Luiz Albuquerque


DROMOCRACIA MONGOL?

Luiz Albuquerque

Há muitos anos, em uma breve troca de cartas, com Immanuel Wallerstein, ele me sugeriu algo que nunca havia passado pela minha cabeça, e aqui dou a justa autoria.
Estava estudando as transformações que a dinastia Yuan havia submetido a burocracia da China. Uma dinastia mongol trazia consigo um aparato estatal totalmente novo que desrespeita a tradição administrativa fundada através de milênios e corporificadas em academias de formação de funcionários públicos, em especial, a Academia Han-Lin, fundada no período Sung. Os resultados desse choque foram tão severos, que podemos falar em Restauração Ming, liderados à batuta,principalmente, dos egressos da referida Academia.
Perguntou-me, àquela ocasião, de onde vinha a burocracia mongol, afinal eram nômades? Existiria, o que ele chamou, uma “dromocracia”, um governo dos caminhos, diferente do governo das cidades? Já fazem vinte anos que tirei risos e pedidos de desculpas por trazer um assunto tão árduo à discussão. Porém aqui estou retomando: Houve uma forma de estrutura governamental que dispensava uma burocracia sedentária sediada?
A pergunta inocente assume proporções maiores se percebermos que, constatada uma existência de uma burocracia estruturada governante, e sem um padrão de escrita, que aparece tardiamente. Alguns clássicos, que de já tão ligados ao pensamento histórico, perdem-se no substrato do dogma e no esquecimento pela falta do debate. A exemplo, o conceito de civilização. Vejamos a classificação de Vere Gordon Childe, muitos dos itens se aplicam, porém, um, que ele considerava essenciais, não. Existe uma burocracia, mas iliterata. Existem cidades, mas não pólos de poder e locais da administração. Uso aqui a piada de meu orientador de mestrado, Prof. Domício Proença, que era cético:
Vinha o chefe da cidade de Samarcanda pagar seus tributos anuais ao grande Genghis Khan. Onde está ele? E alguém apontava para uma direção. Ele chegava lá, e outro apontava na outra direção.
Ou seja, impossível determinar a sede do governo, para onde deveriam se dirigir todos os tributos. Porém, uma hipótese pode ser encontrada nos estudos Karl Wittfogel e seu Modo de Produção Asiático. Em grande parte, os tributos voltariam a realimentar as elites locais do próprio local conquistado, esses agora, subservientes ao poder mongol, e a contrapartida seria dada em soldados, direito de hospitalidade, e mesmo pecúnia, já que a atividade nômade tem no comércio sua principal fonte de ganho.
Inge Demant Mortensen, em seu livro sobre o nomadismo do Luristão, brinda-nos com uma taxionomia sucinta da vida nômade: criação, comércio e, quando em tempos de crise ou repressão, guerra de saque. Dessa maneira, a pecúnia - ouro, gemas, seda e outras especiarias - colocadas na Rota da Seda, permitiam aos mongóis sustentarem seu corpo militar e estatal em movimento. Basta observar, que a fama de sanguinários lhes favorecia a não serem tão violentos e destruidores, já que conseguiam resultados de saque, só pelo temor que infligiram aos povos que ameaçaram e conquistaram. Como prova, diversas missões do papa e dos reis europeus cruzaram a Ásia nesta época em busca de conhecer e informar sobre os Mongóis. Calcula-se que eles destruíram muito menos do que outros povos nômades que varreram a rota, como o Hsiung-Nu (Hunos) e o Turcos. Não cito a cifra do estudo, porque também eu desconfio dela. Em minha opinião, o melhor relato vem de William de Rubruck, que descreve a cidade de Kiev, por exemplo, como um deserto cheio de ossos humanos espalhados.
Outra explicação oferecida para a imensa estrutura burocrática que Kublai Khan instalou na China, é a presença de árabes e dos mongóis terem tido contato primeiro com eles. Há dois aspectos importantes aqui, já que essa é a versão chinesa do fato:
1.A China tinha uma política de sinicização dos povos em torno, para o caso de uma invasão, seu meio de vida não fosse muito alterado. Basta lembrar de “Mulan” da Disney, e de “O Mito (神話-ShénHuà)” do Jackie Chan, entre outros: há sempre uma princesa sendo oferecida em casamento a um bárbaro, em terras longínquas e perigosas. Essas princesas eram produzidas e treinadas em abundância para satisfazer as necessidades do Império, o que fez dos médicos imperiais especialistas em afrodisíacos.
2.Os árabes também evoluíram de um grupo nômade para sedentário, e podem ter tido maior ou menor influência na migração do grupo mongol, mas aí reside as questões fulcrais: por que os mongóis confiariam na fórmula árabe e não na fórmula chinesa? Por que eles abandonariam sua forma de relação que dava autonomia e continuidade das burocracias locais? Valida-se a hipótese de Wittfogel? Qual seria o conteúdo tão ofensivo aos chineses, que eles recusaram a se ambientar a essa dominação, ao contrário de outras e em outros momentos?
A questão seguinte seria determinar se houve alguma forma dominante, supletiva ou acessória de administração feita em condição de nomadismo? Curioso é que a resposta sempre será SIM, porém cabe entender o quão ela é complexa o suficiente para gerir algo mais complexo, vasto e duradouro que apenas um grupo trashumante das estepes em torno do Lago Baikal. Ou seja, não é uma afirmativa apenas, mas uma afirmativa que tenha expressividade e conteúdo para influenciar decisivamente a administração da China, por exemplo. E aqui, mais uma vez a pergunta ganha proporções inesperadas: Se o Eurocentrismo não desclassificou um complexo e intricado sistema de governo com a expressão preconceituosa “Bárbaro”? Essa questão foi revisitada em 2008, pelo saudoso Tzvetan Todorov em seu livro “La Peur des Barbares”, que recomendo a leitura. Segundo essa ideia, o preconceito teria turvado a percepção de formas de poder em sociedades que eram, na expressão de Gobineau, formadas por raças primitivas.
Como havia dito antes, algumas das pré-condições de Vere Gordon Childe não se aplicam no caso, mas, invés de prender-me a um viés estruturalista, vamos buscar algo mais funcional. A estrutura do Estado Mongol tinha como:
a) Reproduzir o poder e dar continuidade ao Estado? De fato, o Estado mongol teve esta capacidade, porém, mais uma vez, caímos num caldo tenebroso escuro, pois não sabemos, da influência ou não, de sua cultura originária na futura fundação das dinastias Moghul, Yuan, etc.
b) Suas tomadas de decisões passavam por um intricado sistema burocrático até serem executadas por terceiros, ou deveriam ser executadas elas próprias, sob a ação de um agente próximo ao poder central? Percebe-se que o conceito aqui encontra uma validade limitada, uma característica aponta na minha dissertação de mestrado, sobre a China no período Deng Xiaoping - é que o governo central tomava a decisão, mas tinha que negociar com as autoridades locais a sua execução. Muitas vezes, a autoridade central e as locais entravam num jogo, não de poder, mas de pertinência. Uma tomada de decisão do poder central poderia enfraquecer a autoridade local e permitir revoltas. Esse feedback constante transformava toda ordem central em execução relativa. Como a prioridade era a estabilidade do poder, mesmo uma medida de interesse do poder central não podia ser tão radical que desestabilizasse os poderes locais. Aliás, essa preocupação com estabilidade permanece até hoje, razão pela qual ocorreu o incidente de Tianjin e a seita Falun Gong foi banida da China. 
Por outro lado, não executar uma diretiva seria o enfraquecimento do poder central. Veja que este conceito é totalmente novo e inesperado nos modelos de gestão ocidentais. Decorrem da milenar tradição chinesa, e que já existiam baixo a dominação mongol. Seria como uma gestão de risco, que hodiernamente tanto se fala, cada decisão pode trazer consequências de estabilidade ou instabilidade, e a estabilidade é a principal meta.
c) São capazes de gerar uma economia de Estado, ou seja, alocar recursos com consciência estratégica e propósito, taxando e redistribuindo? Acho que esse é o ponto mais promissor. Como vimos antes, a atividade bélica nômade, geralmente é acompanhada pelo saque. Neste, nada é deixado para trás para a sobrevivência dos derrotados, que sofrem com as privações. Entretanto, se o grupo conquistador é capaz de alocar recursos, isto não ocorre. Acontece que, desde muito cedo, a crueldade de Genghis Khan o precedia, o que fazia que povos inteiros se rendessem buscando poupar suas vidas. Com isso, ele tinha que receber o botim, mas se via na obrigação de alocar parte dos recursos para que tivesse a referida comunidade como sua tributária no ano seguinte, não um monte de corpos mortos por fome absoluta. Mais do que isso, o escopo das preocupações era além do bando de cavaleiros que o cercava, eram diversas cidades que deviam tributos regulares e obediência. Que pediam proteção contra outros inimigos, e que cediam seus guerreiros a Temüjin.
d) Seriam capazes de grandes obras públicas que otimizassem a assistência à população? Esse é um ponto inócuo, uma vez que as lideranças locais continuam com esse poder, porém, o governo central fazia esforços para edificação de uma só obra? Sim, eles foram capazes de fazer obras típicas de povos sedentários, como cidades, represas, etc. Porém, todas tardias na história da expansão. A mais notável é o túmulo de Genghis Khan, que foi edificado no meio do nada, de acordo com a vista que ele mais gostava, com toda pompa cerimonial de um palácio funerário.
e) Quanto a outros critérios, como manutenção de exército regular, hereditariedade dinástica, etc. foram características as quais os mongóis, notadamente, possuíam.  Até hoje, a técnica de emboscada “cul-de-sac” usada pelos mongóis é o padrão da infantaria norte americana.
f) Quanto ao desenvolvimento tecnológico e educação, os mongóis tomaram emprestados de muitos dos povos que conquistaram. Acho que um paradigma pode ser citado à reflexão:
O Bife Tártaro, que não era moído, como os atuais. O Bife Tártaro era uma carne de um animal abatido pela manhã, colocada entre a sela e o cavalo e que era cavalgada por todo dia, e só daí então ingerida pelo cavaleiro à noite. Acho que não merece uma interpretação, porém apenas o conhecimento do fato, já nos deixa a mente divagar.
Chegamos então as implicações de se achar uma modalidade administrativa de governo capaz de operar em movimento e sem sede, potencialmente muito mais complexa que a Liga Hanseática, que tivesse deixado marcas no modo e no comportamento das populações que tiveram contato com ela. Ajudaria a entender, por exemplo, o que o preconceito sedentário jamais permitiu a compreensão: como nenhum Império - britânico, soviético e norte americano - jamais conquistou o Afeganistão. Ou como o Vietnam foi capaz de derrotar os franceses e norte-americanos. Ou como ainda existe um mercado, completamente fora do grande mercado, associado à permanência das Rotas da Seda e das Especiarias. Ou até desmentir, confirmar ou até detalhar a teoria de Wittfogel, e termos em verdade, não um Estado sedentário sobre outros, no modo-de-produção asiático, mas uma forma administrativa “dromocrática”. Varrer as amarras sedentárias da taxionomia de Vere Gordon Childe. Mas,principalmente, desmistificar o ranço pós-napoleônico que poder central forte é igual a autoritarismo e poder central fraco, a democracia, já que o poder central mongol era forte, mas sua administração desconcentrada.
Trata-se de estudar mais, resolver a questão da singularidade ou não, e aprender com uma maneira diferente de exercício do poder.

Referências

Luiz Antonio de Albuquerque Filho: Licenciatura em História na Universidade Federal Fluminense (1990); Mestre em Ciências em Engenharia de Produção COPPE - Universidade Federal do Rio de Janeiro (2001); Foi membro da ALADAA ( Associação Latinoamericana de Estudos de África e Ásia); Membro do GEE (Grupo de Estudos Estratégicos -COPPE); Foi professor de Política Urbana e Desenvolvimento na pós-graduação CBPJUR/Universidade Cândido Mendes
ALBUQUERQUE FILHO, Luiz Antonio de: O Modelo de Gestão Chinês na Época Deng Xiaoping, dissertação de mestrado COPPE-UFRJ, 2000
CHILDE, Vere Gordon: The Urban Revolution. In The Town Planning Review Vol. 21, No. 1 (Apr., 1950), pp. 3-17, Liverpool University Press
______________.Los Origenes de la Civilization, Fondo de Cultura Economica, 1996
KWANTEN, Luc: Imperial Nomads: A History of Central Asia, 500-1500, University of Pennsylvania Press; Edição: First Edition (1979)
MORTENSEN, Inge D.: Nomads of Luristan. History, material culture, and pastoralism in Western Iran, Thames & Hudson; Edição: 1st (1 de agosto de 1993)
JACKSON, Peter And MORGAN, David (Eds): The Mission Of Friar William Of Rubruck His Journey To The Court Of The Great Khan Mongke 1253-1255,The Hakluyt Society, 1990
WILD, Norman: Materials for the Study of the Ssŭ i Kuan (Bureau of Translators) Bulletin of the School of Oriental and African Studies, University of London Vol. 11, No. 3 (1945), pp. 617-640 (24 pages) Cambridge University Press on behalf of School of Oriental and African Studies
WITTFOGEL, Karl: Oriental Despotism: A Comparative Study Of Total Power, Vintage; Edição: 1st Vintage Books ed (12 de março de 1981)

8 comentários:

  1. ótimo texto, parabéns! gostaria de saber qual a influencia que a sociedade mongol deixou na atual China?
    Anita dos Anjos Beims

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Obrigado Anita. Uma das questões originais surgidas durante a dinastia Ming, que levou a cabo a reconstrução pós dinastia Yuan (mongol) foi a repulsa a tudo que vinha da forma anterior de organização do Estado. O primeiro imperador Ming é o único de origem humilde que se tem notícia na história da China - e é muita história. Imediatamente, as academias de serviço público pelo país, notadamente a Academia Hanlin tomaram a tarefa de reconstruir o modelo antigo. Essa destruição sistemática e consciente das tradições mongóis se arrastou por mais de um século. Logo muito poucos traços deste período sobreviveram na sociedade chinesa. Porém, se nos guiarmos a regiões mais limítrofes do Império do Centro, Xinjiang, Gansu e a Mongólia interior, os mongóis estão lá como povo e cultura intactos. Os governos chineses bem buscaram um aculturamento dos povos mongóis, mas podemos constatar o insucesso. Para saber a linha de influência mongol sobre a China, tem uma muralha demarcando. A Grande Muralha, inclusive, em sua construção e manutenção, inaugurou um modelo de sociedade chinesa inteiramente novo e peculiar, que se distingue diametralmente do individualismo ocidental. As comunidades ao longo da muralha, durante mais de século, durante a dinastia Ming, incluíram uma responsabilidade solidária, ironicamente algo se presume tenha importado dos mongóis. Se um membro da comunidade cometesse um erro ou crime, ou a sociedade o punia e o coibia, ou todos eras punidos por aquela transgressão. Daí a tradição da família pagar pela bala que vai executar um condenado a morte, até os dias de hoje. Se não te esclareci totalmente, fique a vontade em insistir na pergunta. Obrigado

      Excluir
  2. você falou com wallerstein de bife tartaro?
    não entendi o exemplo.
    Irulan Marques

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Bom Dia, Com Wallerstein eu falei sobre a possibilidade de haver um sistema civilizatório original, nascido das tradições nomádicas do povo mongol.
      A questão do Bife Tártaro, base da alimentação daquele povo naquela época, é que era necessário cavalgar o dia inteiro para poder comer. Que eu quis dizer com isso: não era um Estado com uma capital e uma aristocracia em palácios, mas um Estado em movimento. E que a estocagem de alimentos agrícolas não era algo comum e fácil, logo continuavam nômades, se fazendo acompanhar de rebanhos para serem carneados à medida que progrediam.

      Excluir
  3. O Império mongol pode ser entendido como o primeiro estado globalizado mundial?
    Antônio Marques Pereira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Na perspectiva de uma corrente historiográfica importante, que incluem nomes como Andre Gunder-Franck, Imannuel Wallerstein, Fernand Braudel, Janet Abu-Lughod, o nosso saudoso brasileiro , Theotonio dos Santos, antes de Novo Sistema Mundial, houve um Antigo Sistema Mundial. O Novo Sistema Mundial, numa generalização grosseira, equivale àquele que surgiu a partir das grandes navegações e integrou o mundo numa Economia Mundial. Em contraposição, anteriormente, havia Economias-Mundo, ou seja, autossuficientes, e cujo o principal produto de comércio mundial eram os artigos de luxo, logo sem interdependência. Dessa Maneira, o Antigo Sistema Mundial já existia desde a pré-história, como o comércio sistemático entre os povos ao longo de dois complexos de rotas denominadas Rotas da Seda e Rotas da Especiárias (essa última em atividade pré-histórica documentada arqueologicamente). Os Mongóis, dessa maneira, não inventam o mundo globalizado e sequer transformam a prática independente dos Estados que ficaram sobre o seu jugo. Podemos dizer que eles sobrepõe os Estados locais (caso da hipótese de Karl Wittfogel - veja no texto) ou que criam algo novo, baseado na experiência nômade, ou seja, baseado numa dominação econômica, não militar (embora possa parecer, num primeiro momento, um contrassenso). O fato que os mongóis são os responsáveis pelo desenvolvimento das Rotas da Seda como lugar de comércio. Por conta desta unificação, diversos europeus lograram chegar a Cipango (que só foi constatado ser o mesmo lugar que China séculos mais tarde), caso de Marco Polo, William de Ruybruck, Joseph de Montecorvino entre outros.
      Logo não, não seria o primeiro Estado globalizado no sentido moderno da palavra. Nem mesmo seria o primeiro o Estado Imperial Euro-asiático, essa honra está nas mãos de Alexandre da Macedônia. Mas foi o maior império de toda história, atingindo a extensão, no seu clímax do Japão às margens orientais do rio Danúbio, da Sibéria a Índia.

      Excluir
  4. Primeiramente parabéns pelo texto.
    Analisando o texto vejo que a China e outros regiões tiveram influência direta do Império Mongol, gostaria de saber se atualmente ainda existem traços deste gigantesco Império em partes do Oriente.
    Desde já agradeço pela resposta.

    Marcos Vinicius Rodrigues Ferreira

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Eu vou pedir que a parte da China, você veja a resposta que dei a nossa colega Anita. Na Índia, o império mongol deu origem a uma época de ouro, a dinastia Moghul, aqui não é minha especialidade, porém, basta lembrar o que o símbolo mais conhecido da Índia, o Taj Mahal, foi construído por um membro desta dinastia. Creio que um especialista em Índia poderá detalhar melhor como eles formaram uma casta governante e que se mantiveram avizinhados do poder. Parte dos mongóis foram absorvidos pelo Islã e se confundiram na Pérsia e Arábia, porém os etnicamente mongóis era minoria nas tribos que conquistaram essa regiões. Podemos dizer que a aliança entre árabes e mongóis deu mais frutos ao primeiro. Na Europa, eles se retiraram em massa, porém deixaram enclaves tártaros na Crimeia. A Crimeia é outro assunto longo, já que a população tártara foi expulsa pelos russos em determinada época, cresceram e se misturaram e, recentemente, foram realocadas na Crimeia de novo, o que gerou a facilidade dos russos proclamarem a República da Crimeia como russa em 2014.
      Um ponto importante é que as pessoas confundem Mongólia como o local original de Genghis Khan. Ele nasceu às margens orientais do Lago Baikal/Ulan Ude (atual Rússia), a Mongólia Interior (estado da China) e a Mongólia (estado soberano) são o lugar onde foram erguidos os principais acampamentos mongóis e que se alinharam entre Altai, Karakorum e Ulam Bator para o controle da única opção de passagem do comércio sem cruzar o Deserto de Gobi e o deserto do Taklamakan. E me acredite, nenhum desses desertos, nem o Himalaia são opções para fugir ao controle. Em suma, eles se deslocaram, e até hoje ocupam essa posição, para eixo terrestre do comércio entre China, Índia e Pérsia.

      Excluir

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.