Bruna Navarone


O FENÔMENO HIKIKOMORI NO JAPÃO: ASPECTOS HISTÓRICOS E SOCIAIS
Bruna Navarone Santos

Introdução
Neste estudo se realiza uma análise do fenômeno “Hikikomori”, conhecido como um fenômeno de isolamento dos jovens japoneses de sua convivência em sociedade. Interpreta-se as causas deste fenômeno por fatores históricos e sociais. Dentre estes fatores, aborda-se as consequências da Bolha Econômica no Japão, principalmente em 1990 (NESSER, 2009) que contribuiu para a precarização da inserção destes jovens no mercado de trabalho japonês, numa sociedade rígida e coercitiva que exige a estes jovens estarem estáveis neste mercado de trabalho (FURLONG, 2008). Nestas circunstâncias de instabilidade, o isolamento social representado pelo fenômeno “Hikikimori” também pode expressar uma reação de anomia (DURKHEIM, 1972) num contexto onde as tradições e os costumes japoneses, que no período Pós Segunda Guerra (1960-1970) (VALE, 1992) garantiam uma estabilidade no mercado de trabalho, não mais fornecem um cimento social adequado que garanta a estabilidade deste jovens neste mercado.
No Japão, o termo “Hikikomori” é usado para se referir aos jovens que se afastaram da vida social e não tiveram nenhum relacionamento fora do âmbito familiar por um período superior a seis meses. Estes jovens geralmente não estão estudando, trabalhando, ou engajados em qualquer atividade fora de casa que requer interação com o outro. Frequentemente, permanecem em suas casas por vários anos (FURLONG, 2008). Esta definição do fenômeno “Hikikomori” também é a oficial do Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social do Japão. Para além desta definição, considera-se o jovem “Hikikomori” como incapaz de ir à escola, trabalhar e manter laços sociais (NESSER, 2009). 
O psicólogo Tamaki Saito, considerado especialista nos estudos sobre o fenômeno “Hikikomori”, nomeou esta condição enquanto um tipo de isolamento social em seu livro “Hikikomori: Adolescence without end” publicado em 1998. Este psicólogo, no início dos anos 90, surpreendeu-se ao notar o elevado número de pais que buscaram seu consultório para atender seus filhos que haviam deixado à escola e se escondido por meses ou anos em casa. Estes jovens, de um modo geral, eram de famílias de classe média, quase sempre do sexo masculino e com uma idade em torno de 15 anos. Quando o psicólogo Saito deu início à sua pesquisa, o isolamento social era pouco estudado e frequentemente tratado por médicos como sendo um sintoma de problemas comportamentais de ordem patológica (KREMER e HAMMOND, 2013). É importante mencionar que o fenômeno “Hikikomori” é considerado mais como um fenômeno da classe média do que da classe baixa que não tem condições econômicas para sustentar um membro ocioso da família (KANEKO 2006, apud NESSER, 2009).
Para situar o fenômeno “Hikikomori” em um contexto histórico e social, enquanto um tipo de isolamento social relacionado às rupturas bruscas da condição habitual de uma sociedade, apresenta-se a seguir as condições que podem ter propiciado este fenômeno no Japão. Principalmente as condições relacionadas à crise econômica da sociedade japonesa, em 1990, e suas consequências sobre o sistema tradicional de trabalho japonês e as suas respectivas condições e modalidades de trabalho.
As repercussões da Bolha Econômica no Japão
O colapso econômico e a recessão em seguida, conhecido como Bolha Econômica que marca o início da “década perdida” no Japão, principalmente durante os anos 90, são apontados como responsáveis pelos problemas que os jovens japoneses têm em encontrar um trabalho regular e estável. Antes deste colapso econômico, geralmente havia a transição escola-para-trabalho no qual os recém graduados do ensino médio eram contratados por uma companhia e treinados com vista a se tornarem empregados permanentes, com direito a emprego vitalício e aumento salárial baseado no tempo de prestação de serviço. Para treinar os jovens empregados, as companhias ofereciam oportunidade de adquirirem experiência e investiam na sua formação acadêmica e profissional. Estas garantias trabalhistas e investimento na formação acadêmica e profissional dos jovens, por parte das empresas, não era universal mesmo durante as décadas do Pós Segunda Guerra (1960-1970) (VALE, 1992), mas se aplicava principalmente aos empregados de grandes empresas e a servidores públicos (EMBAIXADA DO JAPÃO NO BRASIL, 2012).
Tendo em vista o difícil cenário econômico do Japão devido à crise econômica, principalmente nos anos 90, estas garantias nas condições de trabalho sofreram mudanças significativas. Por exemplo, as condições e modalidades de emprego no Japão têm sofrido mudanças, incluindo a popularização de empregos temporários e a introdução da terceirização dos trabalhadores. Desde o período da Bolha Econômica, as empresas têm contratado menos empregados regulares, enquanto o número de contratos temporários e empregados de meio-período têm aumentado (EMBAIXADA DO JAPÃO NO BRASIL, 2012).
A bolha econômica, em 1990, com o aumento do desemprego, terceirização e a desvalorização da moeda japonesa “Iene”, é um fator relevante para entender a recessão que a sociedade japonesa vivenciou enquanto uma ruptura da sua condição de estabilidade social e econômica. Dentre as consequências desta crise, também houve a diminuição da oportunidade de empregos regulares para os jovens japoneses, resultando na redução do número de jovens formados no ensino médio capazes de conseguirem um emprego regular de forma imediata. Desta forma, também houve o aumento do desemprego e da precarização das relações de trabalho (FURLONG, 2008).
Neste período da crise, o desemprego aumentou e muitos trabalhadores foram inseridos nos setores precários e m empregos não-regulares no mercado de trabalho japonês. Entre 1990 e 2004, por exemplo, desemprego de homens entre 15-19 anos aumentou de 8% para 12 %. Enquanto as mulheres desempregadas, nesta mesma faixa etária, aumentaram de 5% para 11 % (INUI ET AL., 2006, apud FURLONG, 2008).
Considera-se que esta situação de incerteza de um salário fixo e direitos trabalhistas garantidos pode ser um fator crucial para ocasionar o fenômeno “Hikikomori”, enquanto um fator de ansiedade e estresse para os jovens japoneses ao não encontrarem estabilidade social e econômica nesta fase da vida. Desta forma, propiciando estes jovens ao isolamento por não estarem mais sustentados pelas condições sociais e econômicas habituais de estabilidade de sua sociedade, devido à ruptura destas condições (ISOBE, 2007, apud NESSER, 2009).
A seguir, propõe-se uma análise do fenômeno de isolamento social “Hikikomori” com base nas análises do sociólogo Émilie Durkheim compreendo este fenômeno a partir da sua definição de anomia.
Análise Durkheiminiana do fenômeno Hikikomori
A partir da definição de sociedade orgânica do sociólogo Émilie Durkheim, considera-se que a sociedade apresenta uma força reguladora chamada “Fato Social”. Este consiste em maneiras de agir, de pensar e de sentir que exercem determinada força sobre os indivíduos, obrigando-os a se adaptarem às regras da sociedade onde vivem. Para este sociólogo, quando os indivíduos nascem, a sociedade já está organizada, com suas leis, seus padrões, seu sistema financeiro, etc. Cabe aos indivíduos aprendê-las por intermédio da educação. Neste caso, a sociedade exerce o papel de regular as necessidades morais das pessoas. Portanto, nesta perspectiva, a sociedade detém uma força coercitiva e independente que atua sobre todo um grupo de pessoas em sociedade (RODRIGUES, 1983).
Entende-se que as sociedades, enquanto sociedade orgânica, também são resultado da intensificação da divisão do trabalho. Nesta sociedade, a divisão econômica do trabalho social é mais desenvolvida e se expressa nas diferentes profissões e atividades industriais. A crescente divisão social do trabalho também faz aumentar o grau de interdependência entre os indivíduos. Esta interdependência se sustenta num sistema de diferentes funções que são interdependentes. Neste caso, o indivíduo depende da sociedade porque depende das partes que a compõe. Neste contexto, Durkheim considera que as profissões passam a ser responsáveis pela coesão numa sociedade (DURKHEIM, 1972).
Para o sociólogo Durkheim, o fenômeno da anomia significa o estado de desagregação em que se encontra a sociedade e o enfraquecimento dos laços sociais dos indivíduos com mesma. Este sociólogo também considera que a ruptura repentina do equilíbrio social neste tipo de sociedade orgânica poder gerar a anomia, ao longo prazo. Quando os indivíduos não se conformam às regras normativas da sociedade onde estão inseridos, podem ser coagidos a cumpri-las ou serem marginalizados. Portanto, entende-se que o fenômeno de isolamento social “Hikikomori” pode ser consequência deste tipo de anomia ocasionada pela marginalização daqueles que não se conformam às regras normativas desta sociedade.
A luz da teoria Durkheiminiana entende-se que se o indivíduo cede ao isolamento social, é devido ao fato de as regulações sociais não serem mais efetivas para controlar as propensões dos indivíduos, como consequência das mudanças sociais que provocam crises, assim como a crise econômica japonesa em 1990. De tal maneira, quando a sociedade se vê perturbada por uma crise ou por súbitas transformações, não é capaz de exercer esta ação coercitiva nos indivíduos para que se conformem as suas regras. Assim, como resultado desta condição de anomia, considera-se o fenômeno de isolamento social como expressão deste estado de desagregação da sociedade acarretado pela crise econômica japonesa.
Nestas circunstâncias, interpreta-se que este isolamento social representa uma reação anômica a situação de crise onde a tradição, os costumes, não mais fornece um cimento social para garantir um comportamento adequado dos jovens japoneses às normas da sociedade onde estão inseridos.
Considerações finais
Percebe-se que esta crise econômica japonesa teve impacto considerável na vida social e econômica dos japoneses. Eles estavam habituados com o aumento contínuo da prosperidade e o respeito internacional estabelecido pelo sucesso de seu modelo político-econômico no período Pós Segunda Guerra (1960-1970) (VALE, 1992). Porém, com a crise econômica principalmente durante os anos 90, as atitudes e maneiras convencionais de sua sociedade são questionadas quanto ainda serem apropriadas para lidar com as instabilidades desta crise econômica (YONEYAMA, 1999, apud NESSER, 2008).
Referências
Bruna Navarone Santos é bacharel e licencianda em Ciências Sociais pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e mestranda em Ensino em Biociências e Saúde pela Fundação Oswaldo Cruz/Instituto Oswaldo Cruz (PGEBS/IOC/FIOCRUZ). E-mail: bnavarone@gmail.com
DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo sociológico. Tradução de Carlos Alberto Ribeiro de Moura; Luz Carry; Margarida Garrido Esteves; J. Vasconcelos Esteves. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
EMBAIXADA DO JAPÃO NO BRASIL. O Sistema tradicional de Trabalho. Japan Fact Sheet, 2012. Disponível em: <https://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/trabalho.html>. Acesso em: 10 de jun. de 2019
FURLONG, Andy. The Japanese hikikomori phenomenon: acute social withdrawal among young people. The Sociological Review. v.56, n.2, p.309–325, 2008.
KREMER, William; HAMMOND, Claudia. Hikikomori: Why are so many Japanese men refusing to leave their rooms?. BBC NEWS, 2013. Disponível em:<https://www.bbc.com/news/magazine-23182523> Acesso em: 10 de jun. de 2019.
NESSER, Lars. Hikikomori-a Generation in Crisis Investigations into the phenomenon of acute social withdrawal in Japan. Tese de Mestrado em Japonês: Institute of Cultural Studies and Oriental Languages, University of Oslo, 1-57, 2009.
RODRIGUES, José Albertino. Durkheim. Coleção Grandes Cientistas Sociais. São Paulo: Editora Ática, 1993.
VALE, Gláucia Maria Vasconcellos. Japão – milagre econômico e sacrifício social. Revista de Administração de Empresas. v.32, n. 2, p. 44-57, 1992.

21 comentários:

  1. Boa tarde, Sra. Santos. Seu artigo trouxe-me reflexões e, naturalmente, algumas dúvidas.
    É a primeira vez que entro em contato com o termo “hikikomori”. Até então, desconhecia este fenômeno social. Uma questão que me surgiu, foi: ele se circunscreve apenas ao Japão? Não há fenômenos sociais semelhantes em outros locais do globo?
    A Sra. saberia me informar se “hikikomori” é associado a índices de depressão ou às altas taxas de suicídio, presentes no Japão? Recordo-me de Bo, quando, em Cinema Japonês. Filmes, Histórias, Diretores, ele comenta o surgimento/ascensão de um novo gênero cinematográfico, no Japão da década de 1990: o “J Horror”. Embora esta questão possa ser problematizada com mais aprofundamento, em nível de senso comum (no Ocidente), é habitual a associação do consumo de filmes de terror, com estados psicológicos desorganizados (porém, como definir normalidade?) de seus telespectadores. A Sra. tem conhecimento de algum artigo acadêmico que estabeleça este tipo de ligação, ou realize uma imersão neste assunto?
    Além do mais, a Sra. saberia informar se o fenômeno “hikikomori” se estende até os dias atuais? Independente da resposta, devido ao período em que ele surgiu, não acha que seria interessante enxerga-lo por meio das lentes de Bauman, devido seus escritos versarem sobre o contemporâneo e a pós-modernidade?
    Por fim, não seria interessante elencar a possibilidade de "bullying" e de problemas familiares, além do estouro da Bolha Econômica e o aumento da taxa de desemprego, como outras possíveis causas para o fenômeno?

    João Antonio Machado

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    4. Prezado João Antônio Machado,
      Muita obrigada pelas perguntas!
      O fenômeno Hikikomori tem sido visto como um fenômeno socialmente e culturamente situado. Neste caso, alguns autores como Sakamoto et al (2005) acreditam que alguns valores e costumes culturais fortemente valorizados no Japão, e também em outros países como em Oman, propiciam este fenômeno, como a timidez. Neste caso, o estudo de Sakamoto et al(2005) sustenta que o fenômeno hikikomori não ocorre somente no Japão, pois identifica este fenômeno num jovem que vive em Oman, um país da península Arábica. Este jovem começou a evitar as interações sociais após ter sofrido com as atitudes de bullying dos colegas de sua escola que o pressionavam a responder uma pergunta do professor, sobre a matéria de uma disciplina. Sakamoto et al revela que a timidez valorizada nesta sociedade corrobora para este jovem evitar interações sociais e não cumprir as expectativas sociais que o exigem, enquanto homem, que trabalhe fora de casa para ajudar no sustento de sua família. Quanto aos jovens hikikomoris no Japão, um documentário chamado “Hikikomori: A Deafening Silence” (LORANG e BEATRU, 2013) revela um relato de um jovem que fala sobre sua “timidez” como justificativa para o seu isolamento social. Ele disse não ter conseguido pedir ajuda aos professores e amigos para lidar com as exigências acadêmicas de seu curso universitário e, devido ao seu baixo desempenho, abandonou o curso e se isolou em casa.
      Desta forma, o fenômeno hikikomori no geral tem sido reconhecido como um fenômeno socialmente e culturalmente construído. Contudo, existem estudos como o de Tateno et al (2012) na área da Psiquiatria o qual sustenta que alguns comportamentos apresentados por jovens hikikomoris se enquadram nas definições de desordens psiquiátricas como transtornos de ansiedade e psicose. No entanto, também enfatizam que estes diagnósticos não definem o fenômeno como um todo, pois é preciso considerar o histórico de cada paciente. Também defendem que este fenômeno deve ser prevenido com uma intervenção que evite estes jovens de evadirem das escolas, pois a evasão escolar também é considerada como um dos fatores que corroboram para este isolamento social.
      Para saber mais sobre o fenômeno Hikikomori, indico os seguintes artigos e documentário:
      DZIESINSKI, Michael. From Failed Sons to Working Men: Rehabilitating Hikikomori. In: American Sociological Association Annual Meeting. Sheraton Boston and the Boston Marriott Copley Place, Boston, MA. 2008.
      Hikikomori: A deafening Silence. Direção e produção de David Beatru e Dorotheé Lorang. França, 2013. (50 min). Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=ffvQZ2bGrRw. Acesso em: 08 ago. 2019.
      SAKAMOTO, Noriyuki et al. Hikikomori, is it a culture-reactive or culture-bound syndrome? Nidotherapy and a clinical vignette from Oman. The International Journal of Psychiatry in Medicine, v. 35, n. 2, p. 191-198, 2005.
      TATENO, Masaru et al. Hikikomori as a possible clinical term in psychiatry: a questionnaire survey. BMC psychiatry, v. 12, n. 1, p. 169-175, 2012.
      Att., Bruna Navarone Santos

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    5. Prezado João Antônio Machado,
      O fenômeno Hikikomori” não tem sido associado aos indíces de depressão e suicídio no Japão. Até o momento, oficialmente, tem sido considerado pelo governo japonês como um fenômeno social sem relação com transtornos mentais.
      Att., Bruna Navarone Santos

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    6. Prezado João Antônio Machado,
      No que diz respeito a obra de Bauman para compreender o fenômeno Hikikomori, é uma ótima ideia! Você teria alguma obra para me indicar e que contribui para analisar esse fenômeno?
      Att., Bruna Navarone Santos

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    7. Cara Sra. Santos.
      Muito obrigado pelas respostas e pelas referências compartilhadas. Igualmente parabenizo-a pelo texto e pela escolha de temática tão inusitada e desconhecida no Brasil.
      Quanto a Bauman, pode ser que sua "magnum opus" "Modernidade Líquida" dê alguma ideia. Além de tudo, ele era da área da Sociologia. Talvez, haja alguma proximidade de pensamento e suas concepções venham a ser úteis à sua pesquisa.
      Recentemente, li "Nascidos em Tempos Líquidos". Neste livro, é comentado a respeito de "bullying", bem como de outras questões inerentes à contemporaneidade.
      De qualquer modo, espero ter-lhe ajudado. Te desejo muito sucesso em sua pesquisa.

      João Antonio Machado

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  2. Camila da Silva Santos6 de agosto de 2019 às 20:32

    Boa noite,
    O Ministério da Saúde, Trabalho e Bem-estar Social considera os "hikikomori" apenas como um fenômeno social devido ao desemprego? Outros problemas que podem estar relacionados a esse fenômeno não são mencionados por eles? Eles tem algum projeto para ressocialização desses jovens? E se sim, esse projeto tem algum profissional ligado a área da saúde mental? Porque os sintomas mencionados que os "hikikomoris" apresentam me lembram muitos os da depressão. E atualmente vemos estudos que relacionam crises econômica com aumento do mal-estar mental em jovens.

    Camila da Silva Santos

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    2. Prezada Camila da Silva Santos,
      Muito obrigada pelas perguntas!

      O fenômeno Hikikomori não é considerado como um fenômeno social apenas pelo desemprego, mas também por questões da própria cultura japonesa que também existem em outros países, como a forte valorização da timidez e da realização das expectativas sociais. Neste caso, quando estes jovens se encontram em situações que apresentam dificuldades para realizarem estas expectativas, não conseguem pedir ajuda devido a timidez e se autorresponsabilizam por não conseguirem cumprir as expectativas sociais que exigem que tenham sucesso num mundo competitivo acadêmico e profissional individualmente.

      Quanto aos projetos que buscam ressocializar estes jovens, existem alguns espaços no Japão. Este projeto apresenta voluntários com quem os pais recorrem para ajudar seus filhos. Neste lugar, os jovens hikikomoris passam a viver durante vários meses. Os voluntários integram estes jovens em atividades que os façam interagir com os outros, como fazerem as refeições num mesmo espaço, participarem de atividades voluntárias que ajudem o próximo, retomarem os estudos escolares e conseguirem um diploma... também tendo como objetivo que estes jovens sejam capazes de ingressarem no mercado de trabalho. Com base nos artigos que li sobre este fenômeno e os projetos para ressocializá-los, não mencionam nenhum projeto que envolva profissionais da área de saúde mental, por não ser considerado oficialmente como um fenômeno que precise deste tratamento.
      Att., Bruna Navarone Santos

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  3. Olá Camila, gostaria de saber se é possível fazer uma comparação entre o Hikikomori no Japão e o isolamento social dos japoneses no Brasil?
    Rafael Ramos Teixeira

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    2. Prezado Rafael Ramos Teixeira,
      muito obrigada pela pergunta!
      Gostaria de saber o que você considera como isolament social dos japoneses no Brasil. Em qual momento histórico? Para poder responder melhor a sua pergunta

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    3. Rafael Ramos teixeira9 de agosto de 2019 às 18:05

      Minha pergunta se refere especificamente ao comportamento nipônico, ou melhor, o Hikikomori não é uma manifestação de certa forma antiga na sociedade nipônica, introspectiva e fechada ao externo?
      Rafael Ramos Teixeira

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    5. Prezado Rafael Ramos Teixeira,

      Obrigada por explicar!

      No que diz respeito aos valores e costumes japoneses relacionados a uma forte valorização da timidez nas interações sociais, realmente são aspectos históricos da sociedade japonesa que corroboram para serem mais resistentes e criteriosos ao se relacionarem com o outro e, por isso, geralmente são vistos como mais fechados ao que é considerado estrangeiro.
      Att., Bruna Navarone Santos

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  4. oi, parabéns pelo trabalho. Nas últimas décadas, diversos países asiáticos do extremo oriente apresentaram problemas de desemprego por causa dos avanços tecnológicos, recessões e mudanças bruscas no estilo de vida da sua população. Existe outro país asiático que possui ou possuiu um fenômeno semelhante ao Hikikomori?

    Raul Fagundes Cocentino.

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    3. Prezado Raul Fagundes Cocentino,
      Muito obrigada pelos parabéns e pela pergunta!
      O estudo de Sakamoto et al(2005) sustenta que o fenômeno Hikikomori não ocorre somente no Japão. Existe um jovem que vive em Oman, um país da península Arábica, que também apresenta esta condição Hikikomori. Ele começou a evitar as interações sociais após ter sofrido com as atitudes de bullying dos colegas de sua escola que o pressionavam a responder uma pergunta do professor, sobre a matéria de uma disciplina. Este autor revela que a timidez valorizada nesta sociedade corrobora para este jovem evitar interações sociais e não cumprir as expectativas sociais que o exigem, enquanto homem, que trabalhe fora de casa para ajudar no sustento de sua família.
      Att., Bruna Navarone Santos

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