento-monumentos são produzidos. “Se o filme é documento,
sua análise requer muito mais do que investigação de aspectos internos. O uso
do filme como testemunho exige o estudo de seu contexto de produção. Os filmes
possuem conflitos que não aparecem na tela” (VILALTA et al., 2005, p. 179),
assim, faz-se necessário analisarmos sua história, o período e o local em que
foi produzido.
Considerações Finais
Tendo em vista as condições históricas das
mulheres na Índia e que resvalam até os dias atuais, “percebe-se a necessidade
de se criar mais políticas e movimentos de empoderamento para tais mulheres,
principalmente as que se encontram marginalizadas geograficamente, em povoados
e aldeias distantes dos polos civilizatórios” (FONSECA, 2017, n.p.). Considerando que o uso de filmes e documentários é um
recurso extremamente frutífero, constituindo o “cinema como testemunho
histórico, como agente da história e como um contraponto que possibilita,
principalmente quando se apropria de temas históricos, pensar a própria
história como conhecimento” (VILALTA et al., 2005, p. 178), assim, o
audiovisual em sala de aula cumpre o papel de propor novas abordagens didáticas
e de construção do imaginário social, sendo uma forma de abordagem de questões
históricas e sociais de forma lúdica e dialógica.
Pode-se considerar que o feminismo reivindica acesso das mulheres à
educação, ao trabalho digno, a liberdade de escolha, propondo o fim da
submissão patriarcal. Mas para isso é necessário que as condições físicas das
mulheres sejam consideradas e validadas, dentro de um sistema que veja as
mulheres nas suas mais diversas realidades de classe, de raça, de origem e de
cultura. Encerro com a reflexão de uma das
personagens do documentário, para refletirmos sobre as mulheres e a esperança
de mudanças: “o mundo não pode avançar sem as mulheres. Somos as criadoras do
Universo”.
Referências
Carolina Giovannetti é bacharela e licenciada em História pela PUC – MG,
Mestranda em Educação pela UFMG, na linha de pesquisa Currículos, Culturas e
diferenças, professora da rede pública de Minas Gerais. E-mail: carolinagiovannetti@hotmail.com
DASI, Kamalakshi
Rupini Devi. As Mulheres na Cultura Védica.
Disponível em:
http://sagradofeminino.saberes.org.br/saberes-ancestrais-femininos-sabedoria-espiritualidade-psicologia-saude-danca-feminina/as-mulheres-na-cultura-vedica-shakti/.
Acesso em 12 de julho de 2019.
FERRO, Marc. O filme: uma contra-análise da sociedade? In: LE GOFF, Jacques; NORA, Pierre
(Orgs). História: Novos objetivos. 3 ed. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1988, p. 199-215.
FONSECA, Fernanda Cardoso. A
questão da mulher na Índia: debate acerca da violência de gênero no país.
Disponível em:
https://pucminasconjuntura.wordpress.com/2017/10/22/a-questao-da-mulher-na-india-debate-acerca-da-violencia-de-genero-no-pais/.
Acesso em 04 de julho de 2019.
LE GOFF, Jacques. História e Memória. 4.ed. Campinas:
Unicamp, 1996. Disponível em
http://ahr.upf.br/download/TextoJacquesLeGoff2.pdf Acesso em
14 de julho de 2019.
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de
aula. São Paulo: Contexto, 2008.
PRABHUPADA,
Bhaktivedanta Swami. O
Bhagavad-gita Como Ele É. edição completa com texto original em
sânscrito, a transliteração latina e significados. Tradução e revisão de Enéas
Guerreiro, Jenny Penteado Roberts e André Seródio. Bhaktivedanta Book Trust:
São Paulo, 2006.
SALES, Eric de. História e documentários:
Reflexões para o uso em sala de aula. In: Revista Solta a Voz, v. 20, n. 2,
2009. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/sv/article/view/233/6742 Acesso em 07 de julho de 2019.
SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil de
análise histórica. Educação & Realidade, Porto Alegre, v.lS, n.2, jul./dez. 1990. Disponível em
http://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721/40667
Acesso em 26 de maio de 2018.
TOSH, John. A busca da história: objetivos,
métodos e as tendências no estudo da história moderna. Petrópolis, RJ: Vozes,
2011.
VILALTA,
Luiz Carlos; GOMES, Maíra Siman; RAMOS, Simone Calil; MICHEL, Silvia Lara. O
cinema e a história: reflexões e relato de uma experiência de ensino. Educação
em Revista. Belo Horizonte, v. 41. P. 175-191. Jun. 2005.
Gostaria de parabenizar pelo texto, extremamente interessante e relevante. Os recurso áudiosvisuais nos auxiliam para que os alunos compreendam e sintam as coisas das quais comentamos, pois assim não é somente uma frase no livro didático , mas uma pessoa real que esta ali para contar a sua história, o que transmite muita emoção . Gostaria de saber na sua opinião sobre o que dificulta ou está impossibilitando a visão da mulher como igual ao homem na cultura indiana? Seria o mesmo que enfrentamos em outras regiões ou um caso que foi agravado pela cultura e religião da região?
ResponderExcluirAlice Bandeira
Concordo plenamente com você, Alice. Os documentários são a possibilidade de ilustrar os conteúdos didáticos e trazer uma história vivida para as/os alunas/os.
ExcluirHá um longo processo de desigualdade Alice. São milênios de instituição do patriarcado, enquanto estrutura social. Penso em cada cultura, localidade, povo... o patriarcado se mostra de uma forma, por isso ainda há muita batalha pela frente e a educação é um dos campos de atuação.
Carolina Giovannetti
Parabéns pela temática discutida! Na sua opinião, que outros instrumentos, além do documentário, podem ser empregados no contexto escolar,e que discutam essas questões relacionadas as mulheres, você tem alguma outra sugestão, nome de filmes, séries?
ResponderExcluirRailany Oliveira de Sousa
Oi Railany
ExcluirObrigada pela parabenização.
Bom, tenho desenvolvido com meus alunos e alunas grupos de discussão com temáticas ligadas ao enfrentamento do machismo. Há um espaço de leitura de textos, seguidos de debates e, em um segundo momento, os/as alunos/as são convidados a escrever textos sobre a temática.
Tem sido bastante produtivo.
Filmes e documentários são sempre um recurso didático importante e de grande efeito qualitativo nas aulas de história.
Carolina Giovannetti
Olá, Carolina, tudo bem? Meu nome é Rafael,Pesquiso livros didáticos de História e gostaria de entender como sua pesquisa percebe possibilidades de abordagem nos livros didáticos sobre as questões de gênero na Índia. Considere duas possibilidades de abordagem:
ResponderExcluirA primeira, utilizar apenas uma narrativa na qual é colocada esta visão, na forma de verdade. Basicamente, o que é efetuado na maior parte dos livros didáticos de História.
A segunda, colocar dois conjuntos de informações, um conjunto falando sobre a imagem da mulher nos livros religiosos, e outro sobre a imagem da mulher na contemporaneidade, para que os alunos comparem os dois conjuntos.
Qual consideraria mais pertinente? Por quê?
Agradeço desde já, Rafael Fiedoruk Quinzani
Oi Rafael
ExcluirIntrigante seu questionamento.
Tenho desenvolvido pesquisas os currículos de história do Ensino Médio e a questão das mulheres não são abordadas.
Bom, análise de livros didáticos não é minha área de pesquisa, mas creio, por experiência pedagógica, que se trazer as duas imagens e os/as alunos/as fazerem o debate e as inferências é mais produtivo. Mas creio que este posicionamento pedagógico e curricular nos livros didáticos não acontece com tanta frequência.
Carolina Giovannetti
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirGostaria de te parabenizar pelo texto, muito interessante mesmo. Como sabemos aqui no Brasil a questão da luta pelos direitos das mulheres esbarra ainda na falta de representação política feminina nas câmaras de poder, para corrigir essa desigualdade a Lei de Cotas foi criada. Você sabe se existe na Índia algum projeto desse tipo que procure inserir as mulheres na política?
ResponderExcluirOutra pergunta em relação a questão política as castas foram legalmente proibidas, no entanto em muitas regiões elas ainda tem muita importância. O meu questionamento é se as condições de tratamento e de vida de uma mulher diminuem de acordo com a possível casta da mesma.
- Gabriela de Melo Vieira
Oi Gabriela
ExcluirNão conheço a legislação indiana. Mas creio que mesmo que haja uma lei específica ela esbarra em tradições patriarcais muito arraigadas na sociedade indiana.
Com relação a segunda pergunta, o patriarcado age independente de condições socioeconômicas. Mulheres pobres e e ricas são afetadas em alguma medida. Por isso, é muito importante fazermos análises interseccionais quando analisarmos mulheres como agentes históricos.
Carolina Giovannetti
Boa tarde. Parabéns pelo texto! No início do mesmo, você afirmou que há importantes divindades femininas presentes na cultura indiana mas, apesar disso, as mulheres são tidas como inferiores aos homens. Tal tratamento sempre ocorreu nessa sociedade ou teve início após o contato com o Cristianismo? Devido a imagem da mulher cristã como submissa, assim como da mulher judia como propriedade e da menstruação como impura.
ResponderExcluirAna Paula Sanvido Lara
Ana Paula, Tudo bem?
ExcluirNão creio que seja uma estrutura social de 500 anos (após as incursões europeias na região).
É uma estrutura social extremamente arrigada na sociedade indiana.
A religiosidade é um aspecto importante e de formação da cultura e da sociedade, mas não é o único ponto que molda as experiências sociais de um povo.
Carolina Giovannetti
Percebe-se que as mulheres indianas foram habituadas e/ou obrigadas a aceitarem uma condição de submissão, hora imposta pela cultura, hora imposta pelo sistema governamental. Não restando escolha ou apenas a possibilidade de um direito reduzido de escolha. Como o uso de novas formas de abrangência da informação como filmes e documentários poderão reduzir essa visão estereotipada ou mesmo ajudar as mulheres a reconhecerem, e reivindicarem os seus direitos em um país como a índia fortemente ligado ás crenças e culturas enraigadas?
ResponderExcluir(Hélido Veras Silva)
Oi Hélido.
ExcluirMulheres ao longo da história e nas mais diversas sociedades sempre questionaram seu estado de submissão e as imposições sociais que lhes eram atribuídas.
Os documentários são uma oportunidade de ver e ouvir os agentes históricos daquela determinada cultura ou sociedade... Dar voz aquelas pessoas.
Penso que os documentários e filmes são uma porta aberta para o diálogo, para o conhecimento de determinada sociedade, mas ainda há muito que fazer no terreno pragmático e estrutural.
Carolina Giovannetti
Sebastião Vicente da Silva
ResponderExcluir6 de agosto de 2019 21:34 MT
Muito interessante esse artigo, relatando a História da mulher na sociedade indiana, com ótimas propostas para transposição em sala de aula com ótimas dicas sobretudo abordagem do documentário.A minha pergunta é se a sociedade indiana, sofreu muito o sincretismo religioso, cristão, judaíco,islâmico ou ainda preserva o politeísmo desde o surgimento da sociedade indiana?(Sebastião Vicente da Silva)
Oi Sebastião
ExcluirObrigada pelos elogios
Creio que nenhuma sociedade é alheia ao seu tempo histórico ou totalmente isolada das interações com outros povos ou culturas.
Mas não posso te afirmar que haja um sincretismo religioso forte na Índia, pois não sou uma pesquisadora do assunto.
Carolina Giovannetti
O documentário discutido é simplesmente fantástico! Escolhi sua obra pois sempre procurei algo que discutisse a questão e sua análise foi excelente. É interessante falar sobre a didática utilizada no ensino médio para com a conscientização, mas gostaria de saber, como pode ser trabalhado para com crianças do ensino fundamental na disciplina de história o que diz respeito a igualdade de gêneros? Pois nos primeiros 12 anos de idade já é perceptível narrativas reprodutórias machistas e misóginas. Podemos trabalhar isso com recursos audiovisuais, mas você teria conhecimento de obras que se adequam a idade para que isso seja repassado?
ResponderExcluirAlice da Silva Leão
Muito obrigada, Alice.
ExcluirPenso que teríamos que fazer um recorte etário no Ensino Fundamental. Crianças do Ensino Fundamental 1, não teriam conhecimento suficiente para indagar sobre menstruação, por exemplo. Mas adolescentes dos anos finais do Ensino Fundamental são plenamente capazes de fazer este debate.
Agora o diálogo sobre machismo, misoginia e condições das mulheres podem ser feitos em todas as faixas etárias, de forma lúdica, interacional, desmistificando conceitos...
Carolina Giovannetti