Ronaldo Sobreira


A CULTURA DE SUPERAÇÃO E RESILIÊNCIA JAPONESA PERANTE AS ADVERSIDADES ATRAVÉS DO FILME “VIVENDO COM A MINHA MÃE” (2015)
Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito da história recente que mexeu com as bases da política, economia, ideologias e, principalmente, das pessoas. Famílias inteiras foram despedaçadas neste conflito sem precedentes. E é justamente sobre estes horrores familiares da guerra que trata o filme “Vivendo com a minha mãe” (“Haha to Kuraseba”), do diretor japonês Yoji Yamada, lançado no ano de 2015. Este trabalho se propõe a analisar a cultura de superação japonesa perante as adversidades impostas pela vida, assim como a sua resiliência às situações que fogem do seu controle, partindo das discussões lançadas na película mencionada anteriormente.
O contexto da Segunda Guerra Mundial para o Japão
O Império Japonês vivia uma fase expansionista no início do século XX, devido ao avanço da filosofia militarista que permeava os debates da época e, principalmente, as políticas de Estado. Seus soldados avançavam a cada dia na China, ocupavam a Coreia e Taiwan e impunham a essas populações o seu estilo de vida, o “espírito japonês”. (SAKURAI, 2008, p. 185).

O projeto imperialista japonês exitava a cada dia, preocupando potências ocidentais em um momento pós-Crise de 1929. Enquanto o mundo passava por dificuldades provenientes de mais uma crise cíclica do sistema econômico capitalista, o Japão impunha um ritmo de crescimento do PIB que impressionava. Como disse Henshall:
“Em 1936, o Japão tinha se transformado no maior exportador de produtos de algodão. Era uma das primeiras nações importantes a emergir da depressão mundial. De fato, até o fim da década de 30, o crescimento econômico anual médio do Japão foi de 5% e entre 1929 e 1937 o PIB cresceu mais de 50%.” (HENSHALL, 2016, p. 165).
Os Estados Unidos não viam com bons olhos o empreendimento imperialista japonês, o que levou-o a impor sanções econômicas ao país asiático. Dessa forma, os EUA esperavam atrapalhar os esforços de guerra japoneses. O presidente norte-americano Franklin Roosevelt determinou, a partir de outubro de 1937, restrições nas negociações de alumínio, molibdênio, níquel, tungstênio, combustível de aviação, óleo lubrificante e demais produtos necessários ao maquinário bélico japonês. (WALKER, 2017, p. 277).
Isto levou o Japão a tomar uma decisão: aceitar o recado dado com as sanções ou buscar outras alternativas. Ele poderia ter investido em políticas de fortalecimento e expansão do seu projeto industrial, e mostrou que tinha condições para isso com o crescimento considerável de sua economia há quase uma década, mas optou por continuar a sua empreitada imperialista no extremo asiático.
A União Soviética virou um alvo cogitado pelos japoneses, muito pela questão geopolítica na região, mas principalmente pelos abundantes recursos naturais (com destaque para o cobiçado petróleo), mas desistiram deste plano. (SAKURAI, 2008, p. 185-186). Ao invés disto, em julho de 1941, atacaram o sul da Indochina e avançaram em direção ao sudeste da Ásia. Isto trouxe mais descontentamento por parte do Ocidente, com a Grã-Bretanha e a Holanda deixando de vender combustível ao Japão. Estas sanções foram capitalizadas pelos japoneses como sendo uma ofensa pessoal, causando debates entre os grupos próximos ao imperador Hirohito.
Não havia consenso, mas o primeiro-ministro Konoe e o general Hideki Tojo optaram por uma via diplomática a princípio. Como os resultados não foram os esperados, solicitaram a autorização do imperador Hirohito para executar um ataque à base naval americana de Pearl Harbor, no Havaí, com a intenção de surpreender os norte-americanos, causar um “empate honroso” (como foi com a Rússia anteriormente) e melhorar a posição do Japão para futuras negociações estratégicas. Este era o pensamento do imperador (assim como a maior parte da opinião pública), que não tinha intenção de ir à guerra, mas como achava que o resultado seria positivo para os japoneses, então que o ataque fosse feito. (HENSHALL, 2016, p. 171).
O primeiro-ministro Konoe renunciou de seu cargo em favor do general Tojo em 1941, o que fez este virar a figura mais poderosa no Japão, abaixo do simbolismo do imperador Hirohito. Ele deu ordens para que o ataque a Pearl Harbor, já autorizado pelo imperador, fosse executado (acontecendo em 7 de dezembro de 1941). Com isto, Tojo pretendia criar a “Grande Esfera da Co-Prosperidade da Ásia Oriental”, uma espécie de projeto de criação de um bloco asiático, com liderança japonesa, para rebater qualquer tipo de influência ocidental. (SAKURAI, 2008, p. 188). Mas tudo isto era só um pretexto para camuflar as pretensões imperialistas japonesas.
Depois do ataque a Pearl Harbor, o Japão ataca Hong Kong (Natal de 1941); Luzon e Manila (2 de janeiro de 1942) e as Filipinas (no mesmo mês); a Malásia, conquistando Kuala Lumpur (11 de janeiro de 1942); Singapura (fevereiro de 1942); Birmânia e Indonésia (entre março e abril de 1942). (SAKURAI, 2008, p. 190). É neste momento que os Estados Unidos entram em contraofensiva ao Japão.
Os norte-americanos deixaram os seus interesses que os mantinham fora da guerra de lado e entraram na disputa. De acordo com estrategistas militares japoneses, como o almirante Yamamoto, o Japão poderia:
“crescer sem freios por seis meses a um ano, mas, depois disso, os poços de petróleo do Texas e as fábricas de Detroit darão os meios para uma ofensiva irresistível dos americanos no Pacífico”. (SAKURAI, 2008, p. 191).
Isto mostrava que a decisão de entrar em conflito com um adversário que tinha a sua disposição muito mais recursos naturais era um erro ao longo prazo, mas o Japão pagou o seu preço. Após significativas derrotas contra os Aliados (grupo inimigo do Japão na Segunda Guerra, o qual os EUA faziam parte), o Japão investiu no conflito nesta região muito mais como uma estratégia de defesa, mudando os planos de uma guerra rápida e intensa para surpreender um adversário com o poderio dos Estados Unidos. As batalhas entre 1942 e 1945 mostraram que o Japão se via obrigado a recuar cada vez mais em direção ao seu território, inclusive resultando na perda de suas posses no sudeste asiático para os Aliados.
Isto se agravou com a fatídica Batalha de Iwo Jima (janeiro de 1944), quando os japoneses foram derrotados em seu próprio território e perderam uma posição importante na ilha homônima, que ficava a 1000 km de Tóquio. Ela dava condições para os bombardeiros norte-americanos B-29 lançarem prováveis ataques às principais ilhas japonesas, a fim de minar ainda mais o esforço de guerra nipônico. (SAKURAI, 2008, p. 192).
Com o Japão cada vez mais combalido de recursos naturais, equipamento bélico e material humano (soldados, médicos e pessoas mobilizadas na indústria de guerra), ataques aéreos como os que vinham se desenhando seriam fatais. Em março de 1944, os B-29 lançaram ataques sobre Tóquio (120 mil mortos e feridos), Yokohama, Nagoya, Osaka e Kobe. (SAKURAI, 2008, p. 192).
A detonação das bombas atômicas e as suas consequências
O Japão já entrava em na fase derradeira da guerra, onde a participação decisiva dos EUA fazia muita diferença, assim como a escassez de recursos, causada pela manutenção dos embargos comerciais.
Os bombardeios aéreos por parte dos Estados Unidos se intensificavam. 80 mil pessoas morreram e 100 mil ficaram feridas em um ataque a Tóquio em 9 de março de 1945. (SAKURAI, 2008, p. 193). Devido ao fato de os japoneses resistirem bravamente às investidas norte-americanas e pelo potencial arrasador que os ataques aéreos estavam demonstrando, os EUA começaram a considerar a possibilidade de utilizar um trunfo recém-testado: a bomba atômica.
Em julho de 1945, somente após receberem a confirmação do êxito nos testes de detonação de artefatos atômicos, os EUA decidiram emitir uma declaração ao Japão, dando-o um ultimato: era a Declaração de Potsdam, de 26 deste mesmo mês.
O Japão não aceitou a Declaração, o que, somado ao fato de os Estados Unidos quererem demonstrar poderio bélico à União Soviética (já se configurando como o adversário político-militar consolidado na Guerra Fria, que se iniciaria em breve) e de testar seu novo armamento em um alvo real, fez os norte-americanos decidirem usar a nova bomba atômica sobre o Japão.
Em 6 de agosto, o avião B-29 chamado “Enola Gay”, em homenagem à mae do piloto, lançou uma bomba atômica apelidada de “Little Boy” (“menininho”, em inglês), que detonou a apenas 610 m sobre Hiroshima (WALKER, 2017, p. 286), sendo a primeira vez na história que esta arma era usada. 90 mil pessoas morreram instantaneamente, e mais 90 mil nos dias seguintes devido aos efeitos da bomba. 80% dos edifícios da cidade foram destruídos. (HENSHALL, 2016, p. 183).
Como o Japão não respondeu a altura o ataque, os EUA decidiram lançar três dias depois uma segunda bomba, desta vez na cidade de Nagasaki. Esta detonação resultou em 50 mil mortos de forma imediata e 30 mil mortos nos anos seguintes. (HENSHALL, 2016, p. 183). No dia anterior a este ataque, a União Soviética declarou guerra ao Japão e atacou a Manchúria.
É neste ponto que se inicia o filme “Vivendo com a minha mãe”. Em cenas exibidas em seu início, a obra contextualiza os momentos antes do lançamento da bomba atômica sobre a cidade de Nagasaki, que é o cenário do filme e onde as personagens vivem. Como diz o seu texto inicial, com sequências que mostram toda a problemática da equipe encarregada em despejar a bomba sobre Nagasaki:
“9 de agosto de 1945, 9h50. Um avião B-29 carregava uma bomba de Plutônio. O primeiro alvo, Kokura, foi alcançado, mas os pilotos não tinham uma visão clara. Por isso se dirigiram a Nagasaki, segundo alvo. O comandante ordenou o uso da visão, e não de radar, para não abortar a missão. O céu de Nagasaki estava 70% coberto por nuvens. Quando o comandante autorizou o radar, o céu clareou e as ruas da cidade ficaram visíveis.”
O protagonista, Koji Fukuhara, era estudante de medicina e morreu às 11h02 do dia 9 de agosto de 1945, com a detonação da bomba atômica. A faculdade de medicina, onde Koji estava assistindo a uma aula no momento da detonação, ficava perto do núcleo da explosão.
Para evitar a sua total destruição como nação, o Japão decidiu capitular. A decisão foi tomada pelo imperador Hirohito na reunião feita no dia 14 de agosto de 1945. Ele afirmou que o Japão tinha de “suportar o insuportável”, e não continuar lutando sem perspectivas. (HENSHALL, 2016, p. 184). Em 15 de agosto do mesmo ano, o imperador discursou pela rádio para todo o país com o objetivo de informar a atual situação e a rendição, mesmo que tenha optado em não demonstrar muita clareza nas palavras para não demonstrar inferioridade nem humilhação na derrota. A rendição foi assinada em 2 de setembro a bordo do navio “Missouri”, dos EUA, na baía de Tóquio. (HENSHALL, 2016, p. 185).
O pós-Segunda Guerra, as atribulações e a almejada recuperação japonesa
O Japão saiu da Segunda Guerra e mergulhou diretamente no período pré-Guerra Fria, pois os Estados Unidos pretendiam, dentre outros objetivos, controlar a influência da União Soviética no extremo Oriente ao executar a ocupação imposta aos japoneses nos termos de rendição.
Mas antes da intensa recuperação do Japão na segunda metade do século XX e de sua volta ao posto de uma das potências proeminentes na economia global, este país passou por momentos difíceis após o desfecho da guerra e o início da famigerada ocupação norte-americana.
O país estava arrasado física e mentalmente, com enormes baixas humanas e estruturais. A derrota, algo inédito no vocabulário do Estado de Yamato, agora era uma palavra que ecoava amargamente nos ouvidos e corações japoneses. Isto desencadeou incidentes, como o que ocorreu no Brasil entre imigrantes japoneses residentes no interior do estado de São Paulo. Os que aceitavam com resignação a capitulação do imperador Hirohito foram perseguidos e mortos pelos que achavam que tudo não passava de estratégia dos Estados Unidos, que possuía o interesse de humilhar e demonstrar superioridade em relação ao Japão. Este acontecimento foi ricamente relatado pelo livro “Corações Sujos”, de Fernando Morais.
As tropas dos países aliados, os vencedores da guerra, chegaram ao Japão no final de agosto de 1945, mas a ocupação teve início oficialmente após a rendição de 2 de setembro. Os japoneses ficaram temerosos com o futuro no qual seriam comandados por aqueles que, há pouco tempo, eram inimigos de guerra. Mas o líder da ocupação, o general Douglas MacArthur (que recebeu o título de Comandante Supremo das Potências Aliadas - CSFA), explicitou o seu plano de um período pacífico de reconstrução, algo que prontamente tranquilizou os japoneses. (HENSHALL, 2016, p. 197-198).
Como pilares a serem buscados neste novo momento, a ocupação Aliada erigiu a liberdade de expressão e de religião, a implementação da democracia e extinção do militarismo. (SAKURAI, 2008, p. 197). Desta forma, pretendiam recolocar o Japão como uma das países de destaque no cenário internacional nos próximos anos, mas agora com um projeto feito à semelhança do modelo norte-americano de nação. (HENSHALL, 2016, p. 199).
É neste momento de reconstrução que o filme continua. Três anos após a explosão da bomba, em 1948, a namorada de Koji, a personagem Machiko Sata, ajuda a mãe do protagonista (Nobuko Fukuhara) a sobreviver no pós-guerra, por se sentir responsável por esta e motivada a viver enquanto a ajuda. Esta interação das personagens nos mostra o senso de coletividade japonês, que mesmo em situações difíceis é posto em prática para ajudar aqueles que se encontram nas mesmas condições.
Neste contexto de reestruturação, os recursos são escassos e difíceis de se conseguir. É aí que aparece a personagem “tio de Xangai”, um senhor de meia-idade que se aproveita desta falta de bens de consumo para vendê-los aos sobreviventes. Ele é um símbolo deste momento atribulado. Seus produtos são vendidos no mercado negro, pois muitos foram adquiridos de forma ilegal com integrantes das forças de ocupação Aliada. O tio de Xangai acreditava que esta era a única forma de fornecer recursos para a população, pois os preços destes aumentavam a toda hora, devido a frágil economia no pós-guerra. Ele cobrava preços justos por seus produtos e muitas vezes os dava como presentes.
Ao refletir sobre o passado recente e da participação japonesa na Segunda Guerra, ele acreditava ser uma estupidez lutar contra “um país que faz bons produtos” (EUA). Sua visão a respeito dos Estados Unidos fica ainda mais clara quando, em um diálogo com uma vizinha de Nobuko, diz que foi dedurado por um conhecido e preso pela polícia por vender mercadoria ilegal. Quando preso, recebeu um casaco com as inscrições “P.W.” nas costas (iniciais de “Prisioner of War”, “Prisioneiro de Guerra” em inglês) e concluiu que “os americanos, mesmo sendo cruéis, tratavam bem seus prisioneiros”, e a vizinha prontamente diz que isso explicava a derrota japonesa na guerra.
Além de ajudar com os seus produtos, o tio de Xangai tenta colaborar com o bem-estar das personagens ao querer arrumar um casamento para Machiko e para a própria Nobuko (com ele próprio), mas esta nega prontamente. Pela primeira, com a justificativa de que aquele momento seria a “era da democracia” (em alusão ao novo projeto civilizatório norte-americano) e que a moça decidiria por si só; e por ela mesma devido a falta de interesse. Mesmo assim, Nobuko valorizava muito o tio de Xangai, e o achava necessário nesta época difícil.
Nobuko vivia o mesmo drama que muitas famílias: o de não ter o corpo de seu parente para enterrar, devido a desintegração causada pela bomba atômica. Ao perder completamente as esperanças de que seu filho Koji estivesse vivo, o espírito dele aparece para ela. A partir daí, ele retorna várias vezes ao longo do filme para a Nobuko e revive experiências positivas e negativas sobre o seu passado, muitas delas relacionadas com o período de guerra. Desta forma, Koji percebe o quanto os sobreviventes da bomba atômica estão sofrendo e, ao mesmo tempo, se ajudando, em uma atitude tipicamente característica do pensamento coletivo japonês.
A mãe de Koji era uma pessoa muito solitária, pois o seu marido morreu de tuberculose (em época não mencionada); o seu filho mais velho, na Guerra da Birmânia (uma das empreitadas imperialistas japonesas citadas anteriormente) e Koji, vítima da bomba atômica de Nagasaki. Ou seja, ela era uma representação das famílias japonesas desmontadas pelos acontecimentos impostos pela guerra, e que, mesmo assim, tentava seguir adiante.
Em uma representativa passagem do filme, a ex-noiva de Koji, Machiko, leva uma aluna sua, a jovem Kumiko, à 64ª Companhia da Birmânia Matsumoto Shoichi (um escritório de veteranos de guerra da já citada Guerra da Birmânia, que vitimou o irmão de Koji) com o objetivo de descobrir o paradeiro da criança. O avô de Kumiko pediu que a neta fosse em seu lugar, por estar doente. Neste escritório, podemos ver pessoas vivenciando diversos tipos de sofrimento causados pelas baixas da guerra, que desconfigurou várias famílias, mas todas em completo silêncio, como forma de não demonstrar fraqueza ao não saber lidar com a sua tragédia. Isto é reflexo do costume japonês que prega que todos possuem as suas próprias dificuldades, portanto todos devem se controlar e seguir adiante.
Este costume fica ainda mais explícito quando a criança descobre que o seu pai faleceu em combate na região de Baguio, nas Filipinas e, ao invés de se desesperar, pede que o funcionário do escritório ceda por escrito os detalhes do óbito, por ordem de seu avô. A atitude de Kumiko e de todos no escritório mostram que os japoneses estavam muito compenetrados em superar as atribulações causadas pela guerra, mas nunca se esquecendo que a pessoa ao seu lado poderia ter um problema igual ou maior que o seu.
Nas suas idas e vindas para a sua antiga casa, Koji discute com a sua mãe e concorda com ela que não deve mais se apegar a Machiko, pois o casamento entre eles é agora fisicamente impossível. Desta forma, ele pede a sua mãe que a aconselhe a arrumar outro companheiro. Neste momento, Koji fala mais um pensamento que corrobora com o comportamento resiliente e compreensivo japonês em momentos difíceis: ele conclui que todos que morreram com a bomba devem contribuir para a felicidade de quem ficou. Sendo assim, não poderia impedir que a vida de Machiko seguisse adiante, em um exercício de desapego e abnegação.
Quando Nobuko morre no final do filme, provavelmente por complicações causadas pela radiação da bomba, e encontra Koji no Paraíso (pois eram cristãos), a sensação que toma conta deles é o de total alívio e de dever cumprido, pois deram o melhor de si durante a vida na construção e manutenção da coletividade japonesa e provavelmente serão reconhecidos por isso. Este sentimento de ambos ilustra, de forma sintética, tudo aquilo retratado ao longo do filme e deste trabalho e nos faz pensar nestas características tão incomuns a realidades de vários países.
Referências
Ronaldo Sobreira de Lima Júnior é professor efetivo de História e História da Cultura na Prefeitura da Vitória de Santo Antão-PE, graduado em Licenciatura e em Bacharelado em História-UFPE e especialista em História do Nordeste do Brasil-UNICAP.
E-mail: ronijr07@hotmail.com
HENSHALL, K. G. História do Japão. 2ª ed. Lisboa: Edições 70, 2016.
MORAIS, F. Corações Sujos: A história da Shindo Renmei . 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2011.
SAKURAI, C. Os japoneses. 1. ed., 1ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008.
VIVENDO COM A MINHA MÃE. Direção: Yoji Yamada. 2015. 130 min, son., color., leg.
WALKER, B. L. História Concisa do Japão. São Paulo: EDIPRO, 2017.

2 comentários:

  1. Gostei muito de sua análise, e do conteúdo do filme. Porém, fiz uma pesquisa na internet e não encontrei nem para baixar e nem para comprar. Nesse sentido, você sabe como faço para adquirir uma cópia? Obrigado.

    Atenciosamente, Edivaldo Rafael de Souza

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    1. Obrigado pelo seu interesse e participação, Edivaldo. Você pode baixar no site “Cultura com Legenda”. É uma iniciativa fantástica onde você encontra uma grande variedade de filmes e séries já com o arquivo de legenda, como o nome dele sugere. E, na maioria das vezes, com uma ótima qualidade de áudio e imagem. Para aqueles que têm interesse em pesquisar Cinema e História, é uma ótima dica para se encontrar material para servir como fonte. Como forma de facilitar a sua busca, segue o link da postagem do site contendo o filme para download:

      https://culturacomlegenda.org/fcl/vivendo-com-a-minha-mae-living-with-my-mother-haha-to-kuraseba-2015/

      Ronaldo Sobreira de Lima Júnior

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